Efeito Meirelles segura o Ibovespa de novo. BBDC4 e ITUB4 agradecem
Bancos ficam entre as maiores do índice, ainda na cola da reaproximação entre Lula e o ex-presidente do BC. Alta de 0,62% no Ibov, versus -1,12% em NY.
Henrique Meirelles assumiu o Banco Central em janeiro de 2003 com a inflação em 12,5% e os juros em 25%. Entregou em janeiro de 2011, ao final do governo Lula 2, com IPCA em 5,9% e juros 10,75%.
Em maio de 2016, no início do governo Temer, pegou a inflação em 9,3%, com a Selic em 14,25%. Devolveu a cadeira dois anos depois com IPCA em 2,7% e juros em 6,5%.
É por isso que o mercado ama Meirelles. Diferentemente do eleitorado, claro. As conquistas macroeconômicas do governo Lula ficaram na conta de Lula. As do governo Temer, na de ninguém. E Meirelles terminou as eleições de 2018 com 1,20% dos votos – atrás do Cabo Daciolo, que conquistou 1,26%.
A reaproximação entre Meirelles e Lula, que rolou ontem no encontro que o petista promoveu com oito ex-candidatos à presidência, pode não trazer votos. Mas certamente diminui a desconfiança do mercado em relação a um eventual governo Lula 3 – o medo é aquele: que venha uma política heterodoxa à la Mantega, com distribuição farta de dinheiro público via irresponsabilidade fiscal.
A esperança (ainda pouco realista) de que Meirelles volte a chefiar a economia numa eventual vitória do líder nas pesquisas, foi fundamental para que o Ibovespa vivesse uma alta relevante ontem: 2,33%, fazendo o S&P 500 (0,69%) comer poeira. E ajudou o índice a pelo menos descolar da depressão nova-iorquina de hoje: alta de 0,62% por aqui, a 112.516 pontos, versus um tombo de 1,12% por lá.
Um indício da continuação do efeito Meirelles foi a alta nas ações dos bancos privados, entidades que têm a ganhar com uma economia em ordem. Itaú (ITUB4, 3,32%), Bradesco (BBDC3 e BBDC4, 3,67% e 3,23%) e Santander (SANB11, 2,59%) fecharam entre as altas mais vistosas do dia.
Na ponta negativa, a galera do metal. Com a queda de 3,96% no minério de ferro hoje pela manhã na bolsa de Dalian, abaixo da linha dos US$ 100 por tonelada, Vale (VALE3) fechou em -1,43%; CSN (CSNA3), 3,89% e Usiminas (USIM5), 2,73%.
Juros, juros, juros
Lá fora, o que temos é a tensão que marca a véspera do anúncio da nova taxa de juros do Fed. A expectativa da maioria segue a de que role uma alta de 0,75 pp, para 3,25%, nesta quarta. Mas a minoria que teme 1 pp, para 3,50%, coloca ainda mais água no chope, tragando as bolsas americanas para baixo.
Por aqui, espera-se 0 pp, com a Selic mantendo-se estável em 13,75%. Como a expectativa para a inflação do fim do ano vem baixando, a manutenção em si serve na prática como um “aumento”. Há um mês, o Boletim Focus projetava um IPCA de 6,82% para o final do ano. Nesta semana, a projeção está em 6,00%. Ou seja: num cenário com a Selic em 13,75%, o juro real (aquele que conta, o acima da inflação) iria de esperados 6,93% para 7,75%. Uma bica, basicamente.
Veremos amanhã 😉
Maiores altas
Carrefour (CRFB3): 4,06%
Embraer (EMBR3): 3,78%
Bradesco ON (BBDC3): 3,67%
Yduqs (YDUQ3): 3,41%
Itaú (ITUB4): 3,32%
Maiores baixas
Ecorodovias (ECOR3): -4,39%
CVC (CVCB3): -3,92%
CSN (CSNA3): -3,89%
BRF (BRFS3): -3,44%
Usiminas (USIM5): -2,73%
Ibovespa: 0,62%, a 112.516 pontos
Em NY:
S&P 500: -1,12%, a 3.856 pontos
Nasdaq: -0,95%, a 11.425 pontos
Dow Jones: -1,01%, a 30.707 pontos
Dólar: – 0,25%, a R$ 5,15
Petróleo
Brent: -1,5%, a US$ 90,62
WTI: -1,66%, a US$ 83,94
Minério de ferro: -3,96%, a US$ 99,20 a tonelada, na bolsa de Dalian