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Abertura de Mercado: economia chinesa puxa o freio de mão

Vendas no varejo desaceleram forte, construção civil encolhe – e o minério de ferro cai 4%.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 15 set 2021, 12h46 - Publicado em 15 set 2021, 08h26

A China tropeçou. O crescimento das vendas no varejo por lá caiu para 2,5% em agosto. Veja bem: não é uma queda, só uma desaceleração comparada a agosto do ano passado. Só que forte, e contínua. Em julho, a alta tinha sido de 8,5%. Em junho, 12%.

A culpa seria da variante delta. O número de casos de Covid triplicou de julho para agosto. Os números são nanoscópicos perto daqueles com que estamos acostumados por aqui: um aumento de 30 novos casos por dia para mais ou menos 100, na média móvel. No Brasil, detecta-se 15 mil infecções por dia – e já é o menor número desde maio de 2020. 

Para quem olha os números, é como se a pandemia não tivesse existido na China (foram 95 mil casos desde o início (contra 21 milhões só no Brasil) e 4,6 mil mortes (aqui, quase 600 mil). O que pega na China são justamente as medidas que o governo toma para manter vírus quieto. É mais do que lockdown. Bateu um foco numa região, eles mandam testar milhões de pessoas e tiram de circulação qualquer um que, por ventura, pudesse ter passado perto de alguém contaminado.

Como houve um aumento nesse tipo de medida em agosto, as vendas no varejo caíram. Mas não é só isso que atrapalha a China.

Uma megaconstrutora de lá, a Evergrande, está em vias de quebrar. Tem US$ 300 bilhões em dívidas (algo nível Petrobras nos piores dias), e agora espera por uma ajuda do governo. Provavelmente vai esperar sentada. Pequim passou justamente a restringir novos créditos imobiliários depois de detectar toneladas de empréstimos irresponsáveis – de cujos calotes originaram-se dívidas como as da Evergrande.   

Juntando tudo, o fato é que agora a construção civil chinesa está contraindo. Os investimentos na área caíram 3,2% nos primeiros oito meses do ano. O efeito disso no tal “apetite insaciável” da China por aço promete ser o de uma cirurgia bariátrica. Tanto que o minério de ferro fechou em queda de 4% no ponto chinês de Qingdao. E isso não ajuda muito uma certa bolsa de valores muito aferrada a commodities  – a nossa.  

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Até amanhã! 

humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: +0,28%

Futuros Nasdaq: +0,32%

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Futuros Dow: +0,23%

*às 8h02

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,33%

Bolsa de Londres (FTSE 100): +0,09%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,13%

Bolsa de Paris (CAC): -0,48%

*às 8h03

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,01%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,52%

Hong Kong (Hang Seng): -1,84%

Commodities

Petróleo*

Brent: +1,26%, a US$ 74,53

WTI:  +1,42%, a US$ 71,46

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Minério de ferro: queda de 4,13%, a US$ 116,65 por tonelada no porto de Qingdao.

*às 8h05

Agenda

9h O Banco Central divulga seu indicador de atividade econômica para o mês de julho (IBC-BR). O índice é tratado pelo mercado como uma espécie de prévia do PIB, e a expectativa é de que a economia tenha crescido 0,40% na comparação com junho.

10h15 EUA divulgam a produção industrial de agosto

14h30 Banco Central publica o fluxo cambial semanal, que mostra a entrada e saída de dólares do país. Ontem o ministro Paulo Guedes (Economia) disse que o dólar era para estar entre R$ 3,80 e R$ 4,20, não fosse o ruído político.

 

market facts

À venda

A Bradespar (BRAP4), uma holding cuja atividade é investir exclusivamente na Vale (VALE3), vai encolher. A empresa anunciou um plano para reduzir em R$ 5,26 bilhões o seu capital por meio da distribuição de ações da mineradora a quem tem BRAP4 na carteira. A holding é dona de 5,73% da Vale, o que equivale a R$ 33,2 bilhões. Se a redução de capital for aprovada, a Bradespar deixará de ser um acionista relevante e deterá apenas 3,23% da mineradora. A medida foi anunciada após o término do acordo de acionistas da Vale que colocava a holding no grupo controlador da mineradora. Agora, a Vale tem capital pulverizado, sem que acionistas consigam decidir sozinhos os rumos da companhia.

Verão verde amarelo?

O horário de verão foi criado para que as pessoas aproveitassem mais horas de luz solar ao fim do dia, reduzindo o consumo de energia elétrica. Só que o Brasil conseguiu polarizar até isso, e uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro foi acabar com o adiantamento dos relógios em uma hora, lá em 2019. Agora que o Brasil atravessa uma das maiores crises hídricas da história, tem gente pensando: “hm, e se a gente criasse um jeito de fazer com que as pessoas aproveitassem mais a luz do dia?”. Pois é. Ontem, entidades do setor elétrico divulgaram um documento pedindo a volta do horário de verão. Antes, empresas do setor de serviços, como bares e restaurantes, e shoppings já vinham apoiando a ideia. Pode até mudar de nome, a gente finge que não percebeu.

Vale a pena ler:

Temporada de caça a unicórnios

O Softbank já é um investidor de peso em startups brasileiras. Investiu em 15 dos 25 unicórnios brasileiros (as novatas que alcançam valor de mais de US$ 1 bilhão), entre elas Loggi, Creditas, QuintoAndar e banco Inter. Ontem, o grupo japonês anunciou mais um fundo para a América Latina, com a ambição de chegar a US$ 10 bilhões investidos na região até 2022. Leia a entrevista de Marcelo Claure, diretor executivo do SoftBank Group ao Estadão.

Empréstimo com garantia

Quando você pede um empréstimo no banco, um jeito de conseguir pagar juros menores é dando algo em garantia. Pode ser casa, carro, investimentos ou o seu salário. Nos EUA, tem gente dando crédito com garantia em criptomoedas. Essas operações ocorrem fora do sistema financeiro regulado, claro, e o crédito é concedido por startups de cripto. A história foi contada nesta reportagem do Wall Street Journal. A SEC (o órgão americano responsável por regular o mercado de capitais) agora quer regular o mercado (aqui, em inglês).

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