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Ibovespa aproveita otimismo em NY para amenizar estrago da última semana

Bolsa subiu 1,56%, enquanto o S&P bateu novo recorde após sequência de sete altas. Lá, a animação é com o mercado de trabalho. Aqui um respiro no cenário instável, agora com Bolsonaro envolvido em um inquérito.

Por Juliana Américo
2 jul 2021, 18h13
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Tem dias que qualquer notícia boa é motivo para o mercado fazer uma festa – principalmente depois de uma semana difícil para investidores brasileiros. Hoje foi um desses dias. No caso, a notícia boa foi a divulgação do relatório de emprego americano (conhecido como payroll), que levou o S&P 500 a mais um recorde e colocou o Ibovespa de volta no azul. 

Segundo os dados do Departamento de Trabalho dos EUA, foram criados 850 mil postos de trabalho em junho. E o resultado foi bem melhor do que o esperado. Os economistas projetavam a criação de 700 mil vagas, conforme relatou a Reuters. Essa é a maior alta desde agosto do ano passado. 

Os setores que criaram mais vagas no mês passado foram os de lazer e hotelaria, como restaurantes e bares, além de varejistas e setor público, incluindo a área de educação. Também teve revisão para cima dos números de maio: 583 mil postos contra os 559 mil divulgados anteriormente.

Por outro lado, a taxa de desemprego teve uma ligeira alta, de 5,8% para 5,9% em junho – diferente do consenso de que a taxa caísse 5,7%. E foi justamente esse dado negativo que fez a sexta-feira dos investidores. 

Acontece que esse indicador reforça  a avaliação de que os juros seguirão baixos por lá nos EUA, já que o Federal Reserve (o banco central americano) pretende aguardar a recuperação plena do mercado de trabalho para mexer nas taxas. 

Resultado: queda dos juros dos Treasuries, os títulos públicos de longo prazo do governo americano. Os com vencimento em 10 anos, passaram de 1,46% para 1,43%. Já os de 30 anos foram de 2,06% para 2,04%. 

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Com isso, os  índices acionários dos EUA fecharam no positivo: o Nasdaq subiu 0,81% (14.639 pontos). Já S&P 500 bateu um novo recorde, de 4.352 pontos. A alta de 0,75% é a sétima consecutiva, e a maior sequência.

Por aqui, o Ibovespa pegou carona na animação de Wall Street. A bolsa brasileira até esqueceu do caos que a reforma tributária e a CPI da Covid causaram nos últimos dias e avançou 1,56%, aos 127.621 pontos. A coisa foi tão oba-oba que 73 das 84 ações do índice subiram.

Claro que não é só o payroll. A semana foi marcada por três quedas consecutivas que acumularam uma perda de quase 1,40% – e, caso você não tenha percebido, também estávamos em uma sequência de três semanas de quedas. Então, também teve aí uma correção do mercado tentando amenizar o excesso de pessimismo. 

Quem não deu trégua foi o dólar, que acaba servindo sempre como um termômetro de “não tá tudo bem”. A moeda americana até oscilou e chegou na mínima de R$ 4,9881. Mas no final, a alta foi de 0,16%, a R$ 5,0533.

Produção industrial

Também rolou a divulgação dos dados da produção industrial brasileira de maio: foi uma alta de 1,4%, quando comparado com o mês de abril. 

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O resultado está um pouco abaixo das projeções de 1,60% do Broadcast, mas isso não chegou a impactar o mercado. A verdade é que essa alta interrompeu três meses consecutivos de quedas – nesse período, houve perda acumulada de 4,7%. 

Já no comparativo anual, a produção industrial cresceu 24% em relação a maio de 2020, mas aí era fácil, já que abril e maio do ano passado foram os piores meses da pandemia na indústria, quando a indústria automotiva, por exemplo, chegou a parar. 

Segundo o IBGE, entre as 26 atividades analisadas,  as que influenciaram positivamente foram a de produtos alimentícios (2,9%), de derivados do petróleo e biocombustíveis (3%) e por indústrias extrativas (2%). 

Na outra ponta, entre as atividades em queda, os principais impactos negativos foram de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%), máquinas e equipamentos (-1,8%) e produtos têxteis (-6,1%).

Brasília

O dia foi bom, mas a tensão no governo continua. A Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de inquérito contra Jair Bolsonaro. A PGR acusa o presidente por crime de prevaricação (ou seja, ele não tomou as medidas adequadas) após ter sido informado sobre possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

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O pedido aconteceu logo depois que a ministra Rosa Weber, do STF, cobrou uma posição da PGR sobre a notícia-crime apresentada pelos senadores Randolfe Rodrigues, Fabiano Contarato e Jorge Kajuru pedindo a investigação dos fatos apurados pela CPI. 

Acontece que a comissão parlamentar identificou que o presidente ficou sabendo das irregularidades em meados de março. Ele teria sido avisado pelo deputado Luis Miranda e pelo seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda. E os senadores entendem que era responsabilidade de Bolsonaro avisar a Polícia Federal sobre o superfaturamento. 

A PGR chegou a pedir para aguardar o final da CPI para se posicionar, mas a ministra Rosa Weber não aceitou. 

Semana que vem promete ser agitada com o andamento deste inquérito. Será que o mercado tem estômago para isso ou vai esperar mais uma notícia boa para se segurar? 

Maiores altas

Magalu: 4,74%

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BTG Pactual: 4,48%

Ultrapar: 4,12%

CSN: 4,09%

Natura: 4,06%

Maiores baixas

Suzano: -1,82%

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Ecorodovias: -1,52%

BRF: -0,78%

Marfrig: -0,62%

CCR: -0,52%

Ibovespa: alta de 1,56%, aos 127.621 pontos

Em NY:

S&P 500: alta de 0,75%, aos 4.352 pontos

Nasdaq: alta de 0,81%, aos 14.639 pontos 

Dow Jones: alta de 0,45%, aos 34.787 pontos 

Dólar: alta de 0,16%, a R$ 5,0533

Petróleo

Brent: alta de 0,44%, a US$ 76,17

WTI: queda de 0,09%, a US$ 75,16

Minério de ferro: queda de 0,61%, US$ 217,98 no porto de Qingdao (China)

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