Bolsas acordam em alta na super quarta. Bitcoin perde mais 8% em 24 horas
Mercado ensaia ajuste para cima em dia de subida dos juros no Brasil e nos EUA. Cripto ameaça perder o patamar dos US$ 20 mil.

Reunião do comitê de política monetária é a Copa do Mundo no mercado financeiro: todo mundo faz bolão. A diferença é que o bolão aí tem reflexo no mundo real: ele dita a cotação das bolsas.
Quando espera-se que da reunião saia uma alta nos juros, as bolsas caem. No caso dos juros dos EUA, é como se o Neymar da economia deles tivesse quebrado uma perna na semana passada. A inflação de maio veio bem maior que a esperada – 1% (substancialmente maior que a nossa, inclusive, de 0,47%).
Isso mudou os bolões do mercado. Até lá, esperava-se que o Fomc (o comitê de política monetária do Fed) subisse os juros em 0,50 ponto percentual, para 1,50%. Dali em diante, ficou claro para a maior parte dos analistas que o Fed não ficaria quieto diante de uma alta de 1% nos preços. A expectativa para o aumento dos juros na reunião de hoje, então, saltou para 0,75 pp – se for, será o maior acréscimo desde 1994.
Essa virada de chave aprofundou a queda nas bolsas, já que juros em alta são o maior inimigo da renda variável.
Por aqui, o consenso segue apontando para um aumento de 0,50 pp na Selic, pois a inflação de maio veio menor que a esperada. Não faria sentido, então, o Banco Central pesar na mão.
Hoje vamos saber o resultado dos jogos (ou seja, das reuniões) dos dois BCs. É “super quarta” – uma das quartas-feiras nas quais as reuniões dos comitês de política monetária dos EUA e do Brasil acontecem na mesma data (isso só vai acontecer mais uma vez neste ano, em setembro).
E o mercado, pelo jeito, está entendendo que uma alta de 0,75 pp por lá está devidamente precificada (ou seja, que as bolsas já caíram o que deveriam cair), e o mercado amanheceu otimista, com os futuros dos EUA em alta.
Já o Bitcoin segue seu calvário. Por volta das 6h30 operava a US$ 20.180 – menor cotação desde dezembro de 2020. US$ 20 mil é o “patamar mágico” da cripto: o mercado dela passou a crescer exponencialmente quando esse valor foi ultrapassado, há um ano e meio (em novembro de 2021, chegaria a US$ 67 mil). Caso aconteça o inverso, com o Bitcoin caindo abaixo de US$ 20 mil, espera-se uma contração da mesma magnitude no mercado cripto.
No início da manhã, o Bitcoin recuperou um pouco do terreno – estava a US$ 20.639 às 7h55. Mesmo assim, a perda nas últimas 24 horas era de grossos 8%. Nos últimos sete dias, -32%.
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,46%
Futuros Nasdaq: 0,61%
Futuros Dow 0,32%
*às 7h58
Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,05%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 1,37%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,09%
Bolsa de Paris (CAC): 0,91%
*às 7h59
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,32%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,20%
Hong Kong (Hang Seng): 1,14%
Brent: -1,31%, a US$ 119,86
Minério de ferro: -2,45%, a US$ 129,50 por tonelada, em Singapura.
10h Índice de produção industrial, da CNI.
11h30 Estoques de petróleo nos EUA.
15h Decisão do Fed sobre a taxa de juros nos EUA.
Após as 18h30 Decisão do BC sobre a taxa de juros no Brasil.
Selic a 16%??
A Itaú Asset já acredita que a inflação só ficará dentro da meta do ano que vem caso a Selic suba para 16%. Thomaz Wu, o economista chefe da gestora, disse ao Valor que uma Selic em 13,75% (que o mercado entendia como “teto” até outro dia) não é mais suficiente para conter o avanço dos preços.
Tudo por conta das medidas propostas pelo governo para baixar o preço dos combustíveis. Segundo Thomas Wu, só o subsídio ao que os Estados vão deixar de arrecadar com a instituição do no ICMS pode significar um rombo de R$ 85 bilhões por ano para as contas do governo federal, o que aumentaria a instabilidade fiscal do país.
Caso a previsão se concretize, seria a primeira desde 2006 que a taxa básica de juros alcançaria a casa dos 16%.
Máquinas de perder dinheiro
Serviços tão baratos que não cobrem o custo de oferecê-los. Esse tem sido o modelo de negócio de boa parte dos aplicativos de serviço “sob demanda”, como a Uber. Mas investidores começam a achar que talvez não seja uma ideia tão boa investir nessas máquinas de perder dinheiro. O problema é que, para se tornarem mais lucrativas, essas empresas têm duas opções: reduzir o pagamento dos funcionários ou cobrar mais dos clientes. E nenhuma delas parece factível. Leia mais nesta reportagem do Financial Times.
Congelamento de óvulos
A biologia não faz acordo trabalhista nem plano de carreira. Quando uma mulher cruza a barreira dos 35 anos, é como se entrasse na última volta do GP da maternidade. Ou vai ou racha. E o fato é que boa parte das mulheres que pretendem focar na carreira buscam cada vez mais adiar a chegada do primeiro filho. Tanto que o mercado global congelamento de óvulos movimentou US$ 15,74 bilhões em 2021. E a expectativa é de crescimento de 37,8% até 2025, para US$ 21,7 bilhões. Esta reportagem da Você S/A analisa o fenômeno.