Abertura de mercado: bolsas apontam para alta apesar de armas e furacão no radar
Por aqui, a Faria Lima vai precisar digerir a decisão política do Banco do Brasil e da Caixa de desembarcar da Febraban após a entidade endossar manifesto que defende a democracia.

O dia está armado para uma nova alta, ainda na esteira do bilhete premiado de Jerome Powell. Na sexta, o presidente do Banco Central dos EUA anunciou que poderá, sim, dar o primeiro passo para reduzir os estímulos à economia americana, mas fará isso de forma bastante cautelosa.
Esse pano de fundo pode amenizar o noticiário para além do mundo puramente financeiro. Nos EUA, o furacão Ida ganhou força e atingiu a Louisiana com o maior potencial destrutivo desde o Katrina. Por lá, os preços da gasolina avançam, reflexo de um risco de desabastecimento pelos potenciais estragos. O petróleo, no entanto, começou a semana em queda.
Os EUA seguem ainda às voltas com a vingança contra o Taleban, em Cabul, após um ataque da sexta matar soldados americanos. Ontem, porém, num revide matou civis, o que aumenta as críticas sobre o país.
No Brasil, armas também fecharam o tempo nesta segunda. Mais de 50 bandidos tomaram de assalto Araçatuba em um crime cinematográfico. Foi um filme de terror cheio de fuzis, colete a prova de balas e uso de moradores da cidade como escudos humanos. Isso depois de, na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro ter defendido que todo mundo deveria ser livre para comprar armamento pesado.
A semana deve ser de escalada de tensões, com o agravamento da crise hídrica. O governo deve elevar para R$ 14 o valor da bandeira vermelha, com o potencial de aumentar a conta de luz em quase 10% (sim, ao mês). Mas o anúncio, que sempre sai até o dia primeiro, deve ficar para depois do dia 7. O presidente não quer assustar apoiadores mobilizados para o manifesto pró-governo, no feriado da próxima semana.
Já o setor empresarial tudo indica que Bolsonaro perdeu de vez. A Fiesp, entidade que cravou o pato nos protestos que ajudaram a embalar o impeachment de Dilma Rousseff, organiza um manifesto chamado “A praça é dos Três Poderes”. O objetivo é pressionar por uma apaziguada nos ânimos golpistas. O problema é que, depois que a Febraban (a associação dos grandes bancos) decidiu endossar o documento, Banco do Brasil e Caixa planejam o desembarque da entidade (veja mais em market facts). E para arrematar, surgiu ontem na Faria Lima um novo lambe-lambe: o “Faria Loser” com o rosto de Paulo Guedes no centro da imagem.
O desafio é investir com um barulho desses.
Índices dos EUA nesta manhã:
Futuros S&P 500: 0,12%
Futuros Nasdaq: 0,18%
Futuros Dow Jones: 0,08%
*às 7h55
Como estão as bolsas europeias:
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,24%
Bolsa de Londres (FTSE 100): fechada por feriado bancário
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,26%
Bolsa de Paris (CAC): 0,23%
*às 7h41
Como fechou o mercado asiático:
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,29%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,54%
Hong Kong (Hang Seng): 0,52%
Petróleo:* -0,12%
Minério de ferro: queda de 0,56%, a US$ 156,66 a tonelada no Porto de Qingdao
*às 8h02
8h25 Boletim Focus atualiza expectativas do mercado para juros, inflação, dólar e e PIB
É a política
No sábado, o colunista d’O Globo, Lauro Jardim, anunciou que Banco do Brasil (BBSA3) e Caixa pretendem deixar a Febraban, a associação dos grandes bancos brasileiros. O motivo é o endosso da entidade a uma carta, proposta pela Fiesp, que clama pela harmonia entre os poderes. Não é a primeira vez, neste ano, que o BB se enreda na agenda do governo Bolsonaro. No começo do ano, o então presidente da instituição, André Brandão, renunciou ao cargo porque Jair Bolsonaro não gostou do plano de fechamento de agências. No acumulado do ano, as ações do banco estatal acumulam queda de 20%, um tombo maior que o de seus pares privados Itaú, Bradesco e Santander.
Devagar com o andor
O Banco Central adiou a entrada em vigor da terceira fase do open banking para 29 de outubro. É quando clientes vão poder começar uma transferência via Pix sem abrir o aplicativo do banco — uma espécie de concorrente do WhatsApp Pay. O restante do cronograma está mantido, ao menos por enquanto. Nesta reportagem você lê em detalhes como o open banking vai revolucionar o sistema financeiro.
Copo meio vazio
Por que economistas estão sempre esperando o pior? Uma reportagem do New York Times mergulha nas perspectivas positivas para a economia americana e contrasta com todos os “mas” que economistas apontam, como a alta da inflação ou o risco de que o mercado financeiro esteja vivendo uma bolha. Em inglês, aqui.
Bilionários do bull market
Segundo a revista Forbes, 40 brasileiros se juntaram à lista dos felizardos que contam a fortuna aos bilhões. O rol completo tem 315 pessoas, a maioria homens. Boa parte dos novatos viraram bilionários após a estreia das ações de suas empresas na bolsa, caso de executivos da Méliuz, Blau, Multilaser e muitos mais. Uma outra turma é de gente que já tinha ações da bolsa, mas cujos papéis se valorizaram de forma expressiva no último ano. A lista completa está aqui.