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Fed está em pânico com inflação; agora investidores só falam de recessão

Wall Street e Powell não falam a mesma língua (de novo). Caos alavanca dólar e afunda o petróleo.

Por Júlia Moura, Tássia Kastner
Atualizado em 6 jul 2022, 17h43 - Publicado em 6 jul 2022, 17h34

 

O real e o petróleo seguem descendo de escorregador e quem empurra é o medo de uma recessão global. O dólar escalou para R$ 5,4219, alta de 0,60%, e o petróleo caiu 2%. Todo mundo está com medo. Menos o Fed, aparentemente.

O real e o petróleo seguem descendo de escorregador e quem empurra é o medo de uma recessão global. O dólar escalou para R$ 5,4219 (maior valor desde 27 de janeiro), alta de 0,60%, e o petróleo caiu 2%. Todo mundo está com medo. Menos o Fed, aparentemente.

Nesta quarta, o banco central americano divulgou a ata de sua última reunião em junho, quando elevou o juro dos EUA em 0,75 ponto percentual. A Selic deles subiu para a faixa de 1,50% a 1,75%, maior alta desde 1994. 

O que chamou a atenção dos investidores foi o seguinte: o Fed está bastante preocupado com a inflação. Mas nem olhou para os riscos de recessão, o samba de nota só dos últimos dias. O texto de 12 páginas menciona a palavra inflação 90 vezes. Já a palavra recessão não aparece sequer uma vezinha. Estranho, não? O que o BC dos EUA menciona de leve é uma preocupação com o crescimento global, enquanto prevê aumentar mais os juros (entre 0,50 e 0,75 ponto percentual) neste mês.

O Fed pode estar brincando de três macaquinhos (), mais uma vez. Quando Wall Street se desesperava com a alta dos preços, o BC americano estava tranquilo, dizendo que ela seria temporária. E não era. Agora, quando diversos sinais indicam recessão, o Fed faz a egípcia.

A vida real é mais dura. Os sinais em geral apontam que a recessão está virando a esquina. O Fed projeta que a inflação de mais de 8% nos EUA terminará o ano em 5,2%. E depois cairá para 2,6% em 2023. Inflação só sofre tombos dessa magnitude quando a economia se contrai de maneira brusca. Pois é. Enquanto isso, o Fed diz que o problema é a alta de preços se embrenhar na economia de maneira quase endêmica. Talvez ele esteja um passo atrás do que o mercado está avisando. Vai saber.

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No resto do mundo, os sinais de recessão continuam gritando. O petróleo emendou o segundo dia de queda com o temor de uma queda no consumo. É quase como se, por enquanto, investidores estivessem caminhando para a previsão catastrófica do Citigroup, de que o petróleo poderá terminar o ano a US$ 65 o barril. Hoje, o barril do Brent caiu tímidos 2% e conseguiu se segurar acima dos US$ 100.

Ainda assim, as petroleiras tupiniquins sofreram. A 3R esteve entre as maiores quedas e caiu 5,60%. A Petrobras, 1,28%.

O Ibovespa foi salvo pela alta de 0,94% da Vale e fechou com ganhos de 0,43%, aos 98.719 pontos.

Fingindo que a recessão não era com elas, as varejistas seguraram o segundo dia de maiores altas. É tipo uma terça-feira parte 2. Por sinal, do mesmo jeito que os gringos estão fazendo. Por lá, as ações de tecnologia têm salvado Nasdaq e S&P 500. Com os papéis tradicionais ligados a commodities e ao consumo naufragando, muitos investidores pulam para ações badaladas, como Tesla e Apple, que apesar de ainda consideradas caras, acumulam perdas neste ano (olha a promoção!). 

Como não temos uma Amazon ou uma Meta (ex-Facebook), apostamos nas nossas “tech stocks” de mentirinha. Magalu subiu 5,04%, Via, 13,24% e Americanas, 11,77%. Quem não tem cão, caça com gato. Até amanhã.

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Maiores altas

Via (VIIA3): 13,24%

Americanas (AMER3): 11,77%

Yduqs (YDUQ3): 9,44%

Cogna (COGN3): 9,18%

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Locaweb (LWSA3): 7,86%

Maiores baixas

Azul (AZUL4): -5,67%

3R Petroleum (RRRP3): -5,60%

Gol (GOLL4): -4,81%

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Braskem (BRKM5): -4,59%

Petrobras (PETR3): -1,51%

Ibovespa: 0,43%, a 98.718,62 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,36%, a 3.845 pontos

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Nasdaq: 0,35%, a 11.362 pontos

Dow Jones: 0,22%, a 31.037 pontos

Dólar: 0,60%, a R$ 5,4219

Petróleo

Brent: -2,02%, a US$ 100,69

WTI: -0,97%, a US$ 98,53 

Minério de ferro: -1,27%, US$ 111,54 no porto de Qingdao (China)

 

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