Alívio do mercado garante uma semana de alta no Ibovespa, e de baixa nos juros do IPCA+
Queda de 0,70% nesta sexta, a reboque do exterior, não estraga a semana, que fecha 1,02% no verde. IPCA+2029 volta para aquém da linha vermelha dos 6%.
O Ibovespa fechou o dia em baixa (-0,70%), acompanhando o S&P 500 (-0,27%), mas o mercado de juros teve uma sexta-feira mais animada. O DI futuro caiu por toda a curva que vai de 2025 adiante. Ou seja: é o mercado precificando uma queda razoável da Selic (que determina o DI) lá na frente.
Isso refletiu-se com força nos juros dos títulos de inflação. O IPCA+2029 foi a 5,99%, patamar aquém da linha vermelha dos 6%, e que esse título não visitava desde 19 de janeiro. O IPCA+2035 foi a 6,25%, versus 6,31% na quinta. Essa também é a menor taxa desde o dia 19 do mês passado. Por que justamente dia 19? Porque a noite anterior a essa data foi justamente a do início da guerra Lula X BC, quando o presidente criticou pela primeira vez a independência do Banco Central.
Sempre vale lembrar: quando os juros dos títulos caem, eles valorizam. E que os possui fica com o saldo mais gordinho. No caso do IPCA+2035, a alta na semana foi de 1,90% – relevante para um papel de renda fixa.
O mercado financeiro ficou mesmo aliviado depois de o CMN (Hadadd+Tebet+Campos Neto) ter deixado para depois a discussão sobre elevar a meta de inflação, e de o ministro da Fazenda ter adiantado de abril para março a definição da ferramenta substituta ao Teto de Gastos.
Mas não é só isso. Também cresce entre os agentes do mercado a ideia de que a meta, atualmente em 3,25% para 2023 e 3,00% para 2024, talvez não seja mesmo adequada. Felipe Salto, economista-chefe da corretora Waren Renascença, é um deles. “Acho que não é um pecado mortal mudar a meta de inflação, mas desde que haja uma questão fiscal bem organizada”, disse ao serviço de notícias Bom Dia Mercado.
Uma meta um pouco acima da atual liberaria o BC para antecipar os cortes na Selic, caso a inflação siga em trajetória descendente. O pico rolou em abril de 2022 (12,13%). Hoje ela está em 5,77%. O problema é o ritmo da queda. No segundo semestre do ano passado, ela desacelerou cerca de 1 ponto percentual ao mês durante cinco meses. Já a penúltima queda foi de 0,1 pp. A última, de 0,01 pp.
Guiar os juros é como dirigir um F-1 na chuva com pneu slick. Sem muito cuidado, é muro na certa. Que o diga os EUA. O Fed segue duro na luta para baixar a inflação de lá, atualmente maior que a nossa, em 6,4%, para a meta deles, que é de 2%. A pouca esperança de que o fim da alta nos juros americanos esteja próxima foi a responsável, as usual, pelo desempenho borocochô do S&P 500 nesta sexta. E na semana também. A queda lá nos últimos cinco pregões foi de 2%. Por aqui, mesmo com o escorregão de hoje, o clima mais aberto a uma redução dos juros lá na frente garantiu uma alta de 1,02% na semana.
WEG
WEGE3 deu uma destravada nesta sexta. Na quarta, a multinacional de Jaraguá do Sul (SC) tinha apresentado mais um balanço solar: lucro de R$ 1,2 bilhão no 4T22, alta de 36,5% em relação ao 4T21. No ano, foram R$ 4,2 bilhões. Um vendaval de lucros 17,3% superior ao de 2021.
No comunicado, disseram que alta veio em grande parte por conta da maior demanda por equipamentos para a produção de energia eólica e fotovoltaica – linha que tem se tornado um dos carros chefes da empresa, junto dos motores elétricos.
Então a reação dos papéis não foi dramática: alta de apenas 1,09% entre quarta, quando o balanço foi anunciado pela manhã, e quinta. Hoje, porém, as ações deram um salto mais relevante: 2,17%.
Motivo: hoje era o último dia para garantir um lugar na distribuição dos dividendos anunciados nesta semana. O provento, de R$ 0,226 por ação, era só para quem tivesse ações até esta sexta, 17. Somando com os outros pagamentos relativos a 2022, o total ficou em R$ 0,53. Um payout magrinho, equivalente a apenas 1,35% do preço do papel – que segue relativamente caro, com P/L próximo de 40. Não existe almoço grátis, afinal.
Warren Buffett, aliás, diz que uma boa carteira de ações é feita de empresas sólidas o bastante para que você se sinta seguro mesmo se o mercado fechar por um bom tempo. Que a sua carteira seja assim, então, já que os pregões só voltam na quarta 😉
Bom Carnaval!
Maiores altas
Ultrapar (UGPA3): 5.51%
Multiplan (MULT3): 4,76%
Alpargatas (ALPA4): 2,61%
Vivo (VIVT3): 2,20%
Weg (WEGE3): 2,17%
Maiores baixas
Pão de Açúcar (PCAR3): -6,55%
Magazine Luiza (MGLU3): -5,91%
PetroRio (PRIO3): -5,33%
3R Petroleum (RRRP3): -3,46%
Hypera (HYPE3): -3,29%
Ibovespa: -0,70%, a 109.176 pontos. Na semana, alta de 1,02%.
Em NY:
S&P 500: -0,27%, a 4.079 pontos
Nasdaq: -0,58%, a 11.787 pontos
Dow Jones: 0,39%, a 33.826 pontos
Dólar: 0,96%, a R$ 5,16. Na semana, queda de 1,16%
Petróleo
Brent: -2,51%, a US$ 83. Na semana, -3,9%.
WTI: – 2,78%, a US$ 76,55. Na semana, -4,2%.
Minério de ferro: 2,01%, a US$ 129,22 a tonelada na bolsa de Dalian