Abertura de mercado: dia de siri – bolsas andam de lado nesta manhã
Investidores esperam por Jackson Hole. Enquanto isso, aprenda a interpretar melhor os índices de inflação.
Bom dia!
Hoje é quinta, e quinta é dia de um dos dados que mexem com as bolsas desde o início da pandemia: o de novos pedidos de seguro-desempregos nos EUA, que saem toda semana e servem de prévia para os índices oficiais de desemprego.
A tendência é de baixa. Na semana passada, registraram 348 mil pedidos – o menor número desde o início da pandemia. Caso o ritmo de queda se mantenha, teremos aí mais uma vitamina para o otimismo por lá, que vem ajudando a bolsa daqui – S&P 500 e Nasdaq bateram ontem novamente seus recordes históricos. Já se a delta tiver atrapalhado, e o número vier alto, o humor será outro, claro. O dado sai às 9h30.
O mercado também está de olho no Simpósio de Jackson Hole, um evento que reúne líderes de bancos centrais do mundo todo nos EUA a cada ano, e que começa hoje às 10h. O pessoal espera que o Fed vá detalhar ali seu plano de retirada de estímulos financeiros. E a expectativa é que ela seja amigável – lenta o bastante para que o mercado se acomode. Isso, porém, só vamos saber amanhã, dia do discurso que mais importa, o de Jerome Powell, chefe do BC americano.
Enquanto nada acontece, o mercado anda de lado
Por aqui, você sabe, a inflação é onde o bicho está pegando. A alta de 0,89% no IPCA-15 (a prévia da inflação oficial). Foi a maior para agosto em 19 anos, talvez ainda seja digerida pelo mercado, e pressione o Ibovespa para baixo.
A alta de 5% nos preços da energia foi responsável por 0,22 pontos dos 0,89%. No mês passado, a conta de luz respondeu por 0,09 pp dos 0,72% de IPCA-15. Isso mostra o lado meio cheio desse copo.
Nos EUA, há dois índices de inflação, um geral e um “central” (a core inflation), A core desconta os preços da energia e da comida, mais voláteis e sujeitos a efeitos sazonais (como falta de chuvas). Adaptando um pouco dessa filosofia para o Brasil, já que a nossa crise hídrica é fruto de uma seca, o que temos é uma inflação menos acelerada.
O exercício aqui é descontar a energia do total. Com isso, teríamos 0,63% de IPCA-15 em julho versus 0,66% em agosto. Números ainda altos, mas que já configuram um início de desaceleração – consequência natural dos aumentos nas taxas de juros.
Como as altas na Selic têm por objetivo justamente baixar a inflação, isso é um indício de que o remédio pode estar funcionando – o que dá menos combustível para novas altas; e quanto menos altas, melhor para o mercado. Vale lembrar: aumento de juro é inócuo contra altas na energia. Sem chuva, a conta vai subir – não importa o tamanho da Selic. Para quem investe, então, é saudável olhar para o que acontece nos preços das outras áreas da economia, aquelas em que a alta de juros de fato têm como fazer efeito. Isso pode dar um mapa mais claro das tendências reais para o futuro – um dia, afinal, a chuva volta. Se não voltar, teremos um problema que mal dá para descrever em palavras. Mas essa é outra história.
Até amanhã.
Índices dos EUA nesta manhã:
Futuros S&P 500: estável em -0,08%
Futuros Nasdaq: queda de 0,20%
Futuros Dow: estável em +0,03%
*às 7h53
Como estão as bolsas europeias:
Índice europeu (EuroStoxx 50): queda de 0,61%
Bolsa de Londres (FTSE 100): queda de 0,45%
Bolsa de Frankfurt (Dax): queda de 0,68%
Bolsa de Paris (CAC): queda de 0,45%
*às 7h53
Como fechou o mercado asiático:
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): baixa de 1,97%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): alta de 0,06%
Hong Kong (Hang Seng): queda de 1,08%
Petróleo:* queda de 0,71%, a US$ 71,74
Minério de ferro: alta de 2,87% no porto de Qindao (China), a US$ 152,92
*às 7h53
09h30 Estimativa do PIB americano. A expectativa dos economistas é de alta de 6,7%.
09h30 O Departamento de Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.
10h Abertura do simpósio de Jackson Hole. O mercado espera que o Federal Reserve aproveite o evento para divulgar novas informações sobre seus planos para a redução de estímulos monetários.
10h30 O Ministério da Economia divulga os dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de julho. A projeção é de que foram criados 300 mil novos postos de trabalho no período.
Racionamento nos prédios públicos
Se você tem mais de 20 anos, deve se lembrar da crise do apagão, que obrigou o país a passar por um racionamento de energia. Na época, a medida foi linha dura: os brasileiros precisavam economizar 20% na conta de luz, caso contrário, o governo cortava a energia da residência por até seis dias. O fantasma começa a voltar agora, em meio à crise hídrica. Mas só para os órgãos públicos. Ontem, o governo publicou um decreto determinando que órgãos e entidades federais devem economizar entre 10% e 20% de eletricidade em prédios públicos. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que a medida não vai ser estendida para os consumidores finais e que não existe a possibilidade de um novo racionamento. Só fica a pergunta: já combinaram com São Pedro?
Criptorinthians
O Corinthians vai lançar o seu “fan token” em setembro. Fan tokens, ou FTOs, são moedas digitais criadas para os torcedores. Elas valem benefícios determinados pelo time, como ingressos para jogos e itens promocionais. Além disso, essa é uma forma de as equipes conseguirem uma nova fonte de renda. Paris Saint-Germain e Barcelona, entre outros grandes, possuem FTOs; por aqui, o pioneiro foi o Atlético Mineiro. No caso do Corinthians, 850 mil unidades do token serão listadas na exchange Mercado Bitcoin. Ainda falta cotar o preço de cada unidade do token, batizado como $SCCP.
Mercado espacial
Só no ano passado, as startups espaciais captaram mais de US$ 7 bilhões no mercado, e estima-se que o setor valerá US$ 1 trilhão até 2040. Também entraram nesse mercado as SPACs (empresas criadas apenas para comprar outras companhias). Uma delas é a Astra, que abriu capital na Nasdaq em julho e já vale US$ 20 bilhões. Veja nesta reportagem do Estadão.
Crimes de colarinho branco
Em 2004, o advogado Jeffrey Grant foi preso obter US$ 247 mil de forma fraudulenta. Era um empréstimo a juros baixos que o governo dava a pequenos empresários de Nova York que tinham sofrido perdas com os ataques de 11 de setembro, mas Grant nem tinha escritório na cidade. Seus problemas financeiros começaram por conta do vício em analgésicos opioides – restritos no Brasil, mas um problema de saúde pública nos EUA. Em 2016, o mais inusitado: ele criou um grupo de apoio para executivos envolvidos em crimes de colarinho branco. A New Yorker conta mais.