Quedas se acentuam na China com a sanha regulatória do governo
E o gato da Vale sobe no telhado: tombo de 8% do minério de ferro no porto de Qingdao.
Em 1979, o PIB da China era 20% menor que o do Brasil. Hoje, o nosso é 90% menor que o deles. Cortesia da abertura da economia chinesa. De 1979 em diante, o regime comunista fomentou a livre iniciativa, e o país mais populoso do mundo passou a crescer a uma taxa média de 9,5% ao ano. Hoje, você sabe, está na cola dos EUA para se tornar o maior PIB da história da civilização.
Ou não. Talvez a riqueza tenha subido à cabeça dos dirigentes do Partido Comunista, dada a sanha regulatória que toma conta do país. O governo já limitou o número de horas que os jovens podem passar jogando videogame (3 por semana), o que já deu início a uma crise na indústria de jogos eletrônicos.
Depois, decidiu acabar com o crescimento da indústria de aço, para mostrar que tem poder para determinar o preço internacional dos minérios (e deixaram claro que têm mesmo).
Também resolveram que quem decide quais cidadãos têm direito a empréstimos não são as instituições financeiras privadas (como a Alipay). É o governo. E, diferente do que costuma acontecer no populista Brasil, o governo lá quer menos gente tomando empréstimo para comprar casa própria.
Agora o Ministro da Indústria chinês disse que tem “empresas demais” no ramo de carros elétricos. E que o governo vai usar seu porrete para “consolidar” essa indústria. Trata-se de um eufemismo para dizer que comissários do partido agora vão decidir se tal empresa deve ou não fechar as portas – e não o mercado.
Não costuma dar certo. A própria China, que deve seu crescimento à liberdade econômica, é a maior prova disso. E o mercado, obviamente, não está comemorando: mais um dia de queda nas bolsas de Shangai e Hong Kong (veja abaixo).
Nas bolsas da Europa, rolava pela manhã um Ctrl+C Ctrl+V daquilo que aconteceu por aqui ontem: setor aéreo em alta (aqui, Gol; lá, Ryanair), com a clima de retomada das viagens a lazer; petrolíferas se dando bem com a decolagem do barril (aqui, PetroRio; lá Shell, BP e cia); e mineradoras chorando as pitangas com a queda sem fim do minério (Vale por aqui, Rio Tinto e Anglo American lá na bolsa de Londres). E devem vir mais quedas: o minério de ferro caiu mais e 8% hoje no porto chinês de Qingdao, a referência global de preços da commodity.
Nos EUA, os índices futuros apontam para baixo. O clima neste momento é de espera por dois dados decisivos para o humor do mercado global: o de vendas no varejo em agosto nos EUA e de novos pedidos de seguro-desemprego – que ameaça subir por conta da delta. O número de mortes nos EUA, afinal, voltou a crescer, e já se aproxima de novo dos tétricos 2 mil por dia – amigos governantes e afins: cuidado quando decidirem que a pandemia está encerrada. O vírus está pouco se lixando para o que vocês acham.
Até amanhã.
Futuros S&P 500: -0,13%
Futuros Nasdaq: -0,20%
Futuros Dow: -0,08%
*às 7h20
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,77%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,50%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,49%
Bolsa de Paris (CAC): 1,06%
*às 7h20
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,22%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,62%
Hong Kong (Hang Seng): -1,46%
Brent: -0,09%, a US$ 75,39
Minério de ferro: -8,09%, US$ 107,21
*às 08h
09h30 O Ministério de Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.
9h30 O Ministério de Comércio dos EUA divulga os dados sobre venda no varejo de agosto.
WhatsApp Maps
O Whats vai lançar uma nova função: ela localiza lojas que estejam por perto, e permite que você entre em contato com elas diretamente, sem ter de ir até o Google procurar o contato (e o endereço, e o horário de funcionamento). A ferramenta foi batizada de “Guia de Negócios” e será testada primeiro no centro expandido de São Paulo. Os empreendedores interessados devem se cadastrar pelo WhatsApp Business. E os primeiros usuários a terem acesso à funcionalidade são os da versão beta do Android.
Em segundo lugar
O Brasil sempre foi o grande pareceiro comercial da Argentina. Somos o país para o qual eles mais exportam, e o país do qual eles mais importam. Na parte de lá para cá segue tudo na mesma. Nos sete primeiros meses do ano, o Brasil foi o principal destino das exportações Argentinas (US$ 5,9 bilhões). Na outra ponta, porém, estamos perdendo terreno para a China: o Instituto Nacional de Estadística y Censos mostra que a Argentina comprou US$ 6,9 bilhões dos chineses, contra US$ 6,8 bilhões da gente.
Será que o verde veio para ficar?
Os carros elétricos já são uma realidade no mercado automotivo. Tanto que as companhias não pensam duas vezes na hora de investir na produção. A Rivian, uma fabricante de SUVs eletrificados dos EUA, está investindo US$ 1,5 bilhão para expandir a sua planta na pequena cidade de Normal, em Illinois. O município, de 50 mil habitantes, aproveita para crescer, já que a empresa pretende dobrar o número de funcionários (que hoje já somam 2.500 pessoas).
O problema é que a atual fábrica da Rivian já foi ocupada por uma outra montadora, a Mitsubishi. Segundo o The New York Times, a companhia japonesa chegou na região no final dos anos 80 e empregou mais de 3 mil pessoas. Mas nos anos 2000 a produção começou a cair, até a gigante fechar as portas em 2015 – arrastando Normal para a decadência. A dúvida que fica agora é se os carros elétricos são, de fato, o futuro, ou só uma aposta arriscada para a economia de cidades pequenas. Leia o texto completo aqui (em inglês).