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CMN decide nesta semana mudança na meta de inflação

Plano mais provável é manter o alvo de 3%, mas flexibilizar a janela de cumprimento da meta. No exterior, Putin, China e Alemanha podem azedar Ibovespa.

Por Tássia Kastner, Júlia Moura
26 jun 2023, 08h05

Bom dia!

Foram seis meses de queda de braço sobre a meta de inflação: nesta semana, porém, a batalha termina. É que o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne na quinta para decidir a meta de 2026. Mais importante do que isso, trata-se da reunião que definirá o que fazer nos próximos anos, em que o alvo para a inflação está fixado em draconianos 3%.

No começo do ano, falava-se em subir a meta. Agora, essa possibilidade perdeu força e o plano é mais “pró-mercado”. Fernando Haddad, que chefia o CMN ao lado de Simone Tebet (ministra do Planejamento), e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, planeja mudar a janela de tempo para o cumprimento da meta.

O Brasil é mais radical que outros países que adotam regime de metas de inflação. Aqui, o Banco Central precisa prestar contas sobre entregar a meta todo final de ano, o que acaba forçando subidas de juros mais aceleradas para, bem, ao menos tentar entregar o resultado esperado. 

Só que isso acaba forçando uma asfixia da economia sem que necessariamente a inflação seja mais bem controlada. Daí o plano que vem sendo ventilado lá de Brasília é que a meta não siga mais o ano calendário, mas que passe a ser contínua. Isso daria mais tempo para o BC agir com calma, mais ou menos o que bancos centrais de países ricos vêm fazendo.

A gente explicou o debate por trás da mudança da meta de inflação nesta reportagem aqui.

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O suspense do encontro do CMN será em um dia de agenda mais fraca no Brasil, já que parlamentares tiram uma folga informal nesta semana e migram para o Nordeste, nas festas juninas. 

Ainda assim, a divulgação do IPCA-15, amanhã, pode trazer algum sinal novo para a Faria Lima.

No exterior, a semana começa com ânimos azedos, com futuros em Wall Street no negativo e bolsas europeias também com perdas.

A revolta da milícia russa contra Putin, ainda que curta, deixou um clima de suspense no ar sobre os rumos da guerra, a força do presidente russo, e, claro, o abastecimento de petróleo. 

Nesta segunda, o Ifo, índice que mostra as expectativas dos industriais na Alemanha, recuou muito além do esperado, um sinal da dificuldade de recuperação da maior economia da Europa após o choque nos preços de energia, durante o inverno.

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Na China, persistem as dúvidas sobre o estado da economia e como isso deve afetar o crescimento global. Nos EUA, a sinalização de Jerome Powell de que os juros ainda vão subir mais é a outra fonte de medo de recessão, assunto que passou alguns meses dormente entre investidores.

Na semana passada, o Ibovespa completou sua mais longa série de altas semanais da história, segundo o Valor Econômico. Resta saber se, com tanto pessimismo de fora, as boas notícias domésticas – e alguma calmaria – serão suficientes para renovar o recorde. Bons negócios.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,14%

Futuros Nasdaq: -0,22%

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Futuros Dow Jones: -0,05%

*às 8h

market facts
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Nova Via

A reestruturação da Via (VIIA3) segue a todo vapor. Depois de mudar CEO, CFO e vários outros diretores do alto escalão, a companhia estuda lançar um follow-on ainda este ano, segundo reportagem do Estadão. O objetivo é reduzir a dívida líquida de R$ 500 milhões da varejista — equivalente a 20% do Ebitda dos últimos 12 meses — e alongar os vencimentos. Mesmo após rolar R$ 1,1 bilhão em debêntures por dois anos, 41% do endividamento ainda é de curto prazo. Os papéis da companhia não reagiram muito bem à notícia, afinal, uma oferta de ações significa diluição na participação, e fecharam em queda de 4,42% na sexta.

Agenda
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8h25: Boletim Focus

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8h30: BC divulga saldo de transações correntes e investimento direto estrangeiro no país, referentes a maio

14h30: Portugal sedia Fórum do Banco Central Europeu, com falas da presidente do BCE, Christine Lagarde, e da primeira vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath

Europa
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    • Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,06%
    • Londres (FTSE 100): -0,30%
    • Frankfurt (Dax): -0,27%
    • Paris (CAC): 0,07%
    Fechamento na Ásia
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    • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,41%
    • Hong Kong (Hang Seng): -0,51%
    • Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,25%
    Commodities
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    • Brent:* 0,56%, a US$ 74,26
    • Minério de ferro: -0,44% a US$ 110,20 por tonelada na bolsa de Dalian

    *às 7h58

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    Orgulho?

    Mais de 3.500 trabalhadores da Starbucks vão entrar em greve na próxima semana nos EUA, afetando 150 lojas. Segundo o sindicato dos baristas da companhia, a paralisação é em protesto à proibição de decorações referentes ao Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, celebrado em junho, nas lojas. A empresa negou as alegações e disse que incentiva os gerentes a celebrarem a data, desde que as diretrizes de segurança sejam seguidas. A polêmica é mais uma envolvendo o Mês do Orgulho e grandes companhias. Entenda o revés nesta reportagem da Reuters traduzida pela Folha de S.Paulo.

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