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Briga com o México e queda de 4%: tinha que ser a Braskem mesmo

Petroquímica sofre com a suspensão de fornecimento de gás natural. Já a Petrobras e a esperança na chegada das vacinas mantêm o Ibov nos 111 mil pontos.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
Atualizado em 20 jan 2022, 16h50 - Publicado em 2 dez 2020, 19h37

O Brasil e o México já se enfrentaram cinco vezes na Copa do Mundo e a seleção mexicana nunca ganhou da nossa – teve um empate lá em 2014, mas vitórias mesmo só do time verde e amarelo. Se não dá para vencer dentro do campo, que tal olhar para fora, no mundo dos negócios? Dessa vez, deu ruim para os canarinhos. 

A Braskem Idesa (a subsidiária da companhia petroquímica brasileira) paralisou as operações no México depois que ficou sem matéria-prima para a produção. O motivo foi a suspensão no serviço de transporte de gás natural pelos dutos do país, controlados por uma agência estatal. 

A empresa afirma que foi notificada da paralisação do fornecimento, mas não divulgou os motivos. A companhia vinha às turras com o governo de López Obrador, ou AMLO, como ficou conhecido o presidente. Em novembro, ele anunciou que pretendia suspender um contrato firmado entre a companhia e a petroleira estatal mexicana Pemex para fornecimento de outro produto, o etano, e tudo isso passa por suspeitas de corrupção.

O fato é que está tudo parado, nada de produção de plástico. E aí nada de receita, o que pode impactar os resultados financeiros da empresa no quarto trimestre. A novela mexicana fez com que as ações caíssem 4,87% hoje.

Só que os investidores da Braskem não estão podendo passar por esse tipo de emoção. No ano, a desvalorização da empresa já é de 25,61%.

E aí é preciso lembrar que a companhia está em uma fase complexa. Para começar, ela teve prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre. O resultado negativo está relacionado a problemas geológicos em Alagoas. Por problemas geológicos, entenda o seguinte: em 2018, quatro bairros inteiro afundaram lá na capital Maceió e 9 mil casas foram interditadas. A empresa precisa indenizar as famílias da região, e o custo para resolver esse problema já soma R$ 3,56 bilhões. 

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E quando a Braskem tem um problema, mais gente fica em apuros. A Odebrecht é uma das acionistas da petroquímica e colocou a companhia à venda para pagar uma parte do que deve a credores, depois que entrou com o maior pedido de recuperação judicial da história do país. É só uma parte do que deve, porque o total das dívidas é de R$ 98,5 bilhões. 

Só que é aquilo: quando o valor de mercado da Braskem cai na bolsa, menor o potencial de ganho com a venda da empresa e menos dinheiro vai pingar na conta dos credores. Bad news.

Não que o Ibovespa tenha se importado com as notícias ruins da Braskem. Depois de muito sobe e desce, a bolsa fechou no positivo, 0,43% a 111.878 pontos. A alta foi puxada pelo desempenho da Petrobras. As ações da companhia valorizaram 1,2%, seguindo o movimento internacional da commodity: o petróleo tipo Brent subiu 1,66%, com o barril cotado em US$ 48,19; já o tipo WTI subiu 1,63% (US$ 45,28). 

Outro motivo é que os investidores continuam animados com o avanço das vacinas contra a covid-19. Pela manhã o Reino Unido autorizou o uso emergencial da vacina desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech. A partir da semana que vem serão fornecidas 40 milhões de doses – o suficiente para imunizar um terço da população da região.

Aqui no Brasil, o ministro da saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou que o país vai receber 15 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford. Sim, é a vacina que teve erros nos testes da fase 3 – que é a última etapa antes da aprovação pelas agências regulatórias. Parte dos voluntários recebeu uma dose menor, o que colocou todo o resultado em xeque. 

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Bom, as primeiras doses devem chegar em janeiro e já existe um acordo para outras 300 milhões de doses. Por causa disso, a Câmara aprovou a MP que destina R$ 1,9 bilhão para a compra de 100 milhões doses da vacina. 

Isso influenciou os papéis do setor de turismo, o mais afetado pela pandemia. As companhias aéreas Gol e Azul dispararam 5,36% e 4,06%, respectivamente; já a CVC teve alta de 3,98%. 

A esperança na vacina é a última que morre.

Maiores altas

Hering: 6,13%

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Gol: 5,36%

B3: 4,97%

Notre Dame: 4,38% 

Eletrobras: 4,37%

 

Maiores baixas

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Suzano: -5,01%

Braskem: -4,87%

PetroRio: -4,38%

Klabin: -2,59%

Raia Drogasil: -2,52%

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Wall Street
Nasdaq Composite: -0,05%, 12.349  pontos

S&P 500: + 0,18%, a 3.668 pontos

Dow Jones: +0,20%, a 29.884 pontos

 

Dólar: +0,27%, cotado a R$ 5,24

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