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O jeito correto de demitir

A coach Eliana Dutra dá uma lição aos gestores: demitir é difícil, mas é importante fazer essa tarefa da melhor maneira possível

Por Por Eliana Dutra *
Atualizado em 17 dez 2019, 15h23 - Publicado em 10 fev 2016, 08h27

Em momentos de crise, muitas vezes é necessário desembarcar alguns colaboradores. Ninguém gosta disso e todos concordam que pior do que demitir é ser demitido ou ir a falência. Todos concordam também que simplesmente empurrar o colaborador para fora do barco é desumano. A maioria nesta hora é invadida por uma multiplicidade de emoções: ansiedade, medo e simpatia. Muitos líderes se esquecem de que o clima piora quando há demissões — tanto do lado dos demitidos quanto dos profissionais que continuam na empresa. Outros ainda pensam “já que vai doer” … e saem-se com um brutal: “A empresa está em dificuldades vou ter que demitir você, pode ir” e torcem para que o sujeito chore só quando chegar em casa. E tudo isso afeta a produtividade do grupo.

 

Também é unânime a opinião de que demitir é uma das tarefas mais ingratas da liderança. É uma tarefa de alto risco, pois não há reconhecimento quando bem feita, mas pode prejudicar o gestor se não for executada da maneira adequada. Além disso, se for mal feita, a empresa pode ser processada juridicamente ou ter dificuldade nas novas contratações, pois sua reputação ficará prejudicada no mercado. Logo, é importante que o gestor se lembre que a maneira como demite precisa refletir os valores da empresa para não provocar descrédito entre os colaboradores.

 

Mas, como realizar a demissão com o mínimo estresse para quem demite, para quem desembarca e para quem fica? Andy Molinsky, professor de comportamento organizacional na Escola de Negócios da Brandeis University, recomenda que empresas invistam em treinamento para ter um processo padronizado e reduzir o impacto das emoções. Caso a empresa não ofereça treinamento, o que fazer para conseguir “ser simpático”, mas não deixar de entregar a mensagem?

 

Primeiro use sua capacidade de empatia, coloque-se no lugar de quem está sendo demitido. Se fosse você no lugar dele, como gostaria de ser tratado? Ensaie a conversa, imagine os tipos de reação que aquela pessoa provavelmente terá e faça um ensaio com alguém de sua confiança. Caso não possa fazer isto com ninguém da empresa, chame o RH. E se não tem RH, é uma boa hora para pensar em começar a ter. Faça ainda um  ensaio mental. O que você vai fazer se o colaborador ele chorar? E se ele disser que está com a esposa doente? E se ele ficar zangado?

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De preferência, faça a comunicação da demissão ao lado de outra pessoa, seja um parceiro de negócios dentro da empresa, alguém de recursos humanos ou o seu chefe. Converse com essa pessoa antes, para combinar o que cada um vai dizer. Comunique o desligamento em um ambiente físico reservado, mas não dê uma de “durão”. Seja humano e ofereça o  apoio que pode se comprometer a dar e, depois, cumpra o combinado. Não diga o que está sentindo ou como esta decisão foi difícil para você — por mais que tenha sido mesmo.  É o outro que está sendo demitido e a situação dele é muito pior que a sua.

*Eliana Dutra é CEO da Pro-Fit e primeira Master Coach Certified pela ICF da América do Sul

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