Continua após publicidade

Americanos estão nadando em dinheiro. E isso não é um bom sinal

A renda domiciliar deles subiu 21,1% em março e o S&P 500 não para de bater recordes. O medo agora é o de a brincadeira ter ido longe demais.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 1 Maio 2021, 12h29 - Publicado em 30 abr 2021, 18h43
Fechamento de mercado
 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Alguma coisa está fora da ordem. 

A Amazon reportou um faturamento estupendo para o primeiro trimestre desde ano: US$ 108 bilhões, 44% maior que o do mesmo período de 2020. O lucro líquido foi de US$ 8 bilhões – já que as margens da Amazon são relativamente baixas. Mesmo assim, foi um resultado surpreendente, ainda mais levando em conta que o comércio de rua dos EUA já tinha voltado à ativa. 

Ou seja: não se trata de mais um “ganho pandêmico” do comércio online. Mostra uma solidez maior do que a esperada para a companhia de Jeff Bezos. Tanto que a média dos analistas esperava um faturamento menor (ainda que nem tão menor), de US$ 104 milhões. 

Mas isso não foi o bastante para que as ações da Amazon subissem hoje. Elas fecharam no vermelho (-0,11%), tal como o S&P 500 (-0,72%). O índice das 500 maiores empresas dos EUA também não tinha grandes motivos para cair, já que as empresas americanas, em geral, estão mostrando bons balanços nesta temporada. 

A Apple, por exemplo, anunciou na quarta um faturamento de US$ 89,6 bilhões – com lucro de US$ 23 bilhões, já que a margem deles está em oníricos 42,5%. É o dobro do lucro do mesmo período do ano passado. Mesmo assim, a empresa de Tim Cook fechou a semana em baixa. Começou a segunda-feira a US$ 134,83 e encerrou a sexta em US$ 131,46.

Os casos da Apple e a da Amazon ilustram uma preocupação do mercado: essas altas nos lucros de agora talvez já estejam bem embutidas nos preços atuais. E não bastariam para elevá-los ainda mais. Ou seja: os preços das ações poderiam estar inflados demais. 

É impossível saber se estão mesmo. O fato é que, se estão, abril foi um mês em que elas engordaram ainda mais que o normal: 5,2% – melhor mês desde novembro. Este último dia do mês, de qualquer forma, marcou uma ressaca. Nasdaq e Dow Jones, os outros dois índices de referência do mercado americano, caíram também. Respectivamente, -0,85% e -0,54%. 

Continua após a publicidade

Ibovespa

Pode ter sido só uma ressaca mesmo, ou um sinal mais forte de mudança de correção nos preços das ações. Seja como for, o dia cinzento nos EUA nublou nosso mercadinho aqui deste canto do Hemisfério Sul: baixa de -0,98% no Ibovespa, que perdeu de novo a marca dos 120 mil pontos, retornando à casa dos 118 mil. No acumulado do mês, porém, o resultado foi positivo: alta de 1,75%.

As maiores altas de abril foram a da Hering (brutais 70,42%), após a venda da marca ao Grupo Soma; a da Braskem (32,28%), por conta da expectativa da saída da Odebrecht do controle acionário, e de Usiminas (31,29%) e CSN (29,79), dado o rally na demanda chinesa por aço. 

Em quinto lugar veio o Pão de Açúcar, com 22,75%. Parte da alta se deu hoje (4,30%), por conta da aprovação do pagamento de dividendos e JCP de R$ 2,17 por ação (o que dá um belo rendimento de 6,6% com o papel ao preço atual, de R$ 40,73%).  

Renda recorde

De volta aos EUA: a renda domiciliar dos americanos subiu 21,1% entre fevereiro e março. É a maior alta de um mês para outro desde 1946, quando o país se recuperava da Segunda Guerra. 

Cortesia do auxílio emergencial deles – um cheque de US$ 1.400 que também vai para pessoas que estejam empregadas. A grana governamental respondeu por boa parte da alta na renda domiciliar. Isso fez com que, em março, o índice médio de poupança saltasse de 13% em fevereiro para 27% em março. Esse índice mostra o quanto cada lar, em média, consegue poupar no mês. Historicamente, nos EUA, ele fica um pouco acima dos 10%. 

Continua após a publicidade

Se a poupança aumentou tão drasticamente, isso pode significar que o dinheiro dos estímulos não era tão necessário. E isso acende um sinal vermelho.   

DInheiro nunca é demais para um indivíduo, mas pode ser demais para um país. Se a quantidade de dinheiro em circulação passa a ser muito maior do que a quantidade de coisas que há para comprar com esse dinheiro, os preços aumentam. Inflação

Como o índice de poupança está alto (a subida no consumo de bens e serviços foi de meros 4,2%), os preços seguem relativamente sob controle. Mas já incomoda: está em 2,6% anuais, acima daquilo que o Fed entende como saudável (2%).

O banco central americano segue tranquilo. Acha que a inflação vai ceder sozinha nos próximos meses. Mas, claro, falta combinar com os russos. No caso, os americanos. Se a porteira dos gastos dos consumidores abrir de vez, os 2% da meta do Fed vão virar ficção. E um descontrole na maior economia do planeta pode cobrar um preço alto lá na frente. A ver. 

Bom fim de semana. 

Continua após a publicidade

Maiores altas

Pão de Açúcar: +4,30%

RaiaDrogasil: +3,99%

Natura: +2,89%

Embraer: +1,98%

Locamerica: +1,69%

Continua após a publicidade

 

Maiores baixas

Braskem: -6,90%

Azul:-4,21%

CVC: -4,12%

CPFL Energia: -3,83%

Gerdau: -3,40%

Continua após a publicidade

Ibovespa: -0,98%, aos 118.893 pontos

Em NY:

Dow Jones: -0,54% , aos 33.874 pontos

S&P 500:  -0,72%, aos 4.181 pontos

Nasdaq: -0,85% aos 13.962 ponto

Dólar: alta de 1,79%, a R$ 5,43

Petróleo

Brent: -1,90%, a US$ 66,76

WTI: -2,19%, a US$ 63,58

Minério de ferro: -1,44% para US$ 188,85 a tonelada no porto de Qingdao (China).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.