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Governo propõe sobrevida ao JCP, anima bancos e faz Ibov subir 1,10%

Vale avança 3,22% com estímulos na China. Arranjo de R$ 7,5 bi entre Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) vira queda de braço em ações.

Por Camila Barros, Tássia Kastner
Atualizado em 21 out 2024, 10h23 - Publicado em 29 ago 2023, 17h42
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Diz a conta lá do Instagram que precisamos de razões para acreditar. Hoje, Brasília serviu esperança à Faria Lima. O ministro Fernando Haddad fez circular ali por junho e julho que planejava dar fim à jabuticaba do juro sobre Capital Próprio (JCP) – uma forma de distribuição de lucros que só existe no Brasil.

Caiu mal entre os investidores. Na prática, eles têm a mesma função dos dividendos: são uma fatia do lucro que uma empresa distribui aos seus sócios. A diferença é que, para repartir dividendos, as companhias pagam imposto. Já o JCP é um jeito de transformar lucro em despesa, e ele sai da base de cálculo do imposto devido. Significa que sobra mais dinheiro.

Segundo Haddad, o mecanismo ajuda grandes empresas a driblar o pagamento de impostos. Elementar. Uma empresa pode abater até 4,6% do seu patrimônio líquido na forma de JCP, o que significa que, de fato, são as grandes companhias que conseguem tirar mais vantagens com a regra. Por isso, o Ministério da Fazenda pretendia dar um fim ao JCP.

Mas, segundo uma notícia do Estadão divulgada ontem, o Ministro agora avalia mudar a forma de tributação dos JCPs ao invés de extingui-los. É que a medida anda sofrendo resistência no Congresso, e a Fazenda pretende incluir mudanças no JCP em seu pacote de medidas arrecadatórias (que devem ser lançadas esta semana). 

A ideia é que o pacote consiga zerar o rombo das contas públicas no Orçamento de 2024. Hoje, outra notícia do Estadão revelou que Ministros do governo –  Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão) e Simone Tebet (Planejamento) – decidiram apoiar um déficit primário entre 0,5% e 0,75%. Segundo a coluna, eles tentarão convencer Haddad a abrir mão do déficit zero em 2024. 

A notícia do Estadão relatou a pressão dos bancos contra o fim do JCP e muita sensibilidade do governo com os impactos que a extinção do instrumento poderia ter sobre os resultados das instituições financeiras – com implicações sobre o custo do crédito.

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Tanto zelo pegou bem no mercado. Os bancos são grandes fãs dos JPCs: das top 10 maiores ações pagadoras de JPC que não pagam dividendos, 5 são de bancos. A notícia, então, anima o setor. As ações SANB11 saltaram 2,72%. BPAC11 subiu 2,13% e BBDC4, 1,18%. BBAS3, 0,56%. 

Ao lado da Vale, eles foram os motores da alta de 1,10% do Ibovespa hoje. A mineradora subiu 3,22% com notícias de que os bancos estatais da China preparam novas medidas para estimular o consumo no país. É a centelha de esperança em meio ao pessimismo com o estado da economia de Xi Jinping.

BEEF3: -17,80%

A Marfrig (MRFG3) vendeu 16 unidades de abate e um centro de distribuição para a Minerva (BEEF3). Anunciado ontem à noite, o acordo é de R$ 7,5 bilhões e envolve plantas no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile.

A notícia foi recebida com surpresa pelo mercado. Hoje, as ações das duas empresas correram para lados opostos: MRFG3 encabeçou a maior alta do Ibovespa, de 9,96%. Já BEEF3 foi a maior baixa, de -17,80%. 

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Pelo seguinte: os analistas reconheceram que, a longo prazo, o negócio pode ser bom para as duas companhias. De um lado, segundo o Itaú BBA, a venda consolida o plano da Marfrig de focar em  produtos de alto valor agregado. Do outro, a compra ajuda a Minerva em seu projeto de expansão e firma a empresa entre os grandes exportadores de carne bovina. “Na nossa opinião, estas estratégias poderão levar a um futuro melhor para ambas as empresas”, disse o relatório do BBA. 

Só que há uma desconfiança com os efeitos dessa negociação no caixa das companhias a curto prazo – e foi esse o aspecto que falou mais alto no pregão de hoje. 

Embolsando os R$ 7,5 bilhões,  a alavancagem (indicador que mostra a dívida da empresa em relação ao seu EBITDA) da Marfrig deve cair. Mas não muito: o BTG estimava que a alavancagem bateria em 6,3x em 2024, agora o indicador deve baixar para 5,6x, valor ainda alto. A dor de cabeça começa quando o índice passa de 2x. 

Por outro lado, a alavancagem da Minerva deve aumentar. O BTG projeta alta de 2,9x para até 3,9x, também mais do que preocupante para o mercado. 

Nos EUA 

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Esta semana vem carregada de dados da economia americana: tem PIB amanhã, dado de inflação na quinta e payroll na sexta. O Jolts, relatório de vagas de emprego (o Caged dos EUA) divulgado hoje, era pra ser só um aperitivo antes do prato principal. Mas dados bem abaixo do esperado sacudiram o mercado lá fora. 

O departamento de trabalho americano registrou 8,8 milhões de novos postos de trabalho em julho, um recuo de 338 mil em relação ao mês anterior. A expectativa do mercado era de 9,4 milhões de novas vagas. 

Isso, claro, ajuda na narrativa de fim próximo para o aperto monetário: menos apetite por contratações significa economia menos aquecida. 

A renda variável comemora: o S&P 500 fechou em alta de 1,45%; a Nasdaq, 1,74%. A ver se o bom humor se mantém até o fim da bateria de dados da semana. 

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MAIORES ALTAS

Marfrig (MRFG3): 9,96%

CVC (CVCB3): 5,91%

Locaweb (LWSA3): 4,42%

IRB (IRBR3): 4,18%

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Santander (SANB11): 3,28%

MAIORES BAIXAS

Minerva (BEEF3): -17,80%

Pão de Açúcar (PCAR3): -4,18%

Petz (PETZ3): -2,78%

PetroRio (PRIO3): -1,80%

Via (VIIA3): -1,38%

Ibovespa: 1,10%, aos 118.403 pontos

Em Nova York:

S&P 500: 1,45%, a 4.497 pontos

Nasdaq: 1,74%, a 13.943 pontos

Dow Jones: 0,85%, a 34.852

Dólar: -0,42%, a R$ 4,85

Petróleo

Brent: 1,24%, a US$ 84,91 por barril

WTI: 1,32%, a US$ 81,16 por barril

Minério de ferro:  -1,04%, a US$ 111,17 por tonelada em Dalian

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