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Americanas (AMER3) volta a leilão em queda de quase 80%

Ação da Americanas cai de R$ 12 para R$ 2,85 após companhia divulgar rombo de R$ 20 bilhões

Por Júlia Moura
Atualizado em 12 jan 2023, 17h37 - Publicado em 12 jan 2023, 14h26
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 (Americanas/Divulgação)
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Em leilão desde as 10h, as ações da Americanas (AMER3) começam a ser negociadas em pregão por volta das 14h20, com queda de 76%, a R$ 2,85 cada uma. Com um volume de negociação muito grande (R$ 212 milhões), elas voltaram a leilão em menos de um minuto. Por volta das 15h, voltaram a negociar com uma queda de -78,08% (R$ 2,63) e já retornaram a leilão. No fechamento da véspera, elas estavam a R$ 12 cada uma.

Na noite de quarta, a companhia divulgou inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões, um valor superior ao seu patrimônio líquido (R$ 14,70 bilhões).

O recém-contratado presidente da companhia, Sergio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, renunciaram aos cargos ao identificarem o rombo.

“Estamos basicamente dizendo que a empresa tem mais dívida do que o assumido pelo mercado”, disse Rial. Segundo o executivo, tais problemas contábeis acontecem há cerca de 7 a 9 anos “Os R$ 20 bilhões são a melhor estimativa do que vimos em 9 dias, não chancelados por auditoria.”.

Quem assume a Americanas agora é João Guerra, que nunca esteve envolvido na gestão contábil ou financeira.

Ações de varejistas foram contaminadas pela queda estrondosa, mas conseguiram se recuperar há pouco. Magalu (MGLU3) subia 1,98% e Via (VIIA3) caía 3,08% —de manhã o papel apresentava queda superior a 8%. Outras empresas que têm o 3G Capital entre os sócios também se desvalorizam: Ambev (ABEV3) caía 1,82% e Kraft Heinz (KHCB34), 0,35%.

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Os papéis da Americanas são populares entre investidores pessoa física, sendo muito recomendados por quem especulava que a companhia poderia se tornar a nova Magalu. Até meados de 2022, eram 146 mil.

Entre os outros acionistas estão a 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que tem 31,13% da empresa, e as gestoras americanas BlackRock, com 5,05% e Capital Group, com 9,91%. O fundo de pensão para professores americanos TIAA tem 6,05%.

A maior queda das ações de uma empresa brasileira em crise até então tinha sido a desvalorização de 31,96%.

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Futuro da Americanas

Segundo o jornal Valor Econômico, a empresa já contatou os seus principais bancos credores, que concordaram em rolar a dívida da companhia, ou seja, adiar o vencimento para não quebrar a varejista.

Para reerguer a companhia, a 3G Capital planeja aumentar seu capital via follow-on.

Ao mercado, a Americanas anunciou que seu conselho de administração formou um comitê independente para apurar como se deu tamanho erro na contabilidade. O grupo será coordenado pelo advogado Otávio Yazbek e vai contar com Vanessa Claro Lopes, que é membro independente do conselho de administração e do comitê de auditoria da companhia e ex-presidente do conselho fiscal da Via, e Pedro Melo, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e presidente da KPMG no Brasil entre 2008 e 2017.

A KPM auditou os balanços da Americanas entre abril de 2016 e outubro de 2019, quando foi substituída pela Pwc, que aprovou todos os balanços desde então.

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“O comitê iniciará suas atividades com a maior brevidade possível e, ao final dos trabalhos de apuração, deverá apresentar suas conclusões ao conselho de administração da companhia para que esta possa deliberar quanto às medidas necessárias”, disse a empresa em comunicado ao mercado.

Os principais bancos de investimento, como XP, Bradesco BBI e Itaú BBA, colocaram sua recomendação para AMER3 em revisão.

“Nós e o mercado carecemos de detalhes para medir efetivamente como – e por quanto tempo – o balanço e o demonstrativo de lucros e perda (P&L) podem ter sido deturpados ou impactados”, escreveram os analistas do Bradesco pela manhã.

Esses detalhes nem mesmo a administração da Americanas diz ter de imediato. “Reitera-se que, neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da Companhia. Somente com a conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes, após o que será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras da Companhia.”

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