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Foi combinado com os russos (e o resto da Opep), mas…

Petróleo sobe com oferta menor que a prometida. Escassez mantém inflação elevada – a causa da queda das bolsas americanas

Por Tássia Kastner, Guilherme Jacques
11 fev 2022, 08h35

Não faltou combinar, faltou os russos cumprirem o acordo. Não só os russos, claro. Estamos falando do cartel da Opep+, um bloco dos maiores exportadores de petróleo do mundo.

Desde que os preços do petróleo passaram a subir de maneira consistente, cresceu a pressão para que eles retomassem a oferta do produto pastoso que vira combustível e diesel mundo afora.

E de fato eles vinham anunciando aumentos de produção gradual. O problema é que um relatório da Agência Internacional de Energia mostrou que os países da Opep+ não estão cumprindo exatamente com o combinado. O órgão diz que a oferta da commodity ficou 900 mil barris por dia abaixo da meta. E há sinais de que o mercado global continuará a consumir estoques caso a produção não aumente.

Nisso, o petróleo voltou a subir nesta sexta-feira, negociado acima de US$ 91 o barril do tipo Brent (a referência internacional do produto). Na semana, o produto acumula discreta queda de preços.

Isso porque os Estados Unidos anunciou que pretende fechar um acordo nuclear com o Irã, o que teria como efeito colateral o fim do embargo ao país a volta do petróleo deles ao mercado internacional. 

O mundo anda sedento por petróleo, numa esperança que a queda de preços da matéria-prima resulte em um alívio da inflação. Afinal, quando o combustível fica caro, tudo tende a custar mais. Bancos têm apostado que o barril da commodity poderá custar mais de US$ 100 em breve.

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O resultado é que os Estados Unidos vivem a maior inflação em 40 anos – e sem sinais de alívio. Nesta sexta, os futuros das bolsas americanas apontam para mais uma queda. Natural depois do susto de ontem. A inflação de 7,5% em janeiro fez investidores elevarem as apostas de uma alta de 0,50 ponto percentual nos juros do país – perto de zero desde 2020.

Investidores começaram a especular a possibilidade de o Fed, o BC americano, convocar uma reunião de emergência para subir juros antes de março. Não há sinais de que isso irá ocorrer, mas eis um sinal de que investidores estão desnorteados com a inflação elevada.

Por aqui, o Brasil continua em uma bolha, protegido justamente pela alta nos preços das commodities. É que o pânico com a disparada da inflação e aumento de juros é uma coisa 2021 demais para a Faria Lima (por enquanto, ao menos). Boa sexta!

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,51%

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Futuros Nasdaq: -0,70%

Futuros Dow: -0,39%

*às 7h51

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,17%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,78%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,74%

Bolsa de Paris (CAC): -1,26%

*às 7h47

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,83%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): feriado

Hong Kong (Hang Seng): -0,07%

Commodities

Brent: 0,40%, a US$ 91,78*

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*às 7h45

Agenda

9h- Banco Central divulga o IBC-BR, um relatório de atividade econômica de dezembro e o resultado fechado de 2021. Expectativa do mercado é por um avanço mensal de 0,6%, com 4,3% no saldo do ano.

12h30- Presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa do Encontro Esfera Brasil. 

market facts

Reforço de caixa

A Alpargatas (ALPA4) está planejando um follow-on para levantar até R$ 2,3 bilhões. O plano é repor os recursos empregados na compra da fabricante americana de calçados e bolsas Rothy’s – o negócio foi fechado em dezembro de 2021 por US$ 475 milhões e deve ser concluído até a metade deste ano. Os controladores da companhia, Itaúsa e Cambuhy, devem abrir a carteira e financiar boa parte da oferta. No pregão de ontem, as ações da Alpargatas fecharam em leve queda, -0,89%. Isso mostra que o movimento não desagradou tanto os investidores quanto o anúncio de compra da Rothy’s, já que de lá até aqui os papéis acumulam um tombo de 32%.

A gangorra do Nu

O BTG fez uma coisa rara ontem: recomendou a venda das ações do Nubank. Analistas do banco também reduziram o preço-alvo dos papéis, de US$ 10 para US$ 8,50 – valor menor que os US$ 9 negociados no IPO do roxinho em dezembro. A preocupação dos analistas do BTG é com a combinação de juros altos, inflação elevada e endividamento da população. Eles acreditam que instituições como o Nubank – que emprestam sem garantia e têm uma base de clientes muito jovem e de menor renda – serão as primeiras a sofrer nesse cenário.

A revisão do BTG vem em meio a um momento de grande volatilidade das ações do Nu. Em janeiro, os papéis chegaram a afundar 25% frente ao preço da estreia na bolsa. Agora, em fevereiro, ensaiavam uma recuperação firme, até que a notícia levou a uma queda de quase 10% nos papéis.

Vale a pena ler:

Correndo atrás do prejuízo

O Youtube anunciou que vai criar experiências imersivas em seus vídeos de jogos – uma das categorias mais populares do site. O movimento mostra uma tentativa da sua proprietária, a Alphabet, de correr atrás de outras gigantes da tecnologia que já se dizem mais avançadas no desenvolvimento do metaverso. É o caso da Microsoft, que, em janeiro, comprou a desenvolvedora de games Activision para investir na área. E mais ainda do Facebook, que se transformou em Meta no ano passado para demonstrar seu compromisso com o projeto. Leia na Bloomberg.

Medo de ser cancelada

Após o episódio em que o podcaster Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu em seu programa a existência de um partido nazista, outra Monark decidiu vir a público. Trata-se da empresa fabricante de bicicletas, que soltou uma nota ontem para esclarecer que não tem qualquer ligação com o agora ex-apresentador do No Flow – ele foi afastado do posto e está sendo investigado pela justiça após a declaração. Aproveitando o embalo, a marca se apressou em dizer que repudia veementemente qualquer manifestação de racismo. No Valor Econômico.

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(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Antes da abertura do mercado, saíram os resultados da Usiminas. E, após o pregão, Renner e Rumo divulgam seus números do quarto trimestre de 2021.

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