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Com queda do minério de ferro, Ibovespa vai na contramão de Wall Street e cede 0,46%

Num dia em que bolas de feno rolaram pela agenda econômica, quedas em VALE3 (-1,5%) e PETR4 (-0,92%) puxam índice de volta aos 130k pontos. Em Wall Street, otimismo com o cenário da inflação fez o S&P 500 fechar em alta de 0,57%.

Por Sofia Kercher, Alexandre Versignassi
Atualizado em 10 jan 2024, 18h57 - Publicado em 10 jan 2024, 18h41

Aqui e lá fora, o dia foi de espera. Espera por dados que saem amanhã: a inflação nos EUA (CPI de dezembro) e o IPCA do último mês do ano passado – que dirá se a inflação fechou ou não dentro do teto da meta para 2023 (4,75%).

Mas isso não significa que o dia não foi agitado. Tanto que NY e SP fecharam em pólos opostos. Alta de 0,57% por lá (mais sobre isso adiante). Queda de 0,46% por aqui. Vejamos o que se passou.

VALE3: -1,50%

O minério de ferro fechou em queda de 3,02%, a US$ 134,11 a tonelada na Bolsa de Dalian. Além do que já está rolando essa semana — queda na produção de aço na China — a inflação do país, que também sai amanhã, também assombra. 

Ops. Inflação não. Deflação. Vale lembrar que o ideal para qualquer economia é uma inflação baixa, ali nos 2%. Mas se ela cai demais, acende-se a luz vermelha: é sinal de queda na demanda, e desaceleração na economia

Se cai abaixo de 0%, então, é um problema – especialmente se for por meses seguidos (a Grande Depressão dos anos 1930, por exemplo, foi uma deflação de anos seguidos). 

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Na última leitura da inflação chinesa, os preços ao consumidor tiveram sua maior queda em 3 anos. O IPC foi de -0,5% em novembro na comparação mensal e anual, bem acima do esperado pelo mercado (-0,1% em ambos). 

Amanhã, saem os dados de dezembro, e o receio é que o índice mostre de novo uma deflação. O sentimento pessimista levou as principais bolsas da China — Xangai (-0,54%) e Shenzhen (-0,76%) — a fecharam em queda, e o minério foi junto.

Claro, as mineradoras da B3 também sentiram o baque. Os papéis da Vale (-1,5%), CSN Mineração (–2,61%), Usiminas (-2,67%), Gerdau (-2,98%)e MRV (-4,71%) terminaram o dia em queda.

PETR4: -0,92%

Outra peso-pesado do Ibov, as ações da Petrobras também fecharam o dia no vermelho. 

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Culpa dos EUA. Hoje, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) divulgou dados sobre o estoque de óleo petróleo e gasolina no país. Houve um aumento inesperado no volume: no petróleo, enquanto especialistas previam queda de 600 mil barris, rolou um aumento de 1,34 milhões. 

Já os estoques de gasolina subiram a 8,03 milhões de barris – contra 2,1 milhões das previsões. Tudo isso indica uma queda na demanda por petróleo e derivados. 

O petróleo tem vivido momentos turbulentos. Desde novembro do ano passado, a Opep+ vem realizando uma série de cortes voluntários para tentar controlar a oferta da commodity (e seu preço).

A tensão no Oriente Médio até deu um empurrão no preço para cima. Inclusive, até a divulgação dos dados, novos ataques ao Mar Vermelho por parte do Houthis (que você pode entender melhor aqui) fizeram com que a commodity começasse o dia em alta.

Mas as informações dos EUA jogaram contra o preço do barril. O Brent cedeu 1,01%, a US$ 76,80. E PETR4 (-0,92%) foi junto, ajudando a puxar o Ibov para baixo.

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EUA

Tem horas que a grama do vizinho é, de fato, mais verde. Foi um bom dia para o mercado americano. Além dos 0,57% para o S&P, a Nasdaq fechou ainda melhor: 0,75%.  

Isso mostra um certo otimismo: investidores indo às compras na expectativa de que o CPI venha manso amanhã, “encorajando” o Fed a iniciar os cortes dos juros por lá ainda em março.   

Além disso, o mercado também acompanhou de ouvido grudado no radinho de pilha as falas de John Williams, dirigente do Fed de Nova York.

A opinião de Williams é que o Fed terá de manter sua política monetária num patamar restritivo “durante algum tempo”, para que o equilíbrio da economia do país seja restabelecido e que a inflação do país volte à meta de 2%. 

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O tom do dirigente foi cauteloso (como de praxe). Para ele, o cenário permanece incerto, e só será apropriado cortar os juros quando o Fed confiar que os preços estão caminhando em direção à meta de maneira sustentável.

Fora o mais do mesmo, houve trechos claramente otimistas na fala. Williams acredita que a inflação americana caia a 2,25% neste ano – um pouco abaixo da média dos dirigentes do BC americano (dot plot), que aponta para 2,40%. E, claro, mais próximo da meta do Fed, de 2% – que, para ele, será conquistada em 2025 (já a média só espera isso para 2026).  

Por hoje, é isso. Até amanhã, com dia de agenda cheia 😉

MAIORES ALTAS

Embraer (EMBR3): 3,66%

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Eletrobras (ELET6): 3,03%

Eletrobras (ELET3): 2,59%

Natura (NTCO3): 2,32%

Magazine Luiza (MGLU3): 2,11%

MAIORES BAIXAS

MRV (MRVE3):-4,71%

CVC (CVCB3): -4,41%

Prio (PRIO3): -4,17%

Braskem (BRKM5): -4,09%

Pão de Açúcar (PCAR3): -3,83%

Ibovespa: -0,46%, a 130.841,09 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,57%, aos 4.783 pontos

Nasdaq: 0,75%, aos 14.969 pontos

Dow Jones:0,45%, aos 37.695 pontos

Dólar: -0,3%, a R$ 4,8916

Petróleo

Brent: -1,01%, a US$ 76,80

WTI: -1,20%, a US$ 71,37 

Minério de ferro: -3,02%, cotado a US$ 134,11 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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