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Estrangeiros garantem alta de 1,10% no Ibovespa, com destaque para WEGE3 e BBSE3

Enquanto isso, Microsoft desanima Manhattan, XP prevê rombo nos lucros dos bancos por conta da Americanas e nós ouvimos algumas opiniões do ChatGPT.   

Por Alexandre Versignassi
25 jan 2023, 19h18

Hoje é feriado em São Paulo, em comemoração aos 469 anos da cidade. Mas a paulistana B3 não fecha em recessos municipais desde o ano passado. E operou normalmente. Ou quase: o volume de negócios ficou em R$ 21,7 bilhões (um terço do habitual). 

E um relatório do Bank of America ajudou na alta. O banco americano estima que os juros altos a perder de vista no Brasil combinados à esperada aceleração da China, nosso maior parceiro comercial, deve ajudar na valorização do real ante o dólar. 

Uma percepção nesse sentido talvez já tenha ajudado no fluxo de dinheiro gringo para a bolsa: o saldo de janeiro nesse quesito está positivo em R$ 7,17 bilhões (ou seja, com gringos comprando mais ações nossas do que vendendo) – isso até o o dia 20, data dos últimos dados disponíveis. 

A bolsa brasileira é um destino natural de estrangeiros que apostam num real forte. Se a moeda brasileira sobe, o valor das ações daqui em dólar aumenta também.  

O fato é que os dólares estão entrando mesmo. Tanto que a moeda americana caiu forte hoje: -1,22%. Nos últimos três dias, já são -2,5%. 

E o Ibovespa fechou feliz: alta de 1,10%, aos 114.270 pontos, com destaque para a WEG (veja mais adiante) e BB Seguridade, que há tempos voa em céu de brigadeiro: alta de 4,85% hoje, 10% no mês e 89% nos últimos 12 meses. A ação é vista como um porto seguro para tempos de turbulência, nos quais as apostas recaem mais para companhias com fluxo de caixa sólido do que para aquelas que só prometem um dia, talvez, quem sabe, operar no azul.    

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Microsoft: más notícias de um lado, ChatGPT do outro

A alta aqui veio na contramão dos EUA. O S&P 500 operou em baixa o dia todo e fechou no zero a zero (-0,02%), puxado pelo pessimismo com as empresas de tecnologia. Quem puxou o cordão da choradeira foi a Microsoft, ao alertar que as vendas em seu serviço de computação em nuvem (o Azure, que faz o papel de galinha dos ovos de ouro da companhia de Satya Nadella) devem encolher 4% ou 5% neste trimestre. 

A terceira empresa mais valiosa do mundo – US$ 1,8 trilhão, atrás da petroleira Saudi Aramco (US$ 1,9 tri) e Apple (US$ 2,2 tri) até apresentou um balanço acima da expectativa do mercado. Os palpites dos analistas apontavam para um lucro de US$ 16,27 bilhões. Vieram US$ 16,42. Pela métrica do “lucro por ação”, que os gringos tanto apreciam, foram US$ 2,30 de expectativa versus US$ 2,32 de realidade. 

Ainda assim, a real é que a expectativa estava baixa. Mesmo esses US$ 16,42 bi representam um resultado 12% menor que os US$ 18,76 do mesmo trimestre de 2021. 

A Bloomberg Intelligence, por sinal, avalia que as empresas tech do S&P 500 devem apresentar, em média, resultados 9% abaixo nesta temporada de balanços, na comparação com com o 4T21. E, claro, ainda tem o bonde das demissões na área – na semana passada, a própria Microsoft anunciou que vai dispensar 10 mil funcionários mundo afora neste trimestre. Pelo jeito, parece que no mundo tech só o pessoal que trabalha no desenvolvimento do ChatGPT não teme perder o emprego – a Microsoft mesmo vai investir US$ 10 bilhões na Open AI, a companhia responsável pela criação do primeiro chatbot de inteligência artificial a virar celebridade.    

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WEG: 4,06%

“A WEG é uma empresa brasileira multinacional que atua no segmento de máquinas e equipamentos elétricos, possuindo presença em mais de cem países. Ela se destaca por sua história de crescimento desde sua fundação, em 1961 (…). A WEG também tem destaque nos mercados de geração de energia e soluções para automação”.

Quem escreveu o parágrafo acima foi o ChatGPT – pedi para ele “comentar sobre a WEG”. O banco de dados atual do robô é atualizado só até 2021, então ele ainda não sabe da alta de hoje: 4,06% para WEGE3, entre as maiores do dia. 

A alta pode estar relacionada ao fluxo gringo, já que a WEG, por seu grau de internacionalização e constância nos bons resultados, é considerada um porto mais seguro por investidores de fora – ainda que o fortalecimneto do real possa machucar seus próximo balanços, já que boa parte da receita da companhia é em moeda estrageira.  

A subida, de qualquer forma, também foi impulsionada por uma pesquisa do Bradesco BBI com analistas. 26% deles responderam que a multinacional de Jaraguá do Sul (SC) deve ser a empresa com os melhores resultados desta temporada de balanços, que começa amanhã (com Cielo). Ela foi a segunda mais citada. A medalha de ouro ficou com a Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus fora do Ibovespa, com 46% da preferência – o que também ajudou POMO4l, que terminou em alta de 5,84%.   

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IRB: -20,93%; Americanas: 17,50%

Falando no mundo off Ibovespa, IRBR3 caiu 20,93% no dia do grupamento de 30 para 1 – com cada 30 ações de R$ 0,93 formando um papel de R$ 27,90. Mas é isso: os R$ 27,90 não duraram muito, Tombaram para R$ 22,06. Com os papeis agrupados, os especuladores que apostam na volatilidade das ações de menos R$ 1 pulam fora. A chance de ganhos percentuais absurdos a partir de variações de centavos, afinal, deixam de existir. 

Foi justamente o que aconteceu com AMER3 hoje. A ação foi dormir ontem a R$ 0,81 e fechou em R$ 0,94. Poucos centavos, muito percentual: alta de 17,50%. 

Motivo: o Tribunal de Justiça do Rio suspendeu o bloqueio dos R$ 1,2 bilhão que a empresa tem em sua conta do BTG. O banco de André Esteves tinha conseguido o bloqueio para se proteger de um eventual calote, já que a varejista lhe deve R$ 3,5 bilhões. 

Nada disso significa um respiro real para a Americanas, já que sua dívida total é de R$ 41,23 bilhões. Muito menos para quem morreu com ações da empresa na mão. Mesmo com a alta de hoje, a queda acumulada desde o Amercanas Day (11 de janeiro, quando a ação ainda valia R$ 12), é de 92%.

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A XP, por sinal, calculou o tamanho do rombo que as americanas podem deixar nos bancos. De acordo com a corretora, os mais afetados seriam BTG, Santander e Bradesco, que podem ver o lucro cair entre 20% e 30% neste trimestre por conta das provisões que terão de fazer para segurar o baque do eventual calote. Itaú e Banco do Brasil sofreriam um pouco menos: a expectativa para eles é de uma queda de 10% no lucro.

Eis os ranking da dívida da americanas com os grandes bancos daqui:

Bradesco: R$ 4,8 bilhões

Santander: R$ 3,6 bilhões 

BTG: R$ 3,5 bilhões

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Itaú: R$ 2,8 bilhões

BB: R$ 1,4 bilhão

Pois é… ChatGPT, o que você acha dos balanços da Americanas? 

“Os balanços da varejista Americanas mostram uma participação crescente de mercado (…). Esta é uma boa notícia, pois mostra que a varejista tem trabalhado de forma consistente para oferecer os melhores serviços e produtos. A empresa também tem buscado investimentos em tecnologia para otimizar seu atendimento e expandir suas atividades para outros segmentos e mercados. Tudo isso valorizou seu crescimento de mercado como líder do setor de e-commerce”. 

Pois é. Que os bilhões da Microsoft ajudem a deixar o chat GPT mais up to date. 

Até amanhã!  

  

Maiores altas

São Martinho (SMTO3): 4,37%

BB Seguridade (BBSE3): 5,76%

WEG (WEGE3): 4,06%

Fleury (FLRY3): 3,92%

Alpargatas(ALPA4): 3,53%

 

Maiores baixasVia (VIIA3): -1,99%

Qualicorp (QUAL3): -1,70%

Suzano (SUZB3): -1,56%

Natura (NTCO3): -1,42%

Telefônica (VIVT3): -1,40%

 

Ibovespa: 1,10%, aos 114.270 pontos

 

Em NY:

S&P 500: -0,02%, a 4.016 pontos

Nasdaq: -0,18%, a 11.313 pontos

Dow Jones: 0,03%, a 33.743 pontos.

 

Dólar: -1,22%, a R$ 5,07

 

Petróleo

Brent: -0,07%, a US$ 88,19

WTI: 0,02%, a US$ 80,15 

 

Minério de ferro:  -0,36%, a US$ 124,40 a tonelada na bolsa de Cingapura (Dalian fechada para o feriadão de Ano Novo na China)

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