Entenda a alta de 1,5 ponto na Selic
BC aumenta os juros no teto das expectativas – o problema é que as expectativas já furaram o teto. Ambev aumenta os lucros em 57%.
Leia no ritmo da musiquinha da Pantera Cor-de-Rosa: Copom Copom/Copom/Copom Copom Copom/Copom Copommmmmm.
O tema foi criado originalmente para uma comédia sobre um detetive abestalhado, Jacques Clouseau. E cai bem aqui, pois o que mercado faz neste momento é examinar de forma detetivesca, e um tanto atrapalhada, a numerologia do Copom (o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que define nossa amiga Selic a cada uma de suas 8 reuniões anuais).
Antes de Guedes trair a responsabilidade fiscal tendo um caso tórrido com o furo no teto de gastos, o BC previa aumentos de 1% nas duas reuniões finais do ano – a que rolou ontem e a de dezembro. Traição consumada, colocou o pé no acelerador, e aumentou a taxa básica de juros em 1,5 pp, para 7,75%, nesta quarta. E reconheceu no comunicado de ontem que a alta no ritmo se deu por conta do furo no teto – no seu modo parnasiano de sempre, chamando o drible na lei que limita os gastos públicos de “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”.
Bom, “arcabouço fiscal” são as regras que impedem o governo de se endividar loucamente para gastar loucamente. O centro do problema é o “gastar loucamente”: tratar-se de uma medida que causa inflação, pois injeta uma enxurrada de dinheiro novo na economia. Quando aumenta os juros, o BC drena dinheiro da economia, de modo a frear a inflação. Se o governo abre uma nova comporta de dinheiro, o BC abre um novo ralo.
E o mercado “debate” o tamanho desse ralo. Seria adequado? A resposta: ninguém faz a mais vaga ideia. Formou-se um consenso de que 1% era pouco. O BC teria de responder com uma alta. De quanto? Talvez 1,25%, para não sair chutando o balde (aumentar os juros muito rápido drena dinheiro demais, e sem dinheiro o PIB fica sem combustível). Talvez 1,5%…
Então o BC veio ontem com 1,5% – o teto do tal consenso de expectativas. O mercado, porém, agora ameaça furar seu próprio teto. Já não faltam analistas achando que foi pouco.
Analistas não representam o mercado – essa entidade incorpórea, formada pelo comportamento coletivo de todos mundo que investe. Logo, a resposta sobre o que essa entidade realmente acha ou deixa de achar virá no pregão de hoje.
Pregão que começa com uma notícia positiva. Nesta manhã, a Ambev anunciou um lucro de R$ 3,7 bilhões no terceiro trimestre de 2021 – 57,4% superior ao do mesmo período do ano passado, superando o consenso de expectativas.
E o exterior promete ajudar: alta de 0,26% nos futuros do S&P 500.
Boa quinta!
Futuros S&P 500: 0,26%
Futuros Nasdaq: 0,48%
Futuros Dow: 0,21%
*às 8h00
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,15%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,23%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,14%
Bolsa de Paris (CAC): 0,36%
*às 7h30
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,69%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,96%
Hong Kong (Hang Seng): -0,28%
Brent: -1,32%, a US$ 83,46
Minério de ferro: -6,02%, US$ 112,65
*às 7h50
09h30 O Ministério do Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.
09h30 O governo americano divulga os dados preliminares do PIB para o terceiro trimestre. A expectativa é de que o produto interno bruto dos EUA cresça a uma taxa anualizada de 3%. Isso representa uma desaceleração em relação ao 2T21, quando o crescimento foi de 6,7%.
Nova na bolsa
O Nubank entrou oficialmente para a lista das empresas que se preparam para o IPO. A Nu Holdings, controladora da fintech, confirmou que protocolou o pedido de abertura de mercado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na B3 e na Securities and Exchange Commission, a CVM americana.
As ações da empresa vão ser listadas na Bolsa de Valores de Nova York ( NYSE) e estarão no mercado nacional por meio de BDRs – ativos que replicam o desempenho de ações gringas.
Procuram-se imigrantes
Que a pandemia afetou o mercado de trabalho, todo mundo sabe. Mas, conforme relata o New York Times, os EUA estão sofrendo com a falta de trabalhadores imigrantes – o Goldman Sachs estima que a economia carece de 700 mil pessoas com vistos de trabalho temporários e permanentes.
O problema é que, além da crise sanitária ter atrasado a aprovação e renovação dos vistos, as políticas anti-imigração do governo Trump também dificultaram a entrada de trabalhadores estrangeiros. Leia o texto completo aqui (em inglês).
Ambev (ABEV3)
Alpargatas (ALPA3/ALPA4)
Arezzo (ARZZ3)
Assaí (ASAI3)
CTEEP (TRPL3/TRPL4)
Fleury (FLRY3)
Gol (GOLL4)
Grendene (GRND3)
Hering (HGTX3)
Log (LOGG3)
Paranapanema (PMAM3)
Petrobras (PPETR3/PETR4)
Suzano (SUZB3)
Vale (VALE3)
Vamos (VAMO3)