Disse me disse sobre Petro ofusca aceno de Campos Neto ao arcabouço fiscal
Ministro das Minas e Energia diz que a petroleira vai mudar sua política de preços. Estatal faz a egípcia. Queda do minério pesa na Vale, e Ibovespa acaba cedendo 0,88%; nos EUA, investidor espera cauteloso pelo payroll.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, resolveu colocar o carro à frente dos bois e anunciar mudanças na Petrobras. Em entrevista à GloboNews pela manhã, com o mercado já aberto, ele disse que vão haver, sim, mudanças na política de preços da estatal – algo almejado por Lula. A fala levou as ações da companhia a cederem pouco mais de 4% durante o pregão.
Ele deu, inclusive, alguns detalhes sobre as novas diretrizes. Os preços dos combustíveis nas refinarias passariam a ser baseados no mercado doméstico, e não no internacional como é hoje. Ou seja, uma “cotação em real”, não “em dólar”, segundo a figura de linguagem que Lula costuma utilizar quando se refere ao tema.
De acordo com Silveira, o eventual novo sistema poderia baratear o diesel entre R$ 0,22 e R$ 0,25 por litro. Ele também afirma que a nova política deve vir depois da assembleia geral da estatal, dia 27 de abril. “A partir daí, o equilíbrio entre o conselho e a diretoria vai visar buscar a implementação dessa nova política de preço.”
Logo após a fala, a companhia veio à público se explicar. Disse que não sabe de nada e que não recebeu nenhuma proposta do MME sobre mudanças em sua política.
“Quaisquer propostas de alteração da Política de Preços recebidas do acionista controlador [o governo] serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia.”
O mercado comprou em parte o comunicado oficial e as ações reverteram a queda para uma leve alta de 0,33%. O desempenho positivo do papel, porém, não foi páreo para o recuo de 1,47% da Vale, que levou o Ibovespa a ceder 0,88%. A mineradora refletiu a quarta queda consecutiva do minério de ferro. Mesmo com feriado na China, seu maior consumidor, a commodity recuou 0,66%, para US$ 119,53 a tonelada na bolsa de Singapura.
Campos Neto ft Haddad – Vai descendo o juro até embaixo
O bafafá em torno da Petrobras ofuscou as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o arcabouço fiscal apresentado pelo governo na semana passada.
Em dois eventos públicos, ele elogiou o projeto e o esforço do governo em controlar a dívida pública. Também sinalizou o mais importante, que ele pode sim contribuir para a queda da Selic, mas salientou que a relação entre o fiscal e a taxa de juros não é mecânica. “O que foi anunciado até agora elimina um risco de cauda, para aqueles que achavam que a dívida poderia ter uma trajetória mais explosiva.”
Outro ponto positivo na luta contra a inflação é a redução do crédito no mercado. Assim como nos EUA, bancos brasileiros estão com pouco espaço para empréstimos e financiamentos, o que tira pressão da Selic.
O clima no mercado é que o Brasil vai se encaminhando para algum corte nos juros ainda neste ano. Hoje, o Santander reduziu sua previsão para a Selic ao fim deste ano de 13,75% para 12,75%, com cortes no segundo semestre. Para o fim de 2024, a estimativa foi de 10,75% para 10,25%. Os juros futuros também caíram por toda a curva temporal. E os títulos prefixados e de inflação passaram por uma queda nas taxas, com o IPCA+2035 indo a módicos (para os padrões atuais) 6,05% de juro real.
Fed ft. SVB – Agora, pare! Desce no compasso
Começam a aparecer sinais de que o aumento de juros promovido pelo Fed está freando a economia americana. Nesta semana, dois relatórios já demonstram um mercado de trabalho mais fraco, algo crucial para controlar a inflação.
Hoje, o ADP apontou: a criação de empregos (145 mil) no mercado privado ficou muito aquém da previsão (210 mil). A desaceleração ganhou ainda mais evidência após o dado de fevereiro ser revisado para cima, para 261 mil.
O PMI composto (índice de compras no setor de serviço e indústria) também deixou a desejar. Ele subiu menos do que os 53,3 pontos esperados em março, para 52,3 pontos, de 50,1 em fevereiro.
Mas o dado mais importante para o Fed vem amanhã: o payroll de março. A expectativa é que a criação de empregos desacelere de 311 mil para 238 mil e que o aumento do salário médio ceda de 4,6% para 4,3% na comparação anual.
Se tudo vier como o esperado, o Fed deve manter sua política de ir subindo o juros aos poucos, elevando a taxa de 5% para 5,25% em maio.
Mas, com os dados recentes apontando uma desaceleração econômica mais rápida do que o previsto, as previsões do mercado agora pendem para a manutenção dos juros em 5%, com 58,8% das apostas, de acordo com os derivativos negociados na CME.
Segundo a consultoria Capital Economics, em março, a probabilidade de os EUA entrarem em recessão no segundo trimestre subiu de 46% para 57%, devido à quebradeira bancária. Ou seja, talvez não sejam necessários juros mais altos no final das contas – o resfriamento do crédito daria conta de matar a inflação gringa.
Seja como for, os investidores aguardam o payroll para avaliar riscos, o que levou a uma leve queda de 0,25% no S&P 500. Sem falar que, em qualquer contexto, a palavra recessão não cai bem.
Até amanhã!
Maiores altas
Via (VIIA3): 6,36%Ecorodovias (ECOR3): 5,51%
Braskem (BRKM5): 3,55%
Qualicorp (QUAL3): 2,77%MRV (MRVE3): 2,39%
Maiores baixas
Alpargatas (ALPA4): -9,73%
Natura (NTCO3): -9,61%
Petz (PETZ3): -5,69%
Embraer (EMBR3): -5,24%
Arezzo (ARZZ3): -5,09%
Ibovespa: -0,88%, a 100.977 pontos
Em NY:
S&P 500: -0,25%, a 4.090 pontos
Nasdaq: -1,07%, a 11.996 pontos
Dow Jones: 0,24%, a 33.482 pontos
Dólar: -0,64%, a R$ 5,04
Petróleo
Brent: 0,06%, a US$ 84,99
WTI: -0,12%, a US$ 80,61
Minério de ferro: -0,66%, a US$ 119,53 a tonelada, na bolsa de Singapura