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Black Friday do Fed anima as bolsas pelo mundo

Ásia fecha em alta e Europa opera no verde com sinalização de altas mais brandas nos juros americanos.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 24 nov 2022, 08h26 - Publicado em 24 nov 2022, 08h25

As bolsas americanas deram um respiro ontem, com a divulgação da minuta da última reunião do Fomc, o Copom gringo, que tinha rolado no início do mês. “Uma maioria substancial [dos diretores do Fed] consideraram que uma redução no ritmo de altas [nos juros]”, diz a frase definidora do documento.

Ou seja: a não ser que caia um asteroide de 10 km de diâmetro, a próxima alta será de 0,50 ponto percentual, e não de 0,75 pp como aconteceu nas últimas quatro reuniões do Fomc desde junho. 

A taxa deve fechar 2022 em 4,5% por lá, já que haverá só mais uma reunião neste ano, em meados de dezembro. 

Beleza. A questão é que no ano que vem teremos outras oito, e Jerome Powell, presidente do BC americano, já deu a letra. Disse no início de novembro que o Fed poderia mesmo reduzir o ritmo de altas, antecipando o conteúdo da minuta, mas também falou que a “taxa final” dos juros, lá em 2023, talvez seja mais alta do que o mercado espera. Até ali, a expectativa era que o pico ficasse nos 5%. 

Powell, porém, deixou claro que traçar previsões para o pico é perda de tempo. Tudo vai depender de como vierem os índices de inflação. A alta em 12 meses desacelerou para 7,7% em outubro, ante 8,2% em setembro. E o pico já está longe: foram os 9,1% de junho. Seja como for, sabe-se que o Fed não vai parar de aumentar os juros enquanto não ficar claro que a inflação voltará à meta deles, de 2%. 

Mesmo assim, o mercado respondeu bem à confirmação da expectativa pelo fim das altas de 0,75 pp. Ontem, o S&P 500 fechou em alta de 0,59%. Em seguida, Hong Kong terminou em 0,78% e Tókio em 0,95%. Nesta manhã, o índice europeu Stoxx 50 sobe 0,68%.

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Hoje, as bolsas americanas não abrem. É feriado de Ação de Graças. E por aqui segue a incerteza. O Ibovespa segurou-se ontem com o bom humor americano e fechou praticamente estável, em -0,18%. Mas a PEC da transição bagunçou nossa curva de juros. 

A taxa dos títulos IPCA+, que sobem quando o humor do mercado aponta para novas altas lá na frente, subiram horrores desde a eleição. No dia 1/11, o IPCA+2035 pagava 5,37% de juro real, e vinha caindo. Agora a taxa está em gordos 6,35%, quase 1 pp acima – um abuso para menos de um mês. 

Que os próximos dias tragam um futuro um pouco mais claro. Porque política econômica é o oposto da Copa: só tem graça quando há alguma previsibilidade. 

 

humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros S&P 500: 0,38%

Futuros Nasdaq: 0,54%

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Futuros Dow: 0,26%

*às 8h09

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,66%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,21%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,86%

Bolsa de Paris (CAC): 0,66%

*às 8h11

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,44%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,95%

Hong Kong (Hang Seng): 0,78%

Commodities

Brent: -0,95%, a US$ 84,60 o barril

Minério de ferro: 1,31%, a US2,54 a tonelada, na bolsa de Dalian

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*às 8h13

market facts

Credit Suisse prevê prejuízo bilionário 

O Credit Suisse disse que espera registrar um prejuízo de até 1,5 bilhão de francos suíços (o equivalente a uns US$ 1,58 bilhão) no quarto trimestre de 2022. O anúncio é uma confirmação do que já se pensava antes: o banco suíço já previa prejuízo para o trimestre, só não tinha ideia de quanto. Se a estimativa se confirmar, este será o quinto prejuízo trimestral consecutivo da instituição.

O resultado é fruto de uma forte retirada de depósitos e ativos. Começou em meados de outubro, quando os burburinhos sobre a má saúde financeira da instituição começaram a se intensificar. De acordo com o Credit Suisse, 6% do total de ativos geridos pela instituição foram retirados no final do terceiro trimestre.

 

Vale a pena ler:

Boa hora para o colapso das criptos

Toda vez que uma empresa de cripto quebra, vem alguém dizer que estamos diante do “Lehman Brothers das criptos”. É que esses escândalos costumam arrastar consigo outras companhias do setor, criando uma bola de neve de crises. Aí a confiança dos investidores desaba, e a cotação das criptomoedas vai junto. A diferença é que a falência do Lehman Brothers afetou o sistema financeiro do mundo inteiro, e culminou na crise de 2008 – a pior desde a Grande Depressão. Quando a Celsius e FTX quebraram, só saiu perdendo quem investia em cripto. Pro resto do mundo, não foi nem um arranhão. Nesta coluna do WST, Greg Ip argumenta que o colapso do setor veio em boa hora, já que deve afastar reguladores e bancos da ideia de incorporar as (instáveis e irreguláveis) criptomoedas ao mundo financeiro tradicional. 

Lojas Ó-quis-sô

Controlada pela empresa de bebidas FEMSA, a rede de mercados Oxxo (que se pronuncia “ó-quis-sô”) foi fundada em 1978 no México. Mas o boom veio mesmo só nos anos 2000: em 22 anos, foi de 800 para 21 mil lojas no país. No Brasil, a rede chegou em 2019 pela parceria da controladora mexicana com a Raízen. O modelo é simples: lojas de bairro, compactas, geralmente com só um atendente e pouca vigilância (a segurança se limita a um circuito de câmeras e uma ronda terceirizada). Nesta entrevista à Folha, o presidente da empresa no Brasil, Rodrigo Patuzzo, comenta as críticas sobre falta de segurança e conta os planos para a (rápida) expansão de lojas prevista para o ano que vem. 

Agenda

9h IPCA-15 de novembro (o consenso entre os analistas aponta para uma alta de 0,54%

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