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Ibovespa acompanha NY e cai 0,28%, pisando em ovos antes do payroll

No aguardo do relatório de emprego mais importante para o Fed, as bolsas americanas optam pela cautela, e puxam a nossa. Por aqui, o setor de construção civil desaba com medo do futuro do FGTS.

Por Jasmine Olga
5 out 2023, 18h21

Se você está cansado de só ouvir as bolsas repercutindo os altos e baixos do petróleo e do mercado de trabalho americano, vai ter de esperar mais um pouquinho. Eles estão em alta na parada de sucessos do mercado financeiro, e seguem dando o tom nas bolsas. 

Nesta quinta-feira, o barril voltou a cair. Foram 2,07%, a US$ 84,07, ainda de olho na perspectiva negativa para a demanda — na semana, a queda do Brent já é de 8,8%. E o principal relatório de emprego dos EUA, o payroll, só sai amanhã.

Na véspera do grande dia, os investidores preferiram pisar em ovos: queda de 0,11% para o S&P 500 e de 0,12% para a Nasdaq. O Ibovespa acompanhou com um recuo de 0,28%, a 113.284 pontos e o dólar voltou a subir: 0,31%, a R$ 5,16. 

Amanhã, o payroll vai atuar quase que como um “voto de Minerva” para definir de forma mais concreta o humor dos investidores: se o número vier acima dos 170 mil esperados, o mais provável é que o mercado volte a intensificar sua aposta em juros mais altos antes do tempo e a bolsa volte a apanhar, com a grana dos investidores migrando para os títulos públicos dos EUA. 

Nas últimas sessões, o mercado recebeu dados mistos sobre o que pode acontecer amanhã. E como este é um dos números que podem fazer o Fed adiantar ou atrasar uma nova alta nos juros, a expectativa é gigante. 

A preocupação com o mercado de trabalho se dá porque ele é um dos melhores termômetros para medir a resiliência (ou não) da economia americana. Ou seja: ele pode indicar uma tendência de recessão ou de (mais) inflação bem antes de novos dados do PIB ou do CPI (o IPCA deles) ganharem a luz do dia. 

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Na terça-feira (03), o relatório de empregos Jolts, lido como uma prévia do payroll, acabou assustando: 9,6 milhões postos de trabalho foram, acima dos 8,8 milhões esperados. Sinal amarelo de economia forte – por outro lado, o Jolts foi relativo a agosto e o Payroll será relativo a setembro. 

Ontem, foi o relatório ADP, medidor do mercado privado, mais restrito, ir na direção contrária: lá foram 89 mil novas vagas em setembro, muito abaixo da previsão de 140 mil. 

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MRVE3 (-3,61%), CYRE3 (-2,49%), EZTC3 (-2,99%)

As construtoras do Ibovespa despencaram com a volta ao STF do julgamento que poderá provocar mudanças no FGTS: MRVE3 (-3,61%), CYRE3 (-2,49%) e EZTC3 (-2,99%) ficaram entre as maiores quedas do dia.  O IMOB, índice da B3 que reúne 17 empresas do setor de construção civil, recuou 1,90% — bem mais que o Ibovespa. 

Se discute uma mudança na correção monetária do FGTS. O fundo paga o valor da Taxa Referencial (TR) mais juros de 3% ao ano — atualmente, o TR é de 0,32% ao mês. Mais a distribuição de lucros do fundo – que no ano passado elevou a remuneração total do FGTS a 7%. 

A pressão é para o índice utilizado seja o da inflação oficial, o IPCA. Somado à distribuição dos lucros, isso tende a aumentar o rendimento dos trabalhadores. 

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Bom para o pessoal CLT, ruim para as construtoras. Com o rendimento maior do FGTS, o custo do crédito do financiamento imobiliário que usa esse recurso aumenta junto — tanto para as construtoras quanto para quem busca utilizar dinheiro do fundo para financiar a casa própria. Na prática, as construtoras alegam que um “efeito dominó” pode surgir, reduzindo tanto a oferta quanto a demanda por moradia no futuro. 

As construtoras voltadas à baixa renda, com exposição aos projetos do Minha Casa, Minha Vida, devem sentir uma ressaca pesada. E ela já começou antes mesmo de uma definição para o tema: Tenda (TEND3) e Plano & Plano (PLPL3), especializadas nesse segmento, tiveram quedas de 9,02% e 5,38%, respectivamente. 

Depois de uma pausa de pouco mais de três meses, o assunto está na pauta do próximo dia 18. O que está em jogo é a constitucionalidade da mudança na remuneração do FGTS. 

Até mais!

MAIORES ALTAS

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CVC (CVCB3): 3,50%

Santander (SANB11): 2,38%

Itaú (ITUB4): 1,58%

Petz (PETZ3): 1,63%

Tim (TIMS3): 1,74%

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MAIORES BAIXAS

Hapvida (HAPV3): -4,81%

Magazine Luiza (MGLU3): -4,23%

MRV (MRV3): -3,61%

Cyrela (CYRE3): -2,49%

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3R Petroleum (RRRP3): -3,12%

Ibovespa: -0,28%, 113.284 pontos

Em Nova York

Dow Jones: -0,03%, a 33.119 pontos

S&P 500: -0,13%

Nasdaq: -0,12%

Dólar: 0,31%, a R$ 5,16. 

Petróleo 

Brent: -2,07%, a US$ 84,07

WTI: -2,27%, a US$ 82,31

Minério de ferro: feriado na China. Em Singapura, -0,22%, a US$ 115,20 por tonelada 

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