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Galípolo sensato e revisão do arcabouço fiscal pelo Congresso animam Faria Lima

Enquanto isso, Wall Street está tão feliz com a inflação dos EUA que já vislumbra cortes nos juros em setembro. E a Petrobras solta seu balanço do 1T23, o primeiro sob o governo Lula III.

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
Atualizado em 11 Maio 2023, 08h25 - Publicado em 11 Maio 2023, 08h14

Deu tudo certo: em abril, a inflação americana desacelerou exatamente como previsto pela bola de cristal dos analistas, para 4,9% nos últimos doze meses, e deu esperanças quase unânimes de que o Fed vai interromper o ciclo de alta dos juros em sua próxima reunião: 91,5% de probabilidade, de acordo com a plataforma de monitoramento do CME Group

Esse otimismo de ontem permanece e os futuros de Nova York amanheceram em alta (ou quase isso: o Dow sustentou o mau humor do pregão de quarta e estava em ligeiríssima queda de 0,01% às 8h da manhã). Fala-se até em início do ciclo de cortes a partir de setembro – haja carro para pôr na frente dos bois. Hoje saem a inflação ao produtor (PPI) de abril e os pedidos de auxílio-desemprego, dois termômetros macroeconômicos que servirão para calibrar melhor as expectativas para o próximo Fomc. Talvez alguns bois passem para trás do carro.

Não reina o mesmo otimismo na Europa. O banco central do Reino Unido, que ainda lida com uma inflação de 10,1% ao ano, acabou de anunciar, às 8h da manhã, uma alta de 0,25 ponto percentual em sua taxa básica – que, agora, está em 4,5%. Faz sete meses que o dado do Rei Charles está travado em dois dígitos, oscilando dentro dos 10% (com uma exceção: outubro, quando o número bateu 11,1%). A zona do euro, com 7% de alta nos preços em abril, vai um pouco melhor, mas não o suficiente para o BCE anunciar o fim do ciclo de alta. 

Por aqui, o Congresso está se dedicando a modificar o texto original do novo arcabouço fiscal. Um dos objetivos é impor sanções mais duras caso o Executivo descumpra o limite de crescimento dos gastos ano a ano. 

No texto atual, o aumento nas despesas deve ficar em, no máximo, 70% da variação das receitas. Ou seja: quando entrarem R$ 10 a mais, o governo poderá gastar R$ 7 a mais em relação ao ano anterior. Em caso de descumprimento dessa meta, a punição é uma queda de 70% para 50% das receitas no ano seguinte. Mas nada acontece no presente. O texto de Haddad também prevê que as despesas não possam crescer mais de 0,6% ao ano acima do IPCA em épocas de contração do PIB (quando a economia está crescendo, por outro lado, o limite sobe para 2,5%). 

Os deputados querem que um eventual estouro engatilhe automaticamente medidas mais práticas para pôr ordem na casa – como, por exemplo, a obrigação de bloquear despesas emergencialmente para atingir a meta e proibições para aumentos salariais acima da inflação aos servidores públicos. Está fora de questão, porém, transformar o descumprimento das regras fiscais em crime de responsabilidade. 

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Enquanto isso, a Faria Lima está calma com a indicação de Galípolo para uma cadeira com voto no Copom. Sua turnê de entrevistas tranquilizou os coletinhos: o economista, ao que tudo indica, tem uma relação cordial com Campos Neto e não pretende forçar a barra além da conta no debate em torno da Selic – ainda que, de acordo com apuração da coluna de Mônica Bergamo, ele vá trabalhar para moderar o tom de documentos importantes para o mercado, como a ata do Copom. 

Por fim, o dia promete ser animado para as ações ligadas a commodities. O minério de ferro está em queda vertiginosa de 4,74% na bolsa de Cingapura, o que geralmente não faz bem para Vale e companhia. Enquanto isso, o mercado prende a respiração para o balanço do primeiro trimestre da Petrobras, que não fará preço hoje, porque sai só após o final do pregão. Ele não está sozinho: B3, Cogna, MRV e outras oito empresas também anunciam seus resultados hoje à noite. Veja a lista completa na seção “temporada de balanços”, aqui embaixo. 

Bom dia e bons negócios,

humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: 0,21%

Futuros Nasdaq: 0,23%

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Futuros Dow: -0,01%

*às 8h00

market facts

Impacto da Americanas no sistema financeiro

Uma análise realizada pelo Banco Central mostrou que o caso Americanas teve um impacto irrelevante na solvência dos bancos. Ou seja: mesmo que a varejista dê calote geral em seus credores, os bancos continuarão com dinheiro em caixa suficiente para honrar suas obrigações financeiras. Isso descarta a possibilidade de uma crise generalizada no sistema financeiro. 

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Por outro lado, o BC aponta que o escândalo da varejista encareceu o crédito no mercado de capitais, além de ter feito as instituições financeiras adotarem uma postura mais rigorosa nas concessões de crédito. Ontem, as ações AMER3, que não fazem mais parte do Ibovespa, subiram 1,78%, a R$ 1,14. No mês, a alta é de 10,7% (ou R$ 0,11). 

Agenda

EUA, 9h30: preços ao produtor (PPI) de abril;
EUA, 9h30: pedidos de auxílio-desemprego da primeira semana de maio.

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,45%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,10%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,10%

Bolsa de Paris (CAC): 0,60%

*às 8h00

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,16%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,14%

Hong Kong (Hang Seng): -0,09%

Commodities

Brent: 0,92%, a US$ 77,11 o barril

Minério de ferro: -4,74%, a US$ 103,15 a tonelada, na bolsa de Cingapura

*às 7h15

Vale a pena ler:

Quanto vale um diploma

Nos EUA, as novas gerações têm se questionado sobre o valor de um diploma universitário em mãos. Tem a ver com o sistema educacional americano: todas as Universidades (mesmo as públicas) são pagas, e as mensalidades salgadas acabam virando dívidas estudantis que podem demorar décadas para serem quitadas. Por isso, alguns jovens estão preferindo ingressar no mercado de trabalho logo depois do ensino médio, ou então focar em cursos de menor duração.

Só que uma pesquisa da Georgetown University mostrou que um diploma adquirido aos 20 e poucos anos tem um impacto significativo na remuneração de uma pessoa aos 30. A formação universitária, segundo o estudo, aumenta em 16 pontos percentuais a probabilidade do profissional conseguir um bom emprego. O Wall Street Journal conta detalhes da pesquisa. 

Sem impostos e sem produtividade

A Zona Franca de Manaus, medida que isenta de impostos as empresas que se estabelecem na região amazônica, foi instituída em 1957 como estratégia para desenvolver a indústria local. A ideia era oferecer incentivos fiscais para compensar a dificuldade logística de se estabelecer nos estados da Amazônia – que ficam distantes dos grandes centros urbanos do país e de dos principais portos que escoam mercadoria para o exterior. 

Um relatório do Banco Mundial afirma que os benefícios fiscais da ZFM precisam ser revisados, já que não ajudaram a estimular a produtividade na região. O órgão afirma que o Amazonas vem perdendo competitividade, tem dificuldade para atrair novas empresas e passa por uma redução do número de empregos na indústria. A Folha explica o parecer do Banco Mundial sobre o assunto. 

Temporada de balanços

Brasil, após o fechamento: B3, Cogna, CPFL Energia, Cyrela, Energisa, EzTec, JBS, Locaweb, MRV, Petrobras e Sabesp.

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