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Ibovespa cai 2,40% com petróleo em queda; bancos regionais voltam a assustar EUA

Pregão foi marcado pelo pessimismo tanto aqui como em Nova York, com investidores à espera da Super Quarta. Ações de bancos médios americanos derreteram com medo da persistente crise bancária.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 2 Maio 2023, 18h14 - Publicado em 2 Maio 2023, 18h08

O fantasma está de volta? 

A crise bancária dos EUA, que parecia ser página virada, retornou para causar pânico nos investidores e nos cidadãos americanos. Ontem, o First Republic Bank foi-se de vez: foi comprado pelo bancão JP Morgan numa operação medidada pelos agentes regulatórios do setor. Hoje, o medo de que outros bancos médios e regionais possam também falir derreteu ações na bolsa e amargou o clima em Wall Street.

Para refrescar a memória: tudo começou em março com a quebra do Silicon Valley Bank, o SVB, um banco médio de San Francisco com foco em atender startups. Desde então, os clientes de outros bancos correram tirar seu dinheiro deles, com medo de novas quebras. Acontece que é justamente a saída em massa de clientes que leva a quebra de um banco – explicamos tudo em detalhes na nossa reportagem de capa.

Isso criou um estresse em cadeia que afetou todos os bancos regionais. O First Republic Bank, focado em clientes de alta renda, foi um deles – perdeu US$ 100 bilhões em depósitos em poucos dias e suas ações derreteram mais de 96%. Ontem, foi oficialmente comprado pelo J.P. Morgan, numa aquisição negociada pelos órgãos reguladores americanos. É a segunda maior falência bancária dos EUA (posto que o SVB ocupava até ontem).

Investidores agora temem que outros bancos sigam pelo mesmo caminho. Os dois protagonistas dessa vez são o Western Alliance, de Arizona, e o Pacific Western Bank, também da Califórnia. As ações do primeiro fecharam o dia em queda de 15%; do segundo, desabamento de 28%. Já o índice KBW, que reúne ações de bancos nos EUA, fechou o dia em -4,5%.

É uma clara amostra de que a crise bancária segue ativa por lá, ainda que a maior parte do dano tenha sido evitada por parte da rápida ação das autoridades. A preocupação é que a coisa possa piorar, secando o crédito e acelerando o esfriamento da economia americana, que caminha para uma possível recessão.

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Nisso, investidores tiveram um dia amargo. O setor financeiro pesou no S&P 500, que fechou em queda de 1,16%; Nasdaq caiu 1,08%.

Mais estresse

Para além da mini crise bancária, o pregão de hoje foi marcado também pela ansiedade da velha novela dos juros altos no mundo. Amanhã, o Fed anuncia sua decisão monetária, e é quase consenso no mercado que o banco central americano subirá os juros novamente em 0,25 ponto percentual, dada a inflação alta. 

Na quinta-feira é a vez do Banco Central Europeu falar, e também deverá aumentar a taxa por lá. Hoje, mais cedo, a Austrália surpreendeu o mercado ao subir os juros – esperava-se uma manutenção.

A postura do Fed e de outros bancos centrais de subir os juros alimenta o medo de uma recessão global, o que impacta diretamente as commodities. Hoje, com expectativa de demanda menor, a cotação do petróleo caiu 5%, para a mínima em mais de um mês.

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Péssima notícia para o Ibovespa: as ações da Petrobras fecharam em queda de 4%, ajudando a derrubar o índice. Não foi só ela: a Vale também caiu 4%. Juntas, essas duas gigantes correspondem a ¼ do Ibov.

Mas a verdade mesmo é que o mau humor foi generalizado, acompanhando Wall Street; só 12 ações (de 86) fecharam no azul nesta terça-feira. Por aqui também há a ansiedade dos juros: amanhã é Super Quarta, o que significa que o Copom também anuncia sua decisão.

Apesar da pressão do governo, é quase certo que o comitê deva manter a atual taxa da Selic em 13,75%.

Na ponta positiva, quem liderou as altas do dia foi a IRB Brasil. Sim, ela mesmo. Os papéis IRBR3 haviam saído do índice quando se tornaram penny stocks – ações cotadas a menos de R$ 1 (o Ibov não abriga nenhuma delas em sua carteira). 

Desde então, porém, elas foram agrupadas, na proporção de 30 para 1. Hoje o Ibovespa inaugurou sua nova configuração, retirando algumas ações de sua cesta e recebendo outras – IRB inclusa. O papel subiu 8,5%, e acumula alta de mais de 40% em um mês.

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Até amanhã.

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Maiores altas

IRB Brasil (IRBR3): 7,40%

Suzano (SUZB3): 2,21%

Hapvida (HAPV3): 1,45%

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RaiaDrogasil (RADL3): 1,03%

Ambev (ABEV3): 0,92 %

Maiores baixas

Vibra (VBBR3): -6,82%

Petz (PETZ3): -6,16%

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Lojas Renner (LREN3): -5,93%

3R Petroleum (RRRP3): -5,59%

Braskem (BRKM5): -5,00%

Ibovespa: -2,40%, aos 101.926 pontos

Em Nova York

S&P 500: -1,16%, aos 4.119 pontos

Nasdaq: -1,08%, aos 12.080 pontos

Dow Jones: -1,08%, 33.684

Dólar: 1,19%, a R$ 5,0467

Petróleo

Brent: -5,03%, a US$ 75,32 

WTI: -5,29%, a US$ 71,66 

Minério de ferro:  -0,97%, cotado a US$ 103,30 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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