Abertura de mercado: Bitcoin desaba após ser adotado como moeda oficial em El Salvador
País da América Central começa experiência inédita no mundo com o pé esquerdo. Enquanto isso, bolsa americana anda de lado.
O início desta semana foi de feriado nos EUA também. Segunda, dia 06, foi o Dia do Trabalho deles. O fim de semana prolongado, pelo jeito, serviu para o pessoal digerir os dados (péssimos) da sexta passada: o país gerou 235 mil postos de trabalho em agosto, contra 1,7 milhão em julho – sinal de que a recuperação econômica está agora com o freio de mão puxado.
O S&P 500 fechou ontem em queda, de 0,34%. A China seguiu a tendência e fechou em baixa também. E o mau humor seguiu para a Europa, que opera neste momento no vermelho.
O índice futuro do S&P 500 – um balcão de apostas que tenta prever o destino do S&P 500 a partir da abertura do mercado – também começou o dia apontando para baixo. Perto das 8h, porém, tendia para a estabilidade.
O grande assunto lá fora, porém, é outro: a queda de 11% no bitcoin. O tombo da cripto veio no mesmo dia em que El Salvador se tornou o primeiro país a abraçar o bitcoin como moeda oficial. O governo lançou uma carteira digital própria, que os cidadãos podem baixar para estocar suas criptos. E passou a aceitar bitcoin para pagamento de impostos.
A lei que torna o bitcoin uma moeda de verdade por lá foi aprovada em junho, e ajudou o bitcoin a recuperar parte do valor perdido neste ano, subindo de US$ 30 mil para US$ 52 mil. Ontem provavelmente tivemos um efeito “compre no boato, venda no fato”, e o preço caiu para US$ 46.
Se a experiência vai dar certo? Bom, o sistema deu pau no início das operações – a carteira digital do governo ficou fora do ar por um tempo. Essa parte resolve-se, claro. O buraco, na real, é mais embaixo: coisas cujo valor varia 10% em um dia não costumam funcionar como moeda corrente. Se funcionar, porém, o Brasil pode seguir nessa linha e adotar a gasolina como moeda oficial. Num país onde o presidente avisa que não vai mais obedecer determinações do STF, afinal, vale tudo.
Boa quarta.
Índices dos EUA no início da manhã:
Futuros S&P 500: -0,08%
Futuros Nasdaq: -0,12%
Futuros Dow Jones: -0,07%
*às 7h52
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,65%
Bolsa de Londres (FTSE 100):-0,55%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,90%
Bolsa de Paris (CAC): -0,55%
*às 7h41
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,41%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,89%
Hong Kong (Hang Seng): -0,12%
Petróleo*
Brent: +1,21%, a US$ 72,56
WTI: +1,42%, a US$ 69,32
*às 7h41
Minério de ferro: -4,19% a US$ 132,19 a tonelada no porto de Qingdao (China)
11h Departamento do Trabalho dos EUA divulga Relatório Jolts de julho, sobre o emprego no país
18h30 Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, participa de evento do Credit Suisse
Criptoinfluencer
A empresária e socialite americana Kim Kardashian foi fortemente criticada pela Financial Conduct Authority, o órgão regulador financeiro do Reino Unido, por promover uma nova criptomoeda, a Ethereum Max, para seus mais de 250 milhões de seguidores no Instagram. O presidente de agência reguladora britânica, Charles Randell, disse que o ativo é “um token digital especulativo criado um mês antes por desenvolvedores desconhecidos” e que a atitude da influencer foi irresponsável.
Boicote interno?
Na semana passada, o estado americano do Texas aprovou uma lei que proíbe abortos feitos a partir da sexta semana de gravidez, quando muitas mulheres nem sabem que estão grávidas. O texto vem causado bastante polêmica nos Estados Unidos, onde o aborto é legalizado graças a uma decisão da Suprema Corte, mas os estados são responsáveis por definir os detalhes. Aí, em resposta, a cidade de Portland, Oregon, decidiu boicotar os produtos e serviços do Texas enquanto a lei vigorar. A agência Bloomberg lembrou que isso pode custar milhões aos estado, já que o governo municipal da cidade progressista firmou contratos comerciais com empresas do Texas que somam US$ 35 milhões nos últimos cinco anos. O vice-governador do Texas chamou o boicote de piada.
O futuro das cidades
A pandemia criou um êxodo de gente e de empregos para longe das grandes cidades do mundo. Ao contrário do que se podia pensar, não foi temporário. A The Economist mostra em números e analisa as consequências de uma economia menos centralizada em grandes centros urbanos. Leia aqui, em inglês.