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Ibovespa foge do mau humor de Wall Street e sobe 0,29%

Preocupação com juros nos EUA pesa lá fora, mas Ibovespa se desvencilha das bolsas americanas. Opep cogita "trair" a Rússia, e faz o petróleo fechar em baixa.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 31 Maio 2022, 17h59 - Publicado em 31 Maio 2022, 17h45

A União Europeia decidiu banir 90% das importações de petróleo vindas da Rússia até o final do ano – que, nada nada, está logo ali. Mesmo assim, o petróleo fechou em baixa nesta terça.

Motivo: a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) afirmou que pode excluir a produção russa de suas metas. 

O país de Putin tem relações estreitas com o cartel. Mas elas devem ficar abaladas. A decisão, afinal, significaria o seguinte: sinal verde para Arábia Saudita, Emirados Árabes e outros gigantes do óleo aumentarem sua produção, garantindo o abastecimento à Europa. 

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Com isso, o barril do tipo brent (referência no mercado internacional), caiu 1,70%; o WTI (referência nos EUA), 0,35%. As ações da Petrobras acompanharam a commodity, e caíram 0,40%. 

Ontem à noite, o Ministério de Minas e Energia (MME) formalizou um pedido para incluir a Petrobras no Programa de Parcerias de Investimentos (o PPI é responsável pelos projetos de privatização e concessão de estatais). Agora, o Ministério da Economia deve começar estudos para uma possível desestatização.

Mas o mercado não bota fé de que algo dessa dimensão possa acontecer faltando só quatro meses para as eleições. Nem Bolsonaro, pelo visto: “A privatização da Petrobras, se der tudo certo, vai levar uns quatro anos. Logicamente, vai ser um negócio complicado. O que não pode é a Petrobras ser uma semiestatal e com monopólio no Brasil”, disse Bolsonaro em uma entrevista para a Rede TV. 

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Vale lembrar: não existem mais leis que assegurem monopólio à Petrobras em quaisquer dos mercados nos quais ela atua. E se a empresa deixar de seguir a paridade internacional nos preços de combustíveis, aí sim, forçará a criação de um monopólio nesse setor, pois quebrará todos os importadores independentes. Ou seja: abunda falta de lógica no argumento. 

O corvo de Wall Street

Na última sexta, as bolsas americanas conseguiram interromper uma sequência de perdas semanais que se estendia desde o começo de abril. Mas o ânimo durou pouco. Wall Street voltou do feriado do Memorial Day com o mau humor habitual deste 2022, que beira o mau agouro. 

Depois de um pregão volátil, o S&P 500 encerrou o último dia do mês com queda de 0,62%, aos 4.132 pontos. Em maio, o índice ficou no zero a zero. Já a Nasdaq fechou em -0,41%, fechando o dia nos 12.081 pontos. No mês, a queda é de 2%.

O mercado segue aflito com os apertos monetários que o Federal Reserve planeja fazer para controlar a inflação – estão programados, pelo menos, mais dois reajustes de 0,5 ponto percentual.

Amanhã, o Fed publica o livro bege, um relatório detalhado sobre as condições econômicas em cada um dos 12 distritos que compõem o banco central americano. O ponto de vista do banco central americano pode dar alguma dica. Se considerarem que a economia e a geração de empregos está num caminho bom, mais espaço para juros altos (já que eventual bonança seguraria o tranco). Se a leitura for o inverso, voilá: cenário nebuloso para uma escalada maior nos juros.

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O Ibovespa conseguiu se descolar de Wall Street, graças à flexibilização dos lockdowns na China. Em Xangai, o governo já desmontou as cercas que estavam em torno de conjuntos habitacionais. 

O governo ainda anunciou um pacote de medidas para reaquecer a economia, como a redução de impostos para a compra de automóveis e apoio financeiro para empresas de tecnologia. Isso ajudou a movimentar o minério de ferro, que subiu 0,27% 

Por aqui, o mercado também se surpreendeu positivamente com os dados de desemprego. No trimestre entre fevereiro e abril, a taxa ficou em 10,5% – é um recuo de 0,7 ponto percentual ante o trimestre encerrado em janeiro de 2022 (11,2%). Também trata-se da menor taxa para um trimestre encerrado em abril desde 2015.

No final, a alta foi de 0,29% aos 111.350 pontos. No mês, a bolsa brasileira teve alta de 3,22%, recuperando em parte as perdas de abril (-9,7%). E vamos remando.

Até amanhã

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Maiores altas

Marfrig (MRFG3): 5,33%

IRB Brasil (IRBR3): 4,98%

Cemig (CMIG4): 3,39%

BRF (BRFS3): 2,99%

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Rumo (RAIL3): 2,74%

Maiores baixas

Inter (BIDI11): -4,50%

Hapvida (HAPV3): -4,02%

CPFL (CPFE3): -3,57%

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Magalu (MGLU3): -3,39%

Eztec (EZTC3): -2,98%

Ibovespa: 0,29%, a 111.350 pontos

Em NY:

S&P 500: -0,62%, a 4.132 pontos

Nasdaq: -0,41%, a 12.081 pontos

Dow Jones: -0,67%, a 32.991 pontos

Dólar: -0,02%, a R$ 4,7526

Petróleo

Brent: -1,70%, a US$ 115,60

WTI: -0,35%, a US$ 114,67 

Minério de ferro: 0,27%, US$ 136,15 no porto de Qingdao (China)

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