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Bolsas americanas estão sem rumo. Já o Brasil está (quase) sem combustível

ANP afirma que consumo de diesel está acima do que vinha sendo estimado. O que só aumenta o risco de desabastecimento – e de impacto na inflação.

Por Tássia Kastner
1 jun 2022, 08h28

“Eu estava errada sobre o rumo que a inflação tomaria.” Essa foi a frase de Janet Yellen, presidente do Tesouro americano, dita ontem. Antes tarde do que nunca. Há meses a inflação dos EUA ronda o maior patamar em 40 anos. A mesma coisa rola com os preços na Europa. Por aqui, estamos de volta a 2002.

Não adianta chorar sobre o leite derramado, claro. O lance é saber como os bancos centrais vão limpar a meleca. Nesta quarta, o Fed (o BC americano) divulga o Livro Bege, documento que detalha o estado da economia americana e que serve de base para as decisões de alta de juros.

Não deve causar grandes emoções. Por dois motivos: primeiro que o Fed já indicou que a próxima alta de juros, em 15 de junho, será de 0,50 ponto percentual. O segundo motivo é que o período de junho a agosto é marcado pela redução no volume de negócios nas bolsas americanas. É verão, o período de férias em Wall Street.

Os futuros das bolsas americanas estão voláteis, e trocando de sinal neste começo de manhã.

Melhor não perder os problemas econômicos de vista. Até porque o Brasil depende deles. Por aqui, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou que fará tudo para trazer a inflação de volta à meta. O IPCA anda em 13%, a meta é de 3,50%. Tá longe que só existe um jeito de alcançá-la: colocar o Brasil em recessão.

O mercado financeiro está no modo avestruz, fingindo que o país não está uma bagunça. Só que o problema da inflação ganhou um agravante: o risco de desabastecimento de diesel no segundo semestre. 

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O problema é ainda mais grave do que parecia porque dados na ANP (a agência nacional do petróleo) mostram que o país vinha subestimando o consumo do combustível. 

Segundo reportagem do Poder 360, só no 1º trimestre o país consumiu 200 milhões de litros a mais do que havia sido estimado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Em resumo: se faltar combustível, como a Petrobras vem alertando, os preços vão subir ainda mais porque a escassez é maior que a prevista. E a inflação vai pegar no bolso, por mais que o BC decida continuar a subir juros. É um cenário delicado, e talvez seja bom aproveitar as férias dos nossos amigos americanos para olhar um pouco para o Brasil.

Bons negócios.

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta
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11h EUA divulgam o relatório Jolts, que mostra o número de vagas de trabalho em aberto, e a rotatividade nas empresas

15h Fed divulga Livro Bege, documento que mostra as condições da economia americana.

market facts

Vida de penny stock

Pelas regras da B3, nenhuma ação poderia ser negociada abaixo de R$ 1 por mais de 30 pregões consecutivos. Depois disso, é preciso agir – o mais comum, é que a empresa promova um grupamento de ações. Quatro papéis de R$ 0,50 são convertidos em um de R$ 2. O motivo para combater penny stocks é a volatilidade: uma alta de R$ 0,50 para R$ 1 significa uma valorização de 100%. Para toda regra, a B3 pode criar uma exceção. Desde fevereiro, a OIBR3 não é negociada acima de R$ 1 – fechou ontem cotada a R$ 0,73. Mas a companhia anunciou ontem que recebeu, de novo, um prazo de 30 dias antes de precisar interferir no papel.

Vale a pena ler:

Open to work

A startup Klarna, que levou para o mundo o conceito bem conhecido dos brasileiros de pagamento de compras em prestações sem juros, foi mais uma das empresas tech que demitiu um grande número de funcionários. Os demitidos entraram no centro de uma polêmica. O CEO Sebastian Siemiatkowski publicou a lista de contatos dos novos desempregados em seu LinkedIn sob o pretexto de ajudá-los a encontrar um novo trabalho rapidamente. Pegou mal. Leia a história aqui, publicada pela Bloomberg.

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