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Ibovespa atinge nova máxima no ano, a 124.639 pontos

Índice sobe 1,20% puxado por mineradoras e bancos. Já petroleiras caem acompanhando tombo de 5% do petróleo. Americanas divulga balanço.

Por Camila Barros
16 nov 2023, 19h34

O Ibovespa voltou do feriado com pique para quebrar mais um recorde. O índice fechou em alta de 1,20%, aos 124.639 pontos – o maior patamar do ano. Trata-se do segundo pregão consecutivo com este feito: na terça, o Ibov havia fechado aos 123.165 pontos, melhor patamar desde agosto de 2021. Já o resultado de hoje é o maior desde julho daquele ano. 

O otimismo foi generalizado. Das 86 ações que compõem o índice, 70 fecharam em alta. 

Em partes, tem a ver com o alívio da tensão em torno da meta fiscal. Por ora, Haddad venceu essa queda de braço: o governo federal não vai alterar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para mudar a meta de déficit zero para o ano que vem. 

Agora, o Ministro da Fazenda ganha tempo para convencer Lula e seus apoiadores da importância de zerar o déficit. Ele tem até março de 2024, quando a LDO é revisada pelo executivo. Ou seja: o risco fiscal não sai de cena, mas deixa de ser uma pauta-bomba. 

Na bolsa, mineradoras e siderúrgicas capitanearam o bom humor de hoje: USIM5 subiu 7,21%, CMIN3 fechou em alta de 6,26% e CSNA3, 6,91%. Para a Vale, a alta foi mais moderada: 0,67%. Isso apesar do minério de ferro lá fora, que fechou em queda de 1,53% na bolsa de Dalian.

Os bancões também subiram (quase) em uníssono. Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Itaú (ITUB4) subiram 3,46%, 3,14% e 1,61%, respectivamente. 

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Faltou só o Banco do Brasil, que permaneceu estável a 0,02%. Mais cedo, um relatório do Safra rebaixou a recomendação da ação do BB de compra para neutra. É um daqueles momentos suffering from success: na visão dos analistas, o banco estatal já cresceu tanto nos últimos anos que talvez já tenha atingido seu pico. Eles esperam uma alta menor nos lucros de 2024 e 2025. Mas, vale notar, com ROEs (Retorno sobre Patrimônio Líquido), ainda grandes: previsão de 21% para 2024 e 20% para 2025. 

Na esteira de bons desempenhos do dia, as varejistas também subiram em grupo – com Magalu e Casas Bahia entre as maiores altas do dia. Falaremos mais delas adiante. Antes, uma passadinha rápida nos EUA. 

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PETR4: -1,74% 

Ontem, dados do Departamento de Energia dos EUA mostraram que o estoque de petróleo no país aumentou na última semana. Foi para 421,9 milhões de barris, uma alta de 3,6 milhões em relação à semana anterior. A expectativa era de +1,8 milhões, segundo analistas consultados pela Reuters. Já a produção de petróleo permaneceu estável, em 13,2 milhões de barris por dia. 

O que os dados mostram é o seguinte: o volume de petróleo ofertado pelas petroleiras americanas é o mesmo, mas a quantidade guardada aumentou – o que indica queda na demanda pela commodity. 

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Isso ajuda a reacender aquele receio de desaceleração mundial. E joga a cotação do petróleo láaa pra baixo. Hoje, o WTI (tipo produzido nos EUA) derreteu 4,81%, a US$ 73,09 o barril. O Brent, maior referência para a commodity, caiu 4,63%, a US$ 77,42. Menor patamar desde o início de julho. 

A frustração chegou às petroleiras da B3: PRIO3 mergulhou 3,53%, RRRP3 caiu 2,58% e RECV3, -1,14%. Nem a Petrobras se salvou: -1,74%. 

Refrigerador 

Falando em EUA… hoje, novos dados ajudaram a corroborar a ideia de fim do aperto monetário americano. O pedido de novos auxílios-desemprego subiu para 231 mil na semana, contra expectativa de 220 mil solicitações. Esse é um indicativo de que o mercado de trabalho tem perdido força, o que ajuda a resfriar a economia – um mal necessário para o controle da inflação.   

Outro indicador também aponta para um desaquecimento: a produção industrial no país caiu 0,6% em outubro, após ter registrado alta de 0,1% em setembro. 

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A perspectiva fez os Treasuries recuarem. O título de 10 anos, principal referência do mercado, fechou a 4,4%, contra 4,52% ontem. Só que as bolsas em NY não responderam com muito bom humor: S&P 500 permaneceu estável a 0,12%, e Nasdaq, 0,07%. 

Tretas contábeis – e o balanço da Americanas

Voltando às varejistas: a Magalu emplacou a maior alta deste pregão. Em parte porque a queda dos títulos públicos americanos fez cair os juros futuros brasileiros – o que costuma favorecer o setor de varejo. Casas Bahia (que é penny stock, vale lembrar) disparou 11,54%, Arezzo subiu 2,92% e Grupo Soma, 2,56%. 

Para o lado da Magalu, também tem outro fator: no início da semana, a empresa divulgou uma falha contábil que reduziu seu patrimônio líquido em R$ 322 milhões. A inconsistência nos balanços é da mesma natureza daquela revelada pela Americanas no começo do ano. Isso, claro, acendeu o alerta dos investidores para os papéis MGLU3. 

A CVM abriu um processo para investigar o balanço da varejista. Mas, por ora, o mercado parece confiar que esse se trata de um erro – não uma fraude, como no caso da Americanas.

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Falando nela: a empresa divulgou resultados pela primeira vez desde a explosão da polêmica, em janeiro. Com os devidos ajustes, ficou assim: em 2021, a Americanas teve prejuízo de R$ 6,23 blhões – antes, falava-se em lucro de lucro de R$ 544 milhões. Para 2022, o prejuízo foi de R$ 12,9 bilhões. Haja maquiagem para mascarar esse rombo. 

Até amanhã! 

MAIORES ALTAS 

Magazine Luiza (MGLU3): 24,43%

Casas Bahia (BHIA3): 11,54%

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BRF (BRFS3): 8,03%

Cogna (COGN3): 7,24%

Usiminas (USIM5): 7,21%

MAIORES BAIXAS

PRIO (PRIO3): -3,53%

3R Petroleum (RRRP3) -2,58%

Cielo (CIEL3): -2,28%

São Martinho (SMTO3): -2,05%

Petrobras ON (PETR3): -2,02%

Ibovespa: 1,20%, aos 124.639 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,12%, aos 4.508 pontos

Nasdaq: 0,07%, aos 14.113 pontos

Dow Jones: -0,13%, aos 34.946 pontos

Dólar: 0,17%, a R$ 4,87

Petróleo 

Brent: -4,63%, a US$ 77,42 por barril

WTI: -4,81%, a US$ 73,09 por barril

Minério de ferro: -1,53%, a US$ 133,13 por tonelada na bolsa de Dalian (China) 

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