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Ibovespa ignora NY e cai 0,73% com Orçamento de 2024 no radar

Mas surpresa mesmo foi a alta da CVC: 24% com a iminente saída de cena da concorrente 123 Milhas.

Por Jasmine Olga
Atualizado em 30 ago 2023, 18h05 - Publicado em 30 ago 2023, 17h56

Depois de acumular alta de mais de 2% em dois pregões, o Ibovespa enfiou o pé no freio nesta quarta-feira: queda de 0,73%, descolando do exterior – o S&P 500 fechou no azul, 0,39%.

O dia começou ameno, mas foi na parte da tarde que a B3 selou o seu destino. Isso porque as falas da ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre o Orçamento de 2024 trouxeram preocupação. 

Ao contrário do que chegou a ser noticiado ontem, Tebet diz que segue de mãos dadas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa da perseguição da meta de déficit público zero em 2024. Segundo ela, o projeto prevê um aumento de 2,43% nas receitas. Com isso, as despesas da União devem crescer 1,70% — o que levaria o limite de gastos para R$ 129 bilhões. 

A incerteza com as contas públicas têm tido idas e vindas nos últimos dias. Se por um lado o projeto de taxação de fundos exclusivos e offshores trouxe alívio pelo seu potencial impacto positivo nos cofres da União, a necessidade de R$ 168 milhões em receitas extras para chegar ao déficit zero preocupa. 

A pulga atrás da orelha só cresce, principalmente após o governo ter alcançado um déficit de  R$ 35,9 bilhões — cifra bem mais salgada que os R$ 31,9 bilhões esperados para julho. 

Se no início do dia dados piores do que o esperado da economia dos Estados Unidos enfraqueceram a moeda americana frente ao real, a elevação do risco fiscal voltou a pressionar o câmbio na segunda metade do pregão. Com isso, o dólar à vista fechou o dia com ganhos de o,30%, a R$ 4,86. 

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No Ibovespa, a pressão negativa veio principalmente do setor bancário: ITUB4 (-1,91%), BBDC4 (-2,13), BBSA3 (-1,44%) e SANB11 (-1,36%) devolveram parte dos fortes ganhos vistos no início da semana. 

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Em Nova York

A agenda de indicadores nos EUA está cheia, e os dados que saíram até agora dão fôlego para Wall Street. 

Primeiro, o relatório Jolts (uma espécie de prévia do payroll) mostrou um recuo maior que o esperado na criação de novas vagas em julho. Hoje, o Departamento do Comércio informou que o Produto Interno Bruto do segundo trimestre subiu 2,1% e não 2,4% como tinha mostrado a primeira prévia. A inflação também foi corrigida para baixo: alta de 2,5% e não de 2,6% como anteriormente divulgado. 

Para o mercado, a leitura que fica é que a economia americana está desacelerando mais do que o Fed tem colocado na conta na hora de decidir os próximos passos da política monetária. Com isso, crescem as projeções para uma pausa na elevação de juros. 

Mas ainda não dá para colocar a champagne no gelo. Até sexta-feira os investidores ainda terão que repercutir os números da inflação dos gastos com consumo (o PCE,  termômetro favorito do Fed para as altas dos preços) e os dados mais importantes do mercado de trabalho, com o payroll. 

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CVCB3 decola: 23,98%

O pedido de recuperação judicial da problemática 123 Milhas jogou as ações da agência de turismo CVC nas alturas: alta de 23,98%, o maior ganho do dia no Ibovespa. 

Nesta terça-feira, a empresa — que ganhou terreno vendendo pacotes promocionais bem abaixo do preço de mercado — entrou com o pedido de proteção contra seus credores na Justiça e declarou dívidas de R$ 2,3 bilhões. Isso após uma crise que se estendeu por 10 dias, na qual a empresa não honrou com a sua promessa de emissão de passagens para as viagens adquiridas por seus clientes. 

Com a 123 Milhas fora de cena (dada a possibilidade de falência), a CVC deixa de ter uma concorrente de peso. Boa notícia para a empresa, mas ainda longe de ser a solução. Ela ainda luta para se recuperar do baque deixado pela pandemia no setor de turismo e passa por uma reestruturação operacional. Mesmo com a forte alta desta quarta-feira, os papéis CVCB3 ainda acumulam uma queda de 35% no ano. 

CMIN3: 2,84%

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Por hoje, a cautela com relação ao futuro da demanda chinesa por minério de ferro e aço ficou em segundo plano para a CSN Mineração, que terminar o dia em forte alta: 2,84%

As tentativas do governo da China de continuar estimulando a roda da economia parece estar surtindo efeito, levando o minério de ferro a registrar mais um dia de recuperação: alta de 1,97% na bolsa de Dalian.

As dúvidas sobre a efetividade das medidas adotadas nas últimas semanas ainda persiste, mas alguns rumores parecem apaziguar o coração dos investidores — como a de que a demanda chinesa por aço para ferrovias foi a maior em dez anos no primeiro semestre. 

Em relatório divulgado ontem, analistas do BTG Pactual apontaram que, apesar do pessimismo generalizado recente com relação à economia chinesa, existem sinais de que o mercado de matérias-primas opera de forma mais normalizada do que os cálculos do mercado e as mineradoras seguem com uma boa carteira de pedidos no país, além dos estoques de aço permanecerem em níveis inferiores aos vistos nos anos anteriores, indicando que o consumo de aço continua em patamares aceitáveis.

A Vale, porém, não respondeu nesta quarta: leve alta de 0,1% – aparentemente, cansou um pouco depois de ter subido 4,67% nos últimos dois pregões. 

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Até amanhã !

 

MAIORES ALTAS

CVC (CVCB3): 23,98%

Dexco (DXCO3): 4,04%

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CSN Mineração (CMIN3): 4,04%

Cemig (CMIG4): 2,02%

Embraer (EMBR3): 1,42%

MAIORES BAIXAS

Via (VIIA3): -7,64%

IRB (IRBR3): -5,20%

Alpargatas (ALPA4): -6,25%

Minerva (BEFF3): -6,11%

Rede D’Or (RDOR3): -3,11%

Ibovespa:0,73%, aos 117.535 pontos

Em Nova York:

S&P 500: 0,39%, aos 4.515 pontos

Nasdaq: 0,54%, aos 14.019 pontos

Dow Jones: 0,11%, aos 34.890 pontos

Dólar: 0,30%, a R$ 4,86

Petróleo

Brent: 0,38%, a US$ 85,24 por barril

WTI: 0,57%, a US$ 81,63 por barril 

Minério de ferro:  1,97%, a US$ 113,68 por tonelada em Dalian

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