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Ibovespa cai 0,74% com crise na China; mais uma fake news movimenta mercado de Bitcoin

Mineradoras e siderúrgicas lideram as perdas de olho no país asiático. Enquanto isso, tweet da SEC dizia que ETF de bitcoin foi aprovado nos EUA – mas era mentira.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 9 jan 2024, 19h32 - Publicado em 9 jan 2024, 19h10

Mais um dia, mais um pregão em que o Ibovespa é pautado pelas commodities.

O principal índice acionário brasileiro fechou a terça-feira em queda de 0,74%, aos 131.446 pontos. Num dia de agenda esvaziada tanto aqui quanto na gringa (com exceção do mercado de Bitcoin – mais sobre isso adiante), o mercado seguiu repercutindo os eventos que estão bagunçando o mercado das commodities nos últimos dias.

No top 3 maiores baixas do dia ficaram ações ligadas ao minério de ferro: Gerdau (GGBR4) caiu 5,22%, Metalúrgica Gerdau (GOAU4) -4,58% e CSN (CSNA3) -4,47%. Também figuraram no vermelho CSN Mineração (CMIN3, -2,84%), Usiminas (USIM5, -2,6%) e, claro, a toda-poderosa Vale (VALE3), que caiu 1,27% e arrastou o índice com ela. A ação, afinal, corresponde sozinha a 14% da composição do Ibovespa.

Na bolsa chinesa de Dalian, a tonelada do minério teve uma queda tímida de 0,25% hoje, cotado a US$ 139,95. Foi a terceira baixa seguida. As preocupações com o país, porém, são de longo prazo. A China ainda está vivendo sob a ameaça de uma complicada crise imobiliária, que já fez vítimas como as construtoras Evergrande e Country Garden e, mais recentemente, a empresa financeira Zhongzhi, que têm alta exposição a esse mercado.

Após décadas de generosos incentivos estatais, a demanda por imóveis caiu e o setor esfriou – deixando uma tsunami de obras inacabadas e empresas do ramo imobiliário altamente endividadas. O maior medo é que haja um efeito dominó na economia chinesa, causando uma grande crise por contágio. Até agora, o poderoso governo comunista tem evitado isso, mas só de forma pontual. Pequim, ao contrário do que fazia no passado, tem evitado interferir diretamente com incentivos generosos demais. 

A crise não é nova (explicamos melhor ela aqui, inclusive), mas ainda está longe de ter uma resolução. Em 2024, o prognóstico é bem pessimista. Tanto que as bolsas chinesas tiveram sua primeira alta do ano só hoje, depois de cinco quedas seguidas. E foi uma recuperação tímida: o CSI 300 subiu só 0,2%. Mesmo assim, segue no menor patamar em cinco anos – desde 2019 – devido à desconfiança generalizada dos investidores quanto à velocidade da recuperação do país.

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Com tudo isso, é claro, a demanda por aço deve cair – o que explica o azedume no setor de siderurgia e mineração do Ibovespa.

Petróleo

Falemos agora da outra grande commodity que afeta o Ibovespa.

O Brent teve uma recuperação após a forte queda de ontem (-3,35%), subindo 1,93%, para US$ 77,59. Nos últimos meses, a commodity tem sido pressionada por fatores distintos: de um lado, o temor de que o conflito no Oriente Médio se espalhe e afete a produção puxa o preço para cima; do outro, a demanda fraca pelo suco de dinossauro puxa para baixo.

Hoje, o Departamento de Energia dos EUA publicou um relatório em que prevê o preço do Brent em US$ 82 em 2024. “Em geral, esperamos que o preço do Brent tenha maior probabilidade de cair do que de subir, porque prevemos que a produção global de petróleo irá provavelmente exceder a demanda”, diz o documento, que ainda cita que há o risco do barril subir acima das previsões caso haja interrupções inesperadas de produção no Oriente Médio devido às tensões geopolíticas atuais.

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De qualquer forma, a recuperação do petróleo de hoje não teve grande impacto por aqui. RRRP3 e PRIO3 subiram 4,20% e 1,16%, respectivamente. Mas PETR4 caiu 1%, enquanto RECV3 afundou 1,3%.

Bitcoin: mais uma fake news

E veio a notícia que todo mundo esperava! Ou não?

Logo após o fechamento das bolsas, um tweet da SEC, a CVM dos EUA, confirmou que o órgão regulador tinha aprovado a criação de ETFs de bitcoin por lá no mercado à vista (atualmente, eles só existem no mercado futuro). A expectativa dessa aprovação vinha sustentando altas generosas na cripto, como explicamos aqui.

Foi, em partes, uma surpresa: todo mundo esperava algum anúncio do tipo só amanhã, dia 10. Mas, se a conta oficial do órgão tinha postado isso no X (ex-Twitter), então estava valendo, certo?

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Errado: poucos minutos depois da postagem, Gary Gensler, presidente da SEC, foi em seu próprio perfil na rede social para dizer que a conta do órgão regulador tinha sido hackeada e que o tweet era fake. Nada de aprovação.

Um caos logo se instaurou no mundo cripto, por motivos óbvios, e essa novela deverá se desenrolar com mais detalhes nas próximas horas.

Nem foi a primeira vez: em outubro do ano passado, um rumor de que os ETFs tinham sido aprovados fizeram o Bitcoin disparar 10% num único dia. Só que era só um rumor mesmo, e a BlackRock, maior gestora do mundo e a dona do pedido mais importante de aprovação, veio a público negar. O novo episódio, porém, é bem mais elaborado, já que envolveu uma postagem da conta oficial da SEC.

Ainda não está claro se, depois disso, o órgão realmente dará alguma resposta (verdadeira) aos pedidos de aprovação do ETF amanhã, no prazo que era esperado. A ver.

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Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

Locaweb (LWSA3): 5,52%

3R Petroleum (RRRP3): 4,20%

CVC Brasil (CVCB3): 2,41%

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Magazine Luiza (MGLU3): 2,39%

Cemig (CMIG4): 2,13%

MAIORES BAIXAS

Gerdau (GGBR4): -5,22%

Metalúrgica Gerdau (GOAU4): -4,58%

CSN (CSNA3): -4,47%

Pão de Açúcar (PCAR3): -4,16%

Cielo (CIEL3): -4,02%

Ibovespa: 0,74%, aos 131.446 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,15%, aos 4.756 pontos

Nasdaq: 0,09%, aos 14.857 pontos

Dow Jones: -0,42%, aos 37.525 pontos

Dólar: 0,74%, a R$ 4,9061

Petróleo

Brent: 1,93%, a US$ 77,59 

WTI: 2,07%, a US$ 72,24

Minério de ferro: -0,25%, cotado a US$ 139,95 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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