Bolsas navegam sem Nova York – e podem ficar sem rumo
Investidores esperam dados de inflação, que saem na sexta, de olho nos efeitos que a alta do dólar poderá ter daqui para frente.
Bom dia!
É feriado nesta segunda-feira em Nova York, o que tende a deixar os mercados globais sem direção. Investidores estão ainda mais dependentes dos rumos da economia americana e de Wall Street agora que a maior preocupação é com o risco de uma recessão no país.
A pausa nos EUA, no entanto, pode ser bem vinda para o Brasil, que precisa lidar com as próprias mazelas. Por aqui, economistas começam a rever suas projeções para o crescimento econômico baseados em dois pontos principais.
- A economia tem sido um pouco mais resiliente do que esperado;
- O pacotaço eleitoral que queima R$ 42 bilhões deve ser aprovado a toque de caixa pela Câmara nesta semana.
Uma injeção de estímulos dessa magnitude em curto espaço de tempo deve evitar que a economia brasileira se retraia neste ano, como era esperado. O Valor Econômico detalha aqui.
Só tem um problema. Isso não é de todo bom, já que a retração deve vir no próximo ano de qualquer maneira – e com uma dívida pública ainda maior.
E com um problema adicional. A inflação. A torneira aberta do governo prende o Banco Central em um trabalho de Sísifo. Ele sobe juros para tirar dinheiro da economia e conter a inflação, o governo despeja do outro lado. Não resolve.
O IPCA de junho será divulgado na sexta-feira quase sem sentir o alívio do corte de impostos sobre os combustíveis, medida que entrou em vigor no finalzinho do mês passado.
Tem mais um risco: o receio de torneira aberta do lado fiscal deixa investidores ariscos. E eles debandam do país. Isso faz o dólar subir, deixando produtos importados, alimentos e combustíveis mais caros. Pega também na inflação. O dólar fechou a semana passada em R$ 5,32, patamar que não era visto desde fevereiro do ano passado.
Talvez o dia de folga em Nova York seja bom. Investidores têm tempo de digerir os dilemas domésticos antes de a aventura da semana começar para valer.
As bolsas americanas não abrem nesta segunda
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,69%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 1,07%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,43%
Bolsa de Paris (CAC): 1,04%
*às 7h44
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,66%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,84%
Hong Kong (Hang Seng): -0,13%
Brent*: -0,40%, a US$ 108,00
Minério de ferro: -4,34% em Singapura, a US$ 109,20 por tonelada
*às 7h46
Agenda esvaziada
Comprar ou não?
Na última quinta-feira, o Fleury confirmou a fusão com o Hermes Pardini, algo definido por bancos de investimento como uma união há muito tempo esperada. Os investidores gostaram da notícia: no dia do anúncio, os papéis FLRY3 fecharam em alta de 16,10%, a R$ 16,30, e PARD3 subiu 18,99%, a R$ 19,99. Tão esperada, que pouco mudou na avaliação das companhias. O BTG decidiu permanecer neutro sobre a operação. O Fleury precisará fazer um aumento de capital para pagar a aquisição do concorrente, e isso tende a diminuir a participação dos grandes acionistas na nova companhia. O BofA também disse que a operação é positiva para as companhias, sem mexer em suas recomendações para os papéis. Já o Safra mudou a recomendação do Hermes Pardini de neutro para compra. No anúncio da fusão, o Fleury topou pagar 14% mais que o valor de mercado da atual companhia.
OneCoin
Ruja Ignatova prometia democratizar o acesso às criptomoedas e incluir os desbancarizados no sistema financeiro. Com esse discurso, ela fundou a OneCoin, uma criptomoeda falsa que adquiria valor à medida que os compradores conseguissem vendê-la para mais pessoas. Era um esquema de pirâmide. Em 2017, ela sumiu do mapa com US$ 500 milhões. Este podcast da BBC, de 2019, contou a história da OneCoin e investigou o paradeiro de Ruja. Agora, ela foi incluída na lista dos 10 mais procurados do FBI. A BBC escreveu sobre isso aqui.