Fed descarta alta de 0,75 p.p. em junho e salva o dia

Fala de Jerome Powell fez Wall Street entrar em festa – e tirou o Ibovespa do vermelho.

Por Bruno Carbinatto
4 Maio 2022, 18h03
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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“Subir os juros em 75 pontos-base não é algo que o Fomc está ativamente considerando, por enquanto.”

Foi essa fala de Jerome Powell, presidente do banco central americano, que ditou o humor do mercado nesta quarta-feira. E garantiu a festa em Wall Street. 

O Fed divulgou hoje a sua tão aguardada decisão monetária: aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros americana, levando-a para o intervalo entre 0,75% e 1,00% ao ano. Até aqui, nada novo. A alta era amplamente esperada pelo mercado.

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O que os investidores queriam saber mesmo era sobre os próximos passos do Fomc,  o comitê de política monetária americano. E Powell foi bem claro: uma alta mais radical, de 0,75 p.p, não é considerada, pelo menos por enquanto. O alívio foi tão grande que os índices americanos, antes volatéis, entraram em um rali e fecharam com fortes altas de 3%. 

Havia um temor generalizado de que o Fed sinalizaria uma postura mais agressiva porque a inflação americana está em seu maior nível em 41 anos, a 8,5%. Na verdade, há quem ainda aposte que, para combater o aumento dos preços, o Fed terá que colocar a economia americana em risco de recessão. Isso depois de manter uma postura extremamente suave na sua política monetária, deixando os juros perto de zero durante a pandemia – por tempo demais, como o próprio Powell hoje admite.

Em vez disso, a sinalização foi de que, para as próximas duas reuniões, o Fomc está considerando novas altas de 0,5 pontos percentuais. Para deixar bem claro, isso não é pouco: antes de hoje, a última vez que o Fed subiu os juros nessa magnitude foi há 22 anos, em 2000. Mas é o lado meio cheio do copo em comparação com o salto de 0,75 p.p. (algo que aconteceu pela última vez no milênio passado, em 1994), já que esfria menos a economia e o risco de recessão é menor.

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O Fed também anunciou que a redução de seu balanço patrimonial, atualmente em torno de US$ 9 trilhões, será “significativa”, mas acontecerá “de forma gradual”, o que também ajudou a aliviar o mercado. A redução começará a partir de 1º de junho e será limitada a  US$ 47,5 bi por mês nos primeiros 3 meses, e a US$ 95 bilhões após esse período.

Powell disse que não vê risco de recessão nos EUA por enquanto, mesmo com suas medidas para colocar a inflação de volta aos 2%. Soou como música para os ouvidos de Wall Street.

Para ser justo, a fala do presidente do Fed não foi 100% suave e otimista. Ele reiterou, várias vezes, que a inflação é o principal desafio que a economia americana enfrenta e que o órgão não vai desistir de combatê-la, custe o que custar. Reforçou também que “o Fed está pronto para ajustar política monetária caso novos riscos surjam”, algo que soa como um “não estamos prometendo nada, hein?”. Ou seja: talvez o órgão, de fato, tenha que endurecer sua política caso a inflação continue subindo.

Mas Wall Street decidiu não dar ouvidos ao lado cauteloso do discurso e focou nas sinalizações positivas. Antes de sua fala, as bolsas andavam voláteis – algo que aconteceu também nos outros pregões da semana.

No Brasil

Por aqui, Powell também salvou o dia. O Ibovespa vinha firme no terreno vermelho antes da guinada americana, por causa da incerteza da Super Quarta. Além do Fed, investidores também passaram o dia esperando a decisão de política monetária do nosso próprio banco central. Assim como nos EUA, a questão aqui não é o anúncio do aumento de juros em si – a alta de 1 ponto percentual já é esperada –, mas sim as sinalizações sobre os próximos passos.

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O dólar, por sua vez, fechou em queda de 1,21%, a R$ 4,9036, depois de um dia igualmente volátil.

Antes do Fed, o Ibovespa chegou a perder os 106 mil pontos, mas a injeção de ânimo levou o índice a disparar para cima e fechou com alta de 1,70%, aos 108.343 pontos.  As ações que mais subiram com a ajuda de Powell foram as ligadas ao varejo e à tecnologia (veja abaixo).

Para além do bom-humor americano, ajudaram a sustentar a alta também as ações ligadas ao petróleo: Petrobras PN +6,02%, Petrorio +5,81%, Petrobras ON +4,72% e 3R Petroleum +4,68%. 

O preço da commodity vem passando por um período instável, com a guerra na Ucrânia puxando para cima de um lado, e, de outro, os lockdowns na China pressionando os preços para baixo. Hoje, porém, a notícia que marcou o dia foi de que a União Europeia propôs um embargo total ao petróleo russo. O preço do petróleo saltou 5%.

O acordo, porém, ainda precisa ser ratificado por todos os 27 países-membros do bloco, e alguns, como a Hungria, já apresentaram resistência em aprovar a medida. A ver.

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Até amanhã.

 

Maiores altas

Magazine Luiza (MGLU3): 7,61%

Americanas (AMER3): 7,54%

Pão de Açúcar (PCAR3): 7,52%

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Méliuz (CASH3): 7,34%

Petrobras (PETR4): 6,02%

Maiores baixas

Marfrig (MRFG3): -7,76%

JBS (JBSS3): -3,04%

Natura (NTCO3): -1,71%

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COPEL (CPLE6): -1,17%

SLC Agricola (SLCE3): -1,16%

Ibovespa: 1,70%, aos 108.343

Em Nova York

S&P 500: 2,99%, aos 4.300 pontos

Nasdaq: 3,19%, aos 12.964 pontos

Dow Jones: 2,82%, aos 34.061 pontos

Dólar: -1,21%, a R$ 4,9036

Petróleo

Brent: 4,92%, a US$ 110,14

WTI: 5,27%, a US$ 107,81

Minério de ferro: -0,54%, cotado a US$ 142,90 em Cingapura

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