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BRF (BRFS3) dispara com aporte de R$ 4,5 bilhões

Ações do frigorífico saltaram 11,83% com a notícia da capitalização; Ibovespa patina com mercado de trabalho forte nos EUA e à espera da aprovação de um novo teto para a dívida americana.

Por Júlia Moura
Atualizado em 31 Maio 2023, 18h08 - Publicado em 31 Maio 2023, 18h08

A endividada BRF (BRFS3) recebeu uma bela ajuda do seu principal acionista. A Marfrig (MRFG3) irá colocar dinheiro na companhia e puxou o poderoso Salic, fundo soberano da Arábia Saudita, para ajudar. Ambos se comprometeram a injetar R$ 4,5 bilhões na BRF. 

Se aprovado em assembleia, o movimento dará a Marfrig 38,7% da BRF (BRFS3). É um ponto sensível. Hoje, a companhia de Marcos Molina tem 33% de participação, o limite antes de acionar a  “poison pill”, cláusula que limita investidores tomarem de assalto empresas de capital pulverizado. Por isso, o aumento da participação de Molina terá que ser aprovado em assembleia de acionistas. Esse é mais um passo em direção à ideia de longa data do empresário: a fusão das companhias, apesar do fundador da Marfrig dizer que não tem interesse em interferir na BRF.

Já o Salic vai ampliar sua participação em companhias brasileiras. O fundo já é dono de 25% da Minerva.

O aumento de capital se dará via emissão de novas ações, que irão para a Marfrig e para o Salic. Serão 500 milhões de papéis, a R$ 9 cada um. Hoje, as ações da BRFS3 saltaram 11,83% com a notícia, a R$ 8,13, e ficaram ali na segunda maior alta do dia. A Marfrig subiu xx%, terceira colocada. A CVC, que acabou de perder seu CEO e ainda não encontrou um substituto, liderou o ranking com uma alta de 13,42%, após a sanção da lei que a isenta de pagar PIS/Cofins. A Minerva (ó o Salic aí) subiu 3,86%.

Para arcar com a compra das ações da BRF, a Marfrig irá contar com a injeção de R$ 1,5 bilhão a R$ 2,25 bilhões de Molina, também via emissão de novas ações.

Segundo a XP, a capitalização vai ajudar a reduzir a alavancagem da companhia, que é de 3,35 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses. Ou seja, uma dívida três vezes maior que o resultado operacional que ela gera. Ao fim do primeiro trimestre, quando teve um prejuízo de R$ 1 bilhão, o endividamento líquido da dona de Sadia e Perdigão era de R$ 15,3 bilhões (3,4 vezes mais que o aporte).

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“Traz alívio ao caixa da companhia. No entanto, ainda não está claro quanto da atual dívida poderá ser quitada”, escreveram os analistas da XP Leonardo Alencar e Pedro Fonseca. 

O top five foi pouco para salvar o dia. O Ibovespa fechou em queda de 0,58%, com o peso negativo do exterior. Além disso, a atividade econômica na China caiu inesperadamente em maio. No mês que se encerra hoje, o Ibovespa acumulou alta de 3,74% %. Em 2023, cai 1,28%. Mas vamos ao que está rolando nos EUA.

Emprego e calote

Nesta quarta, o relatório Jolts – pesquisa mensal feita pelo governo dos EUA junto a empregadores que mostra a quantidade de vagas de trabalho abertas no período – indicou que o mercado de trabalho americano segue firme e forte. Em abril foram abertas 10,10 milhões de vagas, mais do que as 9,48 milhões esperadas. Ou seja, o juro a 5,25% ao ano no país ainda não está desacelerando as contratações e o desemprego segue quase nulo, o que leva os preços a seguirem altos. Daí, o Fed não tem muita saída, tem que continuar aumentando a taxa de juros.

Foi isso que o mercado precificou pela manhã. As apostas para uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros agora em junho eram maioria.

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Até que dois dirigentes do Fed que votam na decisão de política monetária, Phillip Jefferson e Patrick Harker, botaram a boca no trombone e deixaram os investidores mais calmos.

“Podemos manter o juro em junho para analisar o cenário antes do próximo passo, o que não significa fim do aperto monetário”, disse Jefferson.

“Estou entre aqueles que acham que podemos pular a reunião de junho. Seria um salto, não uma pausa. Devemos desacelerar o mercado de trabalho, sem destruí-lo, para controlar inflação”, afirmou Harker.

Após as declarações, o mercado voltou a botar fé em uma manutenção dos juros em junho, com 70% das apostas. Para julho, a expectativa da maioria é que o juro vá para 5,5%.

Mesmo com os Fed boys tranquilizando o mercado, o S&P 500 recuou 0,60%. Isso porque investidores seguem tensos quanto à possibilidade de os EUA darem calote. 

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Está prevista para hoje a votação na Câmara que aumenta o teto da dívida nos EUA, evitando que o país deixe de arcar com suas obrigações. 

Depois de aprovado, o projeto vai ao Senado, onde a aprovação deve ser mais fácil, já que a maioria é democrata. A previsão é que a tramitação siga até o fim de semana. A estimativa é que na segunda, dia 5, o dinheiro do Tesouro americano vai secar. Tique-taque…

Até amanhã!

MAIORES ALTAS

CVC (CVCB3): 13,42%

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BRF (BRFS3): 11,83%

Marfrig (MRFG3): 6,24%

Azul (AZUL4): 4,98%

Minerva (BEEF3): 3,86%

 

MAIORES BAIXAS

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Assaí (ASAI3): -4,19%

Tim (TIMS3): -2,85%

Locaweb (LWSA3): -2,54%

CPFL (CPFE3): -254%

Telefônica Brasil (VIVT3): -2,53%

 

Ibovespa:  -0,58%, aos 108.335 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: -0,60%, aos 4.180 pontos

Nasdaq: -0,63%, aos 12.935 pontos

Dow Jones: -0,40%, aos 32.911 pontos

 

Dólar: 0,61%, a R$ 5,0730

 

Petróleo

Brent: -1,50%, a US$ 72,60

WTI: -1,97%, a US$ 68,09

 

Minério de ferro:-0,42%, negociado a US$ 100,05  por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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