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Entre a sombra da inflação e uma esperança para a gasolina

Membros da Opep podem discutir um aumento na oferta de petróleo após a crise energética global da semana passada.

Por Tássia Kastner, Bruno Carbinatto
Atualizado em 4 out 2021, 08h24 - Publicado em 4 out 2021, 08h22

Bom dia!

É tudo culpa da inflação – ou da estagflação. Não só o Brasil, mas o mundo anda às voltas com o medo de que medidas de contenção da alta de preços atrapalhem a recuperação da economia como um todo. O resultado é que a semana começa bastante nublada para investidores.

O lance é que inflação se controla com alta de juros, só que isso também reduz o crédito na economia e a disposição de empresários a investir. Nisso, não se criam novos empregos e aquele aumento de salário também não sai da gaveta. 

E mesmo assim, talvez não seja suficiente para controlar a inflação (daí o estagflação, estagnação econômica com inflação persistente).

O problema é o seguinte: os preços estão subindo não necessariamente porque as pessoas estão com dinheiro demais para gastar, mas porque há uma escassez de produtos. Desde janeiro do ano passado, quando a China parou para controlar a primeira onda da pandemia, descobriu-se o quão dependentes nós éramos de uma cadeia afinada de distribuição de produtos via navios de carga. Depois disso, a crise só piorou.

A evidência maior disso é no mercado de chips e semicondutores, que fazem de carros a lava-roupas. Estão em falta não só pela pandemia, mas por uma série de outros problemas, como a paralisação por falta d’água e ainda um incêndio.

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A inflação de alimentos também tem a ver com aumento de demanda, mas a seca que se abateu sobre o Brasil, e nos coloca sob ameaça de apagão, reduziu a produção de café, milho e outros produtos agrícolas. É, de novo, um problema de oferta. E até o Brasil quer importar produtos vindos de fora, mas descobriu que novas regras de inspeção sanitária dificultam a tarefa, segundo o Valor Econômico.

Talvez a escassez de petróleo dê uma trégua, porém, o que pode trazer um alívio ao mercado. Quando começou a faltar combustíveis nos postos do Reino Unido, investidores colocaram a culpa na rápida recuperação econômica do mundo rico. Isso é coisa do ano passado, vamos combinar. O lance é que a Opep+, o cartel dos exportadores do líquido negro, vinha resistindo em aumentar a oferta justamente para manter o controle de preços.

Nesta segunda, eles se reúnem na Áustria com a capacidade de trazer algum alívio para o globo. A ver.

Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,44%

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Futuros Nasdaq: -0,56% 

Futuros Dow: -0,40%

*às 7h55

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,03%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): +0,15%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,02%

Bolsa de Paris (CAC): +0,14%

*às 7h58

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): Feriado

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,13%

Hong Kong (Hang Seng): –2,19%

Commodities

Brent*: +0,21%, a US$ 79,45

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Minério de ferro: +1,15%, a US$ 117,12 por tonelada em  Qingdao

*às 7h46

Agenda

▪️ Países da Opep+ se reúnem para debater oferta de petróleo

▪️ 11h: Departamento do Comércios dos EUA revela encomendas à indústria em agosto 

▪️ 16h30: Roberto Campos Neto participa de live do Valor Econômico

market facts

XP-BR

Os BDR (Brazilian Depositary Receipts) da XP começam a ser negociados na B3 nesta segunda-feira, em uma estreia que também será marcada por um divórcio. O Itaú comprou quase 49,9% da XP em 2017, muito antes de a corretora abrir capital. Só que o banco queria a possibilidade de tomar o controle da companhia de Guilherme Benchimol, algo que foi barrado pelo Cade (o órgão de defesa da concorrência). Na sexta, 500 mil investidores do Itaú receberam BDRs da XP e, assim, os dois negócios passam a ser oficialmente independentes. A Itaúsa, holding que detém o controle do Itaú, manterá uma fatia de cerca de 15%. 

Juntinhos

O Banco Pan, do BTG Pactual, anunciou neste fim de semana a aquisição da Mosaico, dona dos sites de vendas Buscapé, Zoom e Bondfaro. Deve ser uma fusão ganha-ganha. A MOSI3 estreou na bolsa em fevereiro deste ano, na onda tech da B3. O lance é que, desde então, só decepcionou investidores e amarga uma queda na faixa de 70% em suas ações. O BTG socorreu com um aporte, mas a percepção do mercado é de que não bastaria, já que a Mosaico não estava conseguindo mudar o rumo do negócio e poderia ser engolida pelo Google. Dentro do Pan, porém, ela deve ganhar vida nova, como um marketplace dentro do app do banco. É o caminho que todos os bancos digitais estão seguindo, por sinal.

Vale a pena ler:

A maior investigação jornalística da história revelou neste fim de semana um fato não tão novo assim: gente rica e poderosa coloca o dinheiro em paraísos fiscais. A novidade é que há agora uma série de documentos vazados para mostrar isso – e tem políticos e até reis de todo mundo na lista. Por aqui, o nome mais falado é o de Paulo Guedes, que abriu uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Foram US$ 9,55 milhões – no câmbio atual, 51 milhões de reais. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também abriu sua offshore, no Panamá, mas já a fechou. A piauí conta essa história aqui; e a BBC faz um resumão da mega investigação neste texto (em inglês).

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