Corte de juros mais fraco do que o esperado desaponta na China
Nos EUA, futuros de NY sobem à espera do discurso de Powell nesta semana.
Bom dia!
Em resposta aos indicativos de desaceleração na economia chinesa, o Banco Popular da China promoveu mais um corte de juros.
O sistema de juros por lá é complexo: o BC chinês controla nove taxas diferentes. Desta vez, quem caiu foi a Taxa Básica de Empréstimo (LPR, na sigla em inglês) de um ano, que é referência para a maioria dos empréstimos de famílias e empresas no país.
O corte foi de 0,10 pontos percentuais, de 3,55% para 3,45%. Trata-se de uma baixa mais sutil do que o aguardada pelo mercado: segundo uma pesquisa da Reuters, o consenso apontava para 0,15pp. Este é o segundo corte da LPR em três meses: em junho, houve outra redução de 0,10pp.
Já o LPR de cinco anos – que é utilizado como referência para a maioria das hipotecas no mercado imobiliário – permaneceu inalterado, a 4,2%. Os analistas também esperavam por um corte de 0,15pp.
A decisão branda do governo chinês decepcionou o mercado local: a bolsa de Xangai despencou -1,24% no pregão de hoje; a de Hong Kong, -1,82%.
É que um aprofundamento recente da crise imobiliária no país aumentou as apostas na desaceleração do gigante asiático. Nos últimos meses, dados fracos de indústria e mercado de trabalho têm apontado que a China não conseguiu voltar da pandemia com o mesmo vigor econômico.
Nas últimas semanas, a Evergrande (aquela incorporadora gigante que deu calote em 2020) protocolou um pedido de recuperação judicial nos EUA. A Country Garden, outro colosso do mercado imobiliário chinês, suspendeu o pagamento de sua dívida (de quase US$ 160 bilhões) na semana passada. Na sexta, a incorporadora foi retirada dos índices de Xangai e Hong Kong.
Enquanto isso, a gestora de investimentos Zhongrong International Trust, instituição que oferece empréstimos às imobiliárias chinesas, anunciou que passa por uma crise de liquidez depois de dar um calote de US$ 14 milhões.
Jackson Hole
Nos EUA, os futuros embicam para cima neste início de semana – um respiro depois de quatro dias consecutivos de queda do S&P 500. Por lá, as expectativas estão voltadas para Jackson Hole, simpósio anual do Fed que vai rolar entre quinta e sábado desta semana.
O presidente do BC americano, Jerome Powell, vai discursar na sexta. Os investidores esperam, claro, coletar pistas sobre os próximos passos da política monetária no país.
Na semana passada, uma ata do Fomc mais hawkish do que o esperado balançou a visão do mercado sobre o fim do aperto de juros – se antes esperava-se uma pausa nas altas até o fim do ano, agora há menos certeza.
Ainda assim, 88% dos investidores ainda esperam manutenção da “Selic” americana na reunião de setembro, segundo dados coletados pelo CME. Para o fim do ano, 59% acreditam que o juro permanecerá a 5,50%.
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,43%
Futuros Nasdaq: 0,60%
Futuros Dow Jones: 0,30%
*às 8h19
–Suzano (SUZB3) elevará preço de celulose em setembro
A Suzano anunciou um aumento de US$ 20 na tonelada de celulose de fibra curta para clientes na Ásia e de US$ 50 para América e Europa nesta sexta-feira (18).
Segundo a administração da companhia, o acréscimo foi necessário porque os preços da commodity no mercado internacional (ao redor de US$ 530) estavam defasados.
A decisão entrará em vigor a partir de setembro. A Suzano não informou ao mercado os valores finais da celulose após os aumentos.
(agenda vazia)
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,95%
- Londres (FTSE 100): 0,54%
- Frankfurt (Dax): 0,67%
- Paris (CAC): 1,12%
*às 8h18
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,44%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,82%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,37%
- Brent: 0,87%, a US$ 85,54
- Minério de ferro: 0,91% a US$ 107,76 por tonelada na bolsa de Dalian.
*às 8h16
Perfil: Javier Milei
Candidato à presidência da Argentina e vencedor inesperado das eleições primárias, Javier Milei tem ganhado visibilidade — especialmente pelas soluções que propõe reduzir a inflação de seu país, em anacrônicos 113%/ano.
Anarcocapitalista (como ele mesmo se autodenomina), Milei defende um corte radical nos gastos públicos, a adoção do dólar como moeda oficial da Argentina, e o fechamento do banco central de seu país.
Esta reportagem do Financial Times mostra como o polêmico candidato espera vencer a eleição argentina, explorando a frustração com a desordem econômica por lá.