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Câmara vota hoje a PEC Kamikaze. Entenda o que está em jogo para o Ibovespa.

O risco fiscal se junta à ameaça de lockdown na China e à inflação americana no combo de problemas que assombra a bolsa brasileira.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 12 jul 2022, 08h11 - Publicado em 12 jul 2022, 08h10

Bom dia!

Os deputados federais devem votar, hoje, a “PEC Kamikaze”, ou “PEC das bondades”, que amplia o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e institui uma série de benefícios para a população, como vouchers para caminhoneiros e taxistas, entre outras medidas.

Como este ano tem eleições, o texto também institui um estado de emergência, para possibilitar a ampliação do pagamento dos benefícios em ano eleitoral, o que é vedado pela legislação. A justificativa usada é que a economia passa por um período “imprevisível” e “extraordinário” por conta do aumento do preço dos combustíveis. 

No total, serão R$ 41,25 bilhões de bondades. E o custo inflacionário dessa série de medidas eleitorais será alto. O IPCA em 12 meses está em 11,89%, e os juros futuros  – as apostas do mercado sobre qual será a Selic no futuro – seguem subindo com a perspectiva que o governo já abandonou qualquer responsabilidade com o controle das contas públicas em prol da reeleição.

Mas o risco fiscal não é o único problema enfrentado pelo Ibovespa. Não dá para encontrar conforto nos EUA, onde os índices futuros abriram em queda hoje enquanto os investidores americanos esperam o CPI, o índice de inflação, de julho, que é divulgado amanhã. As expectativas não são otimistas, e o mercado continua enfrentado ameaça de recessão por lá.

As notícias vindas da China são ainda menos animadoras, onde as ameaças de novas restrições para conter a Covid-19 seguem derrubando a demanda mundial por commodities. O minério de ferro amanheceu em queda de quase 5% na bolsa de Cingapura nesta terça-feira; ontem, o preço já havia despencado e levado consigo o pesado setor de mineração e siderurgia do Ibovespa: a Vale, por exemplo, caiu 3,41%.

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Esse combo de problemas tira gás na bolsa brasileira. Em junho, a B3 registrou um volume de negócios 25% menor em relação ao mesmo período do ano passado; de maio para cá, o valor caiu 8,7%. Ontem, o pregão somou apenas R$ 16,5 bilhões, bem abaixo da média de R$ 27 bi. 

Bons negócios.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,60%

Futuros Dow: -0,68%

Futuros Nasdaq: -0,38%

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às 08h02

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,87%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,66% 

Bolsa de Frankfurt (Dax): -1%

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Bolsa de Paris (CAC): -0,50%

*às 8h03

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,94%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,77

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Hong Kong (Hang Seng): -1,32%

Commodities

Brent*: -2,61%, a US$ 104,30

Minério de ferro: -4,43%, cotado a US$ 107,80 por tonelada em Cingapura

*às 7h49

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Agenda

14h Câmara deve votar PEC dos benefícios nesta tarde

market facts

Aéreas em baixa

As companhias aéreas estiveram entre as maiores baixas do pregão de ontem: a Gol derreteu 11,79%, a R$ 7,48, e a Azul caiu 7,55%, a R$ 11,51. É o pior desempenho das ações de ambas as companhias desde março de 2020. No início da pandemia, as ações da Gol caíram para a mínima de R$ 5,60, e os papéis da Azul chegaram a custar R$ 10,35. Agora, os inimigos da vez são a alta do dólar e o receio de recessão global. As aéreas têm seus custos em combustível e leasing (uma espécie de aluguel) de aeronaves atrelado à moeda americana – por isso, dólar mais forte significa orçamento mais apertado. Ontem, o mau humor do mercado foi potencializado pelo comunicado de que, por causa de aumentos dos custos, a Gol prevê prejuízo para o segundo trimestre de 2022. No ano, os papéis da Gol acumulam queda de 55,3%, e os da Azul 52,8%.

Vale a pena ler:

Uber Files

O jornal britânico The Guardian teve acesso a documentos que denunciam estratégias ilegais de expansão da Uber em 40 países entre 2013 e 2017, período em que a empresa se tornou uma gigante do Vale do Silício. A Uber é acusada de passar por cima de normas e autoridades de transporte locais e negociar diretamente com grandes figuras políticas – entre elas Joe Biden e Emmanuel Macron. A Folha destrincha os achados da investigação aqui. Se preferir a reportagem original, em inglês, está aqui

Crise no Sri Lanka

A escalada global da inflação fragilizou mais ainda a economia do Sri Lanka. Mas boa parte da crise econômica do país é responsabilidade da má gestão do próprio governo. Por isso, no último final de semana milhares de manifestantes invadiram a residência oficial e o escritório do presidente, exigindo sua renúncia. Esta reportagem do New York Times explica as origens da crise no país. 

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