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Ibovespa acompanha o exterior e anda de lado: -0,13%

Mercados operam com cautela à espera da inflação americana, que sai amanhã. E rebaixamento da perspectiva dos EUA pela Moody 's não faz a terra tremer: entenda o motivo.

Por Alexandre Versignassi
13 nov 2023, 19h00

A semana na bolsa começou em compasso de espera – não pelo feriado de quarta, claro, mas pela inflação americana de outubro. Amanhã sai o CPI (IPCA deles). O S&P 500 ficou meio que no zero a zero: -0,08%. E o Ibovespa seguiu como um cachorrinho: -0,13%. 

Poderia ter sido pior, na verdade: a Petrobras, que responde por 12% do índice, subiu bem, com 2,79% para PETR4, de carona na alta de 1,33% no Brent, a US$ 82,52. 

Cortesia da Opep. O cartel de países exportadores de petróleo revisou para cima sua expectativa de aumento na demanda global para este ano: de 2,44 milhões de barris por dia (a mais do que em 2022) para 2,46 milhões – para dar uma ideia: isso equivale a basicamente uma Petrobras: a estatal fechou o 3T23 com uma produção média de 2,32 milhões de barris por dia (bpd). 

As demais petroleiras do Ibovespa, de qualquer forma, não acompanharam o bom desempenho da Petrobras.  Prio (PRIO3) ficou em  0.37%;  3R (RRRP3) em -0,97% e PetroReconcavo (RECV3) em -0,79%.

B3SA3: – 4,09%

E a dona da bolsa foi um destaque negativo na bolsa. A B3 (B3SA3) tombou 4,09%, devolvendo a maior parte dos ganhos da última sexta (quando passou por uma alta de 4,85%). 

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A alta tinha vindo na esteira do balanço do 3T23, divulgado na noite de quinta: lucro de R$ 1,16 bilhão, 0,5% maior que o do 3T22. 

E a queda de hoje veio depois de o BTG Pactual ter rebaixado sua recomendação para B3SA3, de “compra”, para “neutra”, com preço alvo em R$ 14 – ainda assim, 12% acima do fechamento de hoje (R$ 12,43). 

Meta? Que meta?

No campo macro, a expectativa é a de que a meta fiscal para 2024 seja definida na quinta. A de déficit zero, que Haddad e sua turma tinham proposto, tinha um quê de ficção. Mas era algo bem visto por ao menos forçar o governo a pensar em alternativas para equilibrar as contas. 

Lula, porém, deixou claro que não pretende comprometer-se com esse objetivo – ao dizer que um déficit primário de 0,25% ou 0,50% do PIB “não é nada”. Comparado com o que o mercado passou a prever não é nada mesmo: um levantamento do Poder 360 com 10 instituições aponta para um déficit de até 1,2% do PIB (na mediana, 0,90%). 

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Espera-se, agora, que a meta oficial seja justamente a de um déficit de 0,25% ou de 0,50%. Entre nós: pouco importa qual número vier. Enquanto o chefe do executivo seguir esculhambando o próprio conceito de limites para os gastos públicos, entrando em rota de colisão com sua própria equipe econômica, as águas seguirão turbulentas para quem investe no Brasil. 

Moody’s e “shutdown”

Não que lá fora esteja, assim, uma beleza. Na sexta à noite, a Moody’s cortou sua perspectiva para o risco dos títulos públicos americanos, de “estável” (em Aaa, a nota máxima da agência) para “negativa” – indicando que os EUA podem perder essa classificação invejável.

A notícia dominou o noticiário econômico. Mas, novamente entre nós: não é tão relevante. Há outras duas grandes agências de classificação de risco, além da Moody’s: a S&P e a Fitch. Esta última já tinha rebaixado os EUA em agosto (de AAA para o conceito logo abaixo, AA+) – por conta da dívida cada vez mais mastodôntica do país (a maior, em relação ao PIB, desde 1946). Já a S&P removeu selo de excelência dos EUA (reduzindo de AAA para AA+) no já longínquo 2011. Ou seja: supresa mesmo teria sido a Moody’s manter intacta sua posição. 

Dentro dessa seara, a da dívida pública, o Congresso americano tem um problema a resolver nesta semana. A essência do “arcabouço fiscal” americano é o chamado teto da dívida – que eles vão aumentando de tempos em tempos. 

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Em junho, o teto corrente (de US$ 31,4 trilhões) já tinha furado. O Congresso, então, concordou em abolir o teto até janeiro de 2025. No lugar dele, liberaram o governo Biden para seguir com seus gastos até 30 de setembro, quando o assunto seria rediscutido. Se não chegassem a um novo acordo, o governo entraria em “shutdown” – um corte forçado nas despesas que reduz ou interrompe serviços públicos federais. 

Chegaram a um acordo, com um novo deadline para discutir a possiblidade de shutdown: 17 de novembro – a próxima sexta-feira. Há o risco, então, de paralisação nos serviços federais caso o Congresso  endureça. 

Não se trata de uma possibilidade remota. Rolaram 21 shutdowns desde 1976. E o mais recente se deu no governo Trump, entre 22 de dezembro de 2008 e 25 de janeiro de 2019. 

Inflação americana

De volta ao CPI – evento chave, pois pode determinar o futuro dos juros por lá. A expectativa do mercado é relativamente otimista: redução para 3,3% na inflação anual, ante 3,7% em setembro. Se for, será a primeira baixa desde junho, porque desde lá eles estão assim: 

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Junho: 3%

Julho: 3,2%

Agosto: 3,7%

Setembro: 3,7%    

Bom, como a previsão para outubro está em 3,3%, qualquer número acima disso tende a ser visto como negativo, mesmo que o CPI desacelere. Amanhã é a hora da verdade. 

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Até lá. 

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MAIORES ALTAS 

Petz (PETZ3): 3,41%

Lojas Renner (LREN3): 3,01%

Totvs (TOTS3): 2,83%

Petrobras (PETR4): 2,79%

CSN Mineração (CMIN3): 2,49% 

 

MAIORES BAIXAS

B3 (B3SA3): -4,09% 

Magalu (MGLU3): -3,89% 

Casas Bahia (BHIA3): -3,85%

CVC (CVCB3): -3,62%

Localiza (RENT3): -2,43%

 

Ibovespa: 0,13%, aos 120.410 pontos.

 

Em Nova York

S&P 500: -0,08%, aos 4.411 pontos

Nasdaq: -0,22%, aos 13.767 pontos

Dow Jones: 0,16%, aos 34.337 pontos

 

Dólar: -0,14%, a R$ 4,90

 

Petróleo 

Brent: 1,33%, a US$ 82,52

WTI: 1,41%, a US$ 78,26

 

Minério de ferro: 1,68%, a US$ 132,58 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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