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Fed dá um fio de esperança para pausa nos juros dos EUA

Nova alta, que coloca a taxa a 5,25%, pode ter sido a última deste ciclo, de acordo com as falas do BC americano. Dólar sente e cai 1,09%, a R$ 4,99. GOLL4 e AZUL4 comemoram com altas de mais de 4%.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 21 out 2024, 10h33 - Publicado em 3 Maio 2023, 17h50
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Demorou: o Fed deu um sinal de que pode pausar as altas nos juros americanos. O BC dos EUA tascou sua décima alta seguida nos juros hoje, elevando-os a 5,25% – mesmo nível do recorde na história recente dos EUA, entre junho de 2006 e setembro de 2007. Mas o que importa não é a alta adicional, bola amplamente cantada. É o tom das falas de Jerome Powell e seus Fed boys. 

A diretoria do BC americano mudou uma frase de seu comunicado em relação à última reunião do Fomc (o Copom deles). Em março, tinham dito que “mais algumas altas talvez fossem necessárias”. 

Em vez disso, agora, afirmaram que irão monitorar os efeitos das últimas altas na economia para determinar a necessidade de novas altas “para fazer com que a inflação volte a 2% com o tempo”. 

A inflação americana saiu de um pico de 9,1%, em abril do ano passado, para os 5,0% de agora. Nesse intervalo, os juros subiram de 0,25% (em março de 2022) até 5%. E agora, a 5,25%. A ideia, então, é ver se esse patamar alto de juros (para os padrões deles) bastará para trazer a inflação de volta à tradicional meta americana, de 2%.

O Wall Street Journal observou que a linguagem do comunicado de hoje foi similar à do de junho de 2006, quando o Fed parou as altas da época – nos mesmos 5,25%, como dissemos. 

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Jerome Powell ajudou no clima. “Há uma percepção de que estamos mais perto do fim [do ciclo de altas] do que do começo”, disse o presidente do Fes. Sim, não é a panaceia. Mas, para os padrões do cuidadoso Powell, soa quase como um grito de Carnaval.   

Quem viver verá. 

Mas o fato é que o dólar sentiu. A moeda americana tende a cair quando a perspectiva deixa de ser de novas altas nos juros. E foi o que aconteceu. Queda de 1,09%, a R$ 4,99.

Bom para Gol e Azul. As aéreas, com gastos fixos e dívidas em dólar, tendem a decolar em momentos de baixa da moeda americana. E também foi o que aconteceu: 5,97% para as ações dos Boeings laranjas; 4,92% para a dos Embraer e Airbuses azuis. O tombo do Brent, de quase 4% hoje, também ajudou – já que, além do dólar em baixa, isso também diminui o preço do querosene de aviação.            

Mesmo assim, no mercado como um todo, o que reinou foi a cautela. -0,70% para o S&P 500, por conta do medo cada vez mais presente de uma recessão global (que derruba o petróleo em 10% só nesta semana); e -0.13% para o Ibovespa – enquanto o mercado brasileiro aguarda o Copom anunciar a manutenção dos juros em 13,75% pela sexta reunião seguida (sétima desde a da chegada dos juros a esse patamar, no já distante agosto de 2022). PETR4, de qualquer forma, caiu pouco com o petróleo: -0,35%.      

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Carrefour: o primeiro prejuízo

CRFB3 desabou nesta quarta após reportar seu primeiro prejuízo desde o IPO, que rolou em 2017. Foram R$ 375 milhões negativos neste primeiro trimestre de 2023, basicamente invertendo o lucro de R$ 421 de um ano atrás, no 1T22.

De acordo com o diretor financeiro da empresa, Eric Alencar, o vião aí “foram os “investimentos que estão sendo feitos no Big” – a rede de hipermercados que o grupo comprou em junho do ano passado por R$ 7,5 bilhões.

Ele disse que o efeito é temporário, porque “estamos executando as conversões mais rápido do que prevíamos”. “Conversões”, no caso, significa transformar as 120 lojas Big em supermercados das bandeiras do grupo – Atacadão em Carrefour. Previa-se finalizar o processo em 2024, mas a ideia agora é terminar neste ano.

O mercado, de qualquer forma, parece duvidar. Os analistas do JPMorgan dizem “ver falhas operacionais” na integração do BIG para dentro do grupo. Resultado: queda de 9,39%

Seja como for, o mal humor com o Carrefour contaminou o setor de supermercados. A rede Assaí (ASAI3) já não ia bem: tinha sido a maior queda do mês de abril no Ibovespa, com -20,49%. E hoje escorregou mais um pouco, -3,13%. Pão de Açúcar também rolou morro abaixo: -2,69%

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KLBN11: a gigante acorda  

A Klabin (KLBN11), queridíssima de Luiz Barsi, veio com um senhor balanço para o 1T23: lucro de R$ 1,26 bilhão, 44% acima do 1T22. O consenso Refinitiv apontava para modestos R$ 698 milhões. Aí deu a lógica: alta de 3,75%, a R$ 19,90 – nada mal para um papel que até outro dia, em abril, estava abaixo de R$ 18.   

Parte dos lucros veio do aumento de preços. O volume em toneladas de celulose, papel e embalagens somou 881 mil toneladas – 2% menos em relação ao primeiro trimestre do ano passado. E acabou mais do que compensado por reajustes: a receita líquida foi de R$ 4,83 bilhões – 9% maior que a do 1T22. E a capacidade de produzir um lucro 44% maior sobre esse aumento indica que a operação da empresa está enxuta. 

Para completar esta quarta-feira gorda, anunciaram a distribuição de R$ 0,35 em dividendos por unit – as KLBN11. No ano passado, a empresa distribuiu um total de R$ 1,22. Caso essa cifra se repita, serão 6% para quem tiver comprado ao preço de fechamento de hoje. Já se o crescimento nos lucros se mantiver nesse patamar de 40% e os dividendos subirem junto, o dividend yield de quem comprou hoje será de 8,5% – algo que se revelaria um grande negócio quando a Selic voltar a patamares mais terráqueos. 

Quem viver verá.     

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MAIORES ALTAS

Gol (GOLL4): 5,97%

Dexco (DXCO3): 5,04%

Azul (AZUL4): 4,92%

Yduqs (YDUQ3): 4,61%

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Locaweb (LWSA3): 4,45%

 

MAIORES BAIXAS

Carrefour (CRBR3): -9,39%

IRB Brasil (IRBR3): -6,77%

Arezzo (ARZZ3): -5,52%

Assaí: (ASAI3): -3,13%

Pão de Açúcar (PCAR3): -2,69% 

 

Ibovespa: -0,13%, aos 101.797 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: -0,70%, aos 4.090 pontos

Nasdaq: -0,46%, aos 12.025 pontos

Dow Jones: -0,80%, aos 33.414 pontos

 

Dólar: -1,09%, a R$ 4,99

 

Petróleo

Brent: -3,97%, a US$ 72,33

WTI: -4,27%, a US$ 68,60

 

Minério de ferro: -0,43%, negociado a US$ 105,05 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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