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Com ajuda de ‘oi, sumido’ de estrangeiros, Ibov volta aos 105 mil pontos

Novembro não está nem na metade, mas já é o mês com maior ingresso de recursos. No ano, a sangria é de R$ 82 bilhões.

Por Luciana Lima e Tássia Kastner
Atualizado em 19 jan 2021, 12h27 - Publicado em 10 nov 2020, 20h02

Até pouco tempo atrás, o Brasil era um contatinho esquecido na lista dos investidores gringos. Um contatinho para fugir, na verdade. Só em julho, por exemplo, os estrangeiros sacaram R$ 8,4 bilhões do Ibovespa. A fuga só não foi pior do que em março, estouro da pandemia, quando R$ 24,2 bilhões de investimentos gringos saíram da bolsa.

Entretanto, depois de tantos meses de ghosting, sem responder sequer com um emoji as mensagens de saudades dos brasileiros, o ‘Oi, sumido’ chegou. É que, desde outubro, os gringos reacenderam o interesse pelo índice tupiniquim. Só no pregão de sexta-feira passada, dia 6, houve um ingresso de R$ 420,3 milhões de dinheiro estrangeiro na bolsa.

Novembro é, por enquanto, o mês mais positivo quando o assunto são os investimentos estrangeiros, R$ 3,256 bilhões no acumulado. E olha que nem chegamos na metade. O patamar não recupera o acumulado no ano, que ainda está no negativo em R$ 81,6 bilhões, mas é superior ao registrado em outubro, quando o fluxo entre os saques os depósitos ficaram no azul em R$ 2,867 bilhões.

E isso ajuda a explicar a alta da bolsa brasileira. Estamos, se você já perdeu as contas, no 6º pregão seguido de alta. Hoje o Ibov encerrou o pregão ganhando +1,50% e de volta aos 105 mil pontos. Olha, o Ibov não fechava nessa marca desde o final de julho. Copo meio vazio, ainda estamos 10% abaixo do fechamento de 2019.

A razão para esse interesse repentino, infelizmente, não são os atributos do Brasil. Por aqui, o caos doméstico ainda é protagonista. Quer um exemplo? Hoje, durante um evento online realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu botar o terror dizendo que o Brasil pode ir para uma hiperinflação muito rápido, caso não consiga rolar a dívida pública de modo satisfatório. E que é essa dívida que dificulta a obtenção de recursos para programas de transferência de renda. Era uma clara menção ao Renda Brasil, novela que até agora não teve um desfecho. 

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Mesmo admitindo as dificuldades para conseguir financiar programas de transferência de renda, minutos depois, dessa vez em um evento da Bloomberg, Guedes declarou que o auxílio emergencial pode voltar a ser pago no ano que vem, diante de uma segunda onda de contaminações pelo coronavírus.

Dentro ou fora do teto de gastos? Ninguém sabe. Porque sequer o orçamento para 2021 saiu do papel. Ontem mesmo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, colocou em dúvida se ele seria votado ainda esse ano.  E o Rodrigo Maia, em entrevista à CNN também ontem, foi categórico: “Sem as reformas em janeiro, o Brasil vai explodir”. 

Diante de todos esses fatores, dá pra dizer que os motivos que trouxeram os investidores de volta à B3 foram mais porque os gringos estavam felizes, otimistas com a vitória do Biden, nos Estados Unidos, e com os avanços nos estudos clínicos das vacinas contra o coronavírus. É igual quando você toma uns drinks a mais e todo mundo fica bonito, sabe?

Mas o efeito do álcool já tá passando e as bolsas estão reduzindo a euforia. Hoje, por exemplo, Nasdaq e S&P 500 terminaram no negativo. Respectivamente, -1,37% e -0,14%. O movimento foi puxado pelas big techs que, desde ontem, perderam o brilho com a realização de lucros por parte dos investidores. Amazon caiu -3,42%, Facebook perdeu -2,27% e Microsoft tombou outros -3,37%. 

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Nos EUA, só o Dow Jones escapou das baixas. É que as big techs têm menor peso no índice, o que ajuda a escapar da liquidação, que dessa vez é isolada. Além disso, contribuiu a alta da farmacêutica Eli Lilly. É que os reguladores americanos autorizaram o uso emergencial de um medicamento que supostamente produz anticorpos contra o coronavírus, desenvolvido pela companhia.

Com isso, a Eli Lilly viu suas ações saltarem quase 3% e o Dow Jones subiu +0,90%. Mas, como não é todo dia que a ciência encontra um tratamento eficaz para o coronavírus, ninguém garante que ele também não seja tragado pelo pessimismo diante da segunda onda de coronavírus na Europa e nos EUA, que começa a ser lembrada pelos investidores. E que os gringos arquivem de novo as conversas com o BR.

Maiores altas

Ultrapar: +8,45%%

Petrobras ON: +7,95%

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Santander: +7,66%

Ambev: +6,96%

Petrobras: +6,80%

Maiores baixas

BW2: −8,31%

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Totvs: – 6,81%

Gerdau: −5,32%

CSN: −4,49%

Magazine Luiza: – 4,53%

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Dólar: estável +0,02%, a R$ 5,39

Petróleo:

Brent: +3,63%, a US$ 43,94

WTI: +2,66% a US$ 41,36

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