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Cotação do petróleo e distribuição de dividendos dão gás em PETR4, e Ibovespa sobe

O índice também se apoiou no desempenho das mineradoras e siderúrgicas – que ignoraram um colapso na cotação do minério – e em Wall Street, que deu de ombros para o drama do First Republic Bank para comemorar a boa temporada de balanços. 

Por Bruno Vaiano e Alexandre Versignassi
28 abr 2023, 17h57

 

Fim do dia, da semana e do mês no Ibovespa. Abril termina no verde, com alta de 2,5%. A semana acabou praticamente estável, em 0,06%.

E o crédito é (em grande parte) do pregão desta sexta. Ele foi ótimo: o principal índice da B3 fechou em alta de 1,47%, inspirado pelo bom-humor em Nova York e puxado pelos desempenhos exemplares da Petrobras (PETR4, 1,84%) e do séquito de mineradoras e siderúrgicas: CSN Mineração (CMIN3) em 3,36% e Usiminas (USIM5) em 6,01% foram destaques. A Vale (VALE3), que teve momentos mais esperançosos ao longo do dia, fechou em 0,89%.

Todo o clubinho heavy metal vem de fortes quedas desde o final de janeiro, por conta das dúvidas sobre a real saúde da economia chinesa (cujo setor de construção civil move a demanda global por minério de ferro); e hoje foi dia de rebote. 

Vale o mesmo para o Ibovespa como um todo. A queda no ano ainda é de 5,5%, versus alta de 8,6% no S&P 500.   

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Curiosamente, a alta das siderúrgicas/mineradoras acontece num dia de tombo do minério de ferro (mais um). Hoje mais cedo, o mercado à vista na bolsa de Cingapura chegou a registrar uma queda de 9,5%.

De volta à Petrobras: o desempenho desta sexta teve a ver com o Brent, que encerrou o dia subindo 2,40%, compensando um pouco das perdas da semana (-1,39%, no cômputo final dos últimos cinco dias úteis). O anúncio de pagamento de dividendos do último trimestre de 2022, em R$ 2,86 por ação, sem dúvida ajudou, ainda que os analistas temam pela distribuição no governo PT, já que o partido não vê com bons olhos a distribuição farta, em detrimento a usar o dinheiro para reinvestir na estatal. Por outro lado, a necessidade de maior arrecadação do governo (o acionista majoritário) pode falar mais alto.

Altas também para as aéreas, Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), mais a CVC (CVCB3). As três ganham com a manutenção do dólar abaixo de R$ 5, que se mantém firme: a moeda americana fechou em R$ 4,98. No mês, a queda é de 1,60%.

Na gringa

Em Wall Street, os coletinhos esbanjaram alegria com o final de semana para ignorar a montanha russa da falência do First Republic Bank – ele já caiu mais de 60% após uma breve alta na sexta passada –, e focar nos bons resultados de empresas como Exxon e Intel no primeiro trimestre de 2023. Alta de 0,83% no S&P 500. 

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Esse comportamento ilustra bem a situação da temporada de balanços como um todo. A bola de cristal dos analistas previu muitos resultados melancólicos para o 1T23 após a crise no setor bancário em março e a insistência do Fed em aumentar a taxa básica de juros americana. Mas muitas empresas – inclusive as big techs, na ressaca de demissões em massa – demonstraram resiliência e fecharam o primeiro quarto do ano com um caixa saudável. 

Ótimo para elas e para os acionistas, que ficam no aguardo dos dividendos pingarem na conta. Mas um mau sinal para os EUA como um todo, já que companhias pujantes são um sinal de que a economia do país não está esfriando em resposta à política monetária restritiva do Fed, ou seja: que a inflação não vai ceder tão rápido para a meta de 2% que o banco central americano almeja. 

Super quarta

Falando em juros, semana que vem tem super quarta – aquele dia cabalístico em que tanto o Copom como o Fomc anunciam atualizações na taxa básica de juros. Por aqui, Campos Neto já deixou claro que a Selic fica em 13,75% mesmo, não tem choro nem vela. Qualquer surpresa ficará por conta do tom do anúncio. Se ele vier tão durão quanto foram as últimas falas públicas do presidente do BC, nem o mercado nem Lula vão começar maio de bom humor. O JPMorgan, aliás, soltou um comunicado hoje apostando na manutenção dos 13,75% atuais até o quarto trimestre. A justificativa, grosso modo, é que não dá para confiar no novo arcabouço fiscal para combater a inflação. 

Nos EUA, também não tem segredo: há 83% de chance de que o Fed aprove mais uma alta de 0,25 ponto percentual, de acordo com a plataforma de monitoramento do CME Group. Resta saber até quando vai durar o cabo de guerra entre o Fed boys e a economia americana, que não dá sinais de cansaço. Quanto mais rápido ela se cansar, afinal, mais cedo o ciclo de alta pode acabar.

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O que não vai acabar tão cedo, de qualquer forma, é este final de semana, prolongado pelo 1º de maio. 

Aproveite.

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Maiores altas

Gol (GOLL4): 9,03%
BRF (BRFS3): 8,93%
Azul (AZUL4): 6,76%
CVC (CVCB3): 6,67%
Hapvida (HAPV3): 6,64%

Maiores baixas

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Eletrobras (ELET6): -1,13%
Locaweb (LWSA3): -1,13%
Sabesp (SBSP3): – 0,65%
Ambev (ABEV3): – 0,56%
Energisa (ENGI11): – 0,38%

Ibovespa: 1,47%, a 104.431 pontos. Na semana, 0,06%. No mês, 2,50%.

 

Em NY:

S&P 500: 0,83%, a 4.169 pontos. Na semana, 0,87%, no mês, 1,46%.
Nasdaq: 0,69%, a 12.226 pontos. Na semana, 1,28%, no mês, 0,04%.
Dow Jones: 0,81%, a 34.098 pontos. Na semana, 0,86%, no mês, 2,48%.

Dólar: 0,14%, a R$ 4,98. Na semana, -1,40%, no mês, -1,60%.

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Petróleo

Brent: +2,70%, a US$ 80,33. Na semana, -1,39%, no mês, +0,60%.
WTI: +2,70%, a US$ 76,78. Na semana, -1,40%, no mês, +1,2%.

Minério de ferro: 

-9,94%, a US$ 104,75 a tonelada na bolsa de Cingapura

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