Continua após publicidade

Ibovespa não acompanha ânimo de Wall Street e joga a toalha

Depois da sequência de altas na semana, índice fecha em queda. Nos EUA, preços ao produtor em baixa e desemprego em alta aliviam pressão para mais altas nos juros, e o S&P 500 comemora.   

Por Bruno Vaiano
13 abr 2023, 17h39

Um é pouco, dois é bom, três é melhor ainda. Mas quatro pregões realmente foram demais para o coraçãozinho do Ibovespa: após uma alta combinada de 6,02% entre segunda e quarta, o índice-mor da B3 pôs de lado a alegria com o IPCA de março e tirou a quinta para fechar em queda de 0,40%. 

Em um dia de agenda deserta em Pindorama – não rolou a divulgação de nenhum dado doméstico importante –, os faria limers passaram o dia de olho nas agendas de Campos Neto em Washington e de Lula em Xangai, que não tiveram percalços. Nesse meio tempo, aproveitaram para realizar alguns dos lucros da semana. 

Nos EUA, o dia foi só alegria. Os três índices de Nova York fecharam em alta, e o Nasdaq foi o destaque com +1,99%. O primeiro motivo é que os pedidos de auxílio-desemprego – um dado divulgado semanalmente – subiram pela primeira vez entre 2 e 8 de abril, após quase um mês de estabilidade: de 228 mil para 239 mil, bem acima da previsão de 232 mil. 

Sempre vale lembrar por que Wall Street comemora demissões: elas são sinal de que as altas na taxa básica de juros promovidas pelo Fed estão surtindo o efeito amargo de esfriar a economia para conter a inflação. O raciocínio é: uma vez que a alta nos preços esteja sob controle, as taxas poderão voltar a cair, o que será bom tanto para a renda variável quanto para os demitidos. 

Continua após a publicidade

No momento, a bola de cristal do mercado fala em mais uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do comitê de política monetária americano, o Fomc – e só. Tanto otimismo não é só crédito dos dados de emprego. Também há evidências diretas.

Hoje de manhã saiu o índice de preços ao produtor (PPI), que indica o quanto a indústria está pagando por insumos ao longo da cadeia de suprimentos – e quanto os lojistas pagam pelo produto que vão oferecer aos clientes. Ele serve de prévia para o CPI, que é o índice de preços ao consumidor, já que a alta nos bastidores hoje é a subida nas gôndolas amanhã.

O PPI de março mostrou deflação: em queda de 0,5% em relação a fevereiro, e a expectativa do mercado era de estabilidade, ou seja, 0,0%. De janeiro para fevereiro, já havia ocorrido uma queda de 0,1%. Dois meses seguidos de marcha ré na inflação ao produtor, diante do surto nos preços americanos em 2022, já é suficiente para pedir música no Fantástico. Considerando os últimos doze meses, houve uma alta de 2,7%, contra 4,6% em fevereiro. 

O núcleo do PPI (core), que desconsidera os preços mais voláteis dos setores de alimentação e energia, caiu 0,1%, contra a previsão de alta de 0,3%. 

Continua após a publicidade

Vale explicar qual é a do núcleo. A ideia desse dado é que tanto comida como combustíveis sofrem com flutuações sazonais que nada tem a ver com a taxa de juros, a quantidade de moeda em circulação ou outras variáveis macroeconômicas. As plataformas de petróleo, por exemplo, podem fechar durante a temporada de furacões no Golfo do México, e frutas fora de época costumam ficar automaticamente mais caras. Por isso, faz sentido gerar uma versão do dado que não inclua esses fatores de confusão. 

E para não dizer que só demos notícias boas, uma reportagem da Bloomberg repercutiu com melancolia: calcula-se que a grana total depositada por clientes nos bancões JP Morgan, Wells Fargo e Bank of America caiu US$ 521 bilhões no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado – uma consequência, claro do Deus-nos-acuda no setor bancário. Se isso realmente acontecer, será a maior contração em mais de dez anos, o que mostra a dimensão do baque. Agora, é aguardar os balanços (e roer as unhas). 

Compartilhe essa matéria via:

Maiores altas

Continua após a publicidade

MRV (MRVE3): 6,14%
Copel (CPLE6): 2,88%
Eztec (EZTC3): 2,45%
Qualicorp (QUAL3): 2,28%
Eneva (ENEV3): 2,19%

Maiores baixas

BRF (BRFS3): -8,22%
Marfrig (MRFG3): -7,20%
Minerva (BEEF3): -6,27%
Totvs (TOTS3): -6,23%
Assaí (ASAI3): -4,22%

Continua após a publicidade

Ibovespa: -0,40%, aos 106.457 pontos


Em NY:

S&P 500: 1,33%, aos 4.146 pontos
Nasdaq:  1,99%, aos 12.166 pontos
Dow Jones: 1,14%, aos 34.030 pontos

Dólar: -0,31%, a R$ 4,92 

Continua após a publicidade


Petróleo

Brent: -1,42%, a US$ 86,09
WTI: -1,32%, a US$ 82,16

Minério de ferro: -1,27%, a US$ 116,40 a tonelada na bolsa de Cingapura

Publicidade