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2022: o ano do hexa, no dólar

Com a expectativa por aumentos fortes nos juros americanos, o dólar entra em processo de escalada. E um câmbio a R$ 6 começa a se tornar uma possibilidade real.

Por Alexandre Versignassi, Guilherme Jacques
Atualizado em 14 dez 2021, 11h57 - Publicado em 14 dez 2021, 08h25

Bom dia!

Eis a pergunta de um milhão de dólares: em quanto tempo, e com qual intensidade, o Fed vai começar a subir os juros nos EUA. Dependendo de qual for a resposta, o valor em reais pode chegar a R$ 6 milhões. Pois é: dólar a R$ 6 começa a se tornar um palpite realista. 

Uma amostra disso veio ontem. O mercado global aposta que a alta na “Selic” dos EUA virá rápida e com força. Isso valoriza o dólar: os títulos públicos americanos, investimento mais seguro deste canto da Via Láctea, passa a pagar mais. Para comprar os tais títulos, você precisa de dólares. A demanda pela moeda verde, então, sobe. E o preço dela vai junto – seja na moeda que for.

Para evitar que, numa dessas, o real desvalorize demais, o BC costuma entrar em cena vendendo dólares no mercado interno. Isso amplia a oferta de moeda americana, e segura o preço. Foi o que a turma de Roberto Campos Neto fez ontem. Pegaram US$ 1 bilhão do cofre-porquinho das nossas reservas internacionais (de US$ 350 bi) e soltaram no mercado. Mesmo assim, não adiantou, e o dólar fechou o dia numa alta forte, de 1,07%, a R$ 5,67.  

Nesta terça, o povo o Fed começa a reunião de dois dias para acertar as diretrizes da política econômica. Tradução: para resolver quando e como aumentar os juros, hoje em pífios 0,25%.

“Pífios” porque a régua para medir juros é a inflação – pois eles servem para segurar a inflação, então não faz sentido juros lá embaixo com altas de preços lá em cima; ou vice-versa . 

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Bom, por aqui, o placar é Juros 9,25% X 10,74 Inflação. Por lá, Juros 0,25% X 6,8% Inflação. Há uma disparidade nítida.

É bem o que os investidores temem neste momento. O Fed pode ter demorado demais a agir. Pode ter ficado “para trás da curva”, como se diz no jargão. De fato. Os juros são um freio de efeito retardado. Demoram a fazer efeito. O Fed pode subí-los com força agora, e a inflação talvez siga crescendo por mais alguns meses. 

Se essa alta se mostrar persistente, a pressão para aumentos ainda mais pesados e duradouros nos juros será intensa. Caso ela se concretize, 2022 poderá ser o ano do hexa. Não exatamente na Copa do Catar, mas no câmbio, com um dólar a R$ 6.

Os juros futuros dos EUA, aliás, acordaram no clima da expectativa por altas nos juros de lá (já que a bolsa tende a cair nesses momentos). 

Veja aqui embaixo. E boa terça.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,25%

Futuros Nasdaq: -0,05%

Futuros Dow: -0,58%

*às 7h56

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,05%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,35%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,01%

Bolsa de Paris (CAC): 0,05%

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*às 7h53

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,67%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,73%

Hong Kong (Hang Seng): -1,33%

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Commodities

Brent: 0,05%, a US$ 74,43*

Minério de ferro: -2,01%, a US$ 111,90, no porto de Qingdao na China

*às 7h51

Agenda

Hoje – Câmara deve votar em plenário as mudanças feitas por senadores na PEC dos Precatórios. Com elas, deve-se abrir mais R$ 43,8 bilhões de espaço no teto de gastos, totalizando os R$ 106,1 bi inicialmente previstos para liberação.

market facts

Nova estatal na bolsa

A Corsan, empresa de saneamento do Estado do Rio Grande do Sul, protocolou ontem na CMV um pedido de IPO. O governo estadual detém 99,9% do capital da companhia criada em 1965 e que atende 317 dos 497 municípios do RS. Até setembro deste ano, a Corsan registrou um Ebitda de R$ 530,6 milhões. O desempenho é 61,4% menor que o do mesmo período de 2020. Nos doze meses de 2020, porém, o Ebitda totalizou R$ 1,6 bilhão – o que representou um crescimento de 109,6% sobre 2019. A expectativa da empresa é estrear na B3 em fevereiro de 2022.

Menos grana na B3

A B3 registrou queda de 6,7% no volume financeiro médio de ações negociado em novembro, em comparação com o mesmo período de 2020. Foram R$ 31,9 bilhões, um valor que também é 11,8% menor que outubro deste ano. Sem novos IPOS no mês, o total de empresas listadas ficou estável:  459. Mas trata-se de um crescimento de 12,8% em relação a novembro de 2020. Já o número de investidores individuais, pessoa física, cresceu 29,3% na comparação anual e 1,9% na mensal. São 3,4 milhões de CPFs na bolsa.

Vale a pena ler:

Como se planejar para 2022

Vale a pena ajusta a rota dos seus investimentos para o ano que vem? Provavelmente sim, dadas as turbulências que se avizinham. Na Você S/A deste mês, a gente dá um panorama das tendências para os principais ativos, com o cenário de juros altos, inflação, recessão, PIB esquálido e, para coroar tudo, eleições. Aqui.

O Buffett menos famoso

Wilmot H. Kidd III tem 80 anos e é o CEO da Central Securities, fundo de investimentos que ele assumiu em 1974. Está prestes a deixar o cargo e não é um nome muito presente na mídia. Mas como investidor de longo prazo conseguiu superar o Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, nas últimas duas décadas. Um investimento de US$ 10 mil na Central Securities, feito em 1974, teria se transformado em US$ 6,4 milhões até outubro deste ano – contra US$ 1,9 milhão de um ETF do S&P 500, o benchmark dos fundos americanos. Leia sobre a estratégia de Wilmot Kidd no Valor Econômico.

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