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China e arrecadação ajudam o Ibovespa a fincar o pé no azul: 1,31%

Pacote chinês de "resgate" à bolsa anima os papéis da Vale, que sobem 2%. Arrecadação de dezembro também contribui para o bom humor do dia.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 23 jan 2024, 18h58 - Publicado em 23 jan 2024, 18h55
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Imagina se fosse aqui. O governo pega e diz que vai comprar quase US$ 300 bilhões em ações para ajudar a bolsa a subir. Pouco ortodoxo, para dizer o mínimo. Mas é o que deve acontecer na China, de acordo a Bloomberg. 

O site ouviu de fontes ligadas ao governo, que preferiram não se identificar: Pequim pretende usar até 2 trilhões de yuans (US$ 278 bilhões) para comprar ações listadas na bolsa de Hong Kong – a grana pertencem a estatais chinesas, e está depositada em contas fora do país. 

Tudo para tirar a bolsa chinesa do buraco. O índice CSI 300 chegou ao seu pior nível em 5 anos nesta semana. A ideia, então, seria interromper esse ciclo de baixa para tranquilizar os pequenos investidores – uma medida anticíclica na veia.

E pesada. US$ 278 bilhões correspondem a grossos 7% do market cap da bolsa de Hong Jong (US$ 4 tri). E trata-se de um valor ainda mais razoável na comparação com o volume diário de negociações: em torno de US$ 13 bilhões.

Aconteça o que acontecer, o fato é que a Vale respondeu bem. A empresa com maior peso no Ibovespa (13%), e que depende de suas vendas para a China, fechou em alta de 2,06%, ajudando a colocar o índice no azul: bons 1,31%, aos 128.262 pontos. 

A Petrobras (PETR4) também ajudou: alta de 1,25%, mesmo com a queda de 0,63% do petróleo. Na ausência de justificativas claras, uma interpretação possível é a de que a estatal será pressionada a carregar nos dividendos para ajudar o governo federal a fechar as contas – numa realidade em que Lula e cia não se cansam de encontrar novas formas de gastar, caso do plano “Nova Indústria Brasil”, anunciado ontem. 

Mas se por um lado o ralo de dinheiro cresce, parece que tem saído mais grana da torneira. Vejamos aqui.

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Arrecadação melhor do que a encomenda

Hoje saíram os dados de arrecadação do governo em 2023. No ano, ela foi de R$ 2,318 trilhões – queda de 0,12% em termos reais (descontando a inflação) na comparação com 2022. Até aí, jogo jogado.

O que surpreendeu foi a arrecadação de dezembro: R$ 231,225 bilhões – 5,15% de alta na comparação anual, 2,88% acima da mediana das expectativa (R$ 224,750 milhões) e pesados 28,18% a mais do que em novembro.

A tributação dos fundos exclusivos, que começou em dezembro, deu sua ajuda: R$ 3,9 bilhões. A lei agora determina uma taxação de 15% sobre os ganhos desses fundos, destinados a super ricos (e de 20% nos fundos exclusivos de curto prazo, com duração de até um ano e liquidez maior) via come-cotas, como acontece com os fundos dos mortais comuns.

Bom, a receita deu a opção de um imposto menor para quem topasse aderir ao come-cotas em dezembro: só 8% sobre os rendimentos obtidos até novembro. E só isso já rendeu os R$ 3,9 bilhões. Uma amostra de que há mais água para sair dessa fonte – e que ajudou na alta do Ibovespa, já que alivia um pouco o receio com a disciplina fiscal do governo (independentemente do efeito desse temor sobre as ações da Petrobras). 

Frigoríficos em alta

Minerva (BEEF3) acumula uma queda de quase 50% nos últimos 12 meses. Hoje, fechou entre as maiores altas do dia, com 5,63%. BRF (BRFS3), que sobe quase 90% desde janeiro do ano passado, também garantiu um lugar no pódio de hoje: 7,11% – ambas só perderam para o IRB (IRBR3), que foi para as alturas (10,60%) depois de anunciar lucro de R$ 24 milhões em novembro, revertendo um prejuízo de R$ 48,5 milhões no mesmo mês do ano anterior. 

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Mas o que aconteceu com os frigoríficos? O seguinte: o BTG divulgou um relatório otimista para o setor, prevendo que os balanços do 4T23, a serem divulgados neste início de ano, virão melhores do que o mercado espera. 

A análise também ajudou a alavancar a JBS (elita como top pick do setor pelo BTG): 2,45%. Marfrig (MFRG3), a acionista controladora da BRF (50,06% dos papeis), ficou em 1,85%. 

EUA: a virada dos pessimistas

Lá fora, para finalizar, renova-se o mau humor com a resiliência dos juros. Os Treasuries de 10 anos avançaram de 4,10% ontem para 4,14% hoje. Há um mês, pela pesquisa diária da CME, só 12% dos investidores acreditava que não haveria corte na reunião de março do Fed (ou seja, que a “Selic” gringa seguiria nos atuais 5,5%). Hoje, esse grupo já forma a maioria: 52,6%. Uma senhora virada.   

E é isso. A vida vem em ondas. O mercado financeiro, em tsunamis. 

Até amanhã. 

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MAIORES ALTAS

IRB (IRBR3): 10,60%

BRF (BRFS3): 7,11%

Minerva (BEEF3): 5,63%

Hapivida (HAPV3): 3,96%

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Grupo Soma (SOMA3): 3,57%

 

MAIORES BAIXAS

3R (RRRP3): -2,13%

Pão de Açúcar (PCAR3): -1,86%

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Casas Bahia (BHIA3): -1,41%

Santander (SANB11): -0,60% 

Bradesco (BBDC4): -0,52% 

 

Ibovespa: 1,31%, aos 128.262 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: 0,29%, aos 4.864 pontos

Nasdaq: 0,43%, aos 15.425 pontos

Dow Jones: -0,25%, aos 37.906 pontos

 

Dólar: 0,64%, a R$ 4,9552

 

Petróleo

Brent: -0,63%, a US$ 79,55

WTI: -0,52%, a US$ 74,37

 

Minério de ferro: 1,42%, a US$ 136,20 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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