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Santander vira abóbora, afunda outros bancos, e tira o Ibovespa dos 100K

Subiu no boato e caiu no fato: depois de apresentar um balanço multibilionário, Santander tomba 4,73%.

Por Luciana Lima e Alexandre Versignassi
Atualizado em 27 out 2020, 21h37 - Publicado em 27 out 2020, 19h27

Passados exatos sete dias após a mais recente festa dos 100k, quando o Ibovespa se recuperou de sua última queda forte, hoje foi dia de o índice acender novamente as luzes e expulsar aquele cliente chato pedindo saideira. É que nesta terça (27), o Ibov encerrou o dia aquém do patamar simbólico. Baixa forte de –1,40%, a 99.605,54 pontos.

Parece até que a fada madrinha da Cinderela desceu na bolsa na semana passada, substituiu os trapos velhos do Ibov por um vestido de festa e liberou o índice para cair na farra – ainda que o feitiço tivesse data e hora para acabar.

E a carruagem que virou abóbora nos mercados tem nome: os bancos. Na semana passada, a expectativa com a divulgação dos balanços das instituições financeiras ajudou a manter o Ibovespa lá em cima.

Na segunda-feira, todos os bancões apresentavam alta no acumulado do mês: Santander +24,89%, Itaú +13,97%, Bradesco +17,98% e Banco do Brasil +13,10%. Outubro, aliás, foi um mês atípico, já que as instituições vinham em um ciclo de desvalorização desde o início da pandemia.

Mas daí hoje foi dia de os balanços dos bancos finalmente começarem a sair. Começou justamente pelo Santander, instituição que mais se valorizou no período. Logo de manhã, a versão brasileira do banco espanhol apresentou os resultados referentes ao terceiro trimestre deste ano. E o relatório trouxe dados animadores.

Além de reportar lucro gerencial líquido de R$ 3,902 bilhões, uma alta de 5,3% em relação ao mesmo período de 2019, o banco disse que cortou as reservas destinadas a cobrir uma possível alta da inadimplência. No segundo trimestre deste ano, R$ 3,2 bilhões foram destinados a cobrir calotes, quantia que caiu para 2,91 bilhões no terceiro trimestre. Bom sinal, até porque essa reserva era a responsável por diminuir o lucro dos bancos.

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O banco suíço UBS BB gostou do balanço – ficou 35% acima do que eles esperavam. A leitura foi acompanhada pelos analistas do Citibank e do Credit Suisse, que também viram no relatório um indício de dias melhores no futuro. No meio da manhã, as ações do Santander subiam faceiras, quase 3%. Tudo correndo bem, obrigado. 

Só que daí o J.P. Morgan resolveu botar água no chopp. Para o banco gringo, por mais que a inadimplência do Santander acima dos 90 dias tenha caído, ainda não há garantias de que isso vá continuar nos próximos meses – obrigando, assim, que o banco volte a injetar mais dinheiro para arcar com os calotes. Os analistas do BTG foram na mesma linha. 

Pesou o fato de que, embora os calotes do período acima dos três meses tenham apresentado um recuo, o índice de inadimplência que compreende os últimos 15 a 90 dias aumentou 0,4%. Isso sem contar o fator auxílio emergencial, que segurou um pouco as pontas (e a renda dos brasileiros), mas que, tal qual a balada da Cinderela, tem data para acabar.

Talvez o JP Morgan e o BTG tenham sido um tanto pessimistas. Mas o fato é que as leituras negativas geraram uma corrida de realização de lucros. Quem já estava ganhando 20%, 25% com a subida recente do banco decidiu vender para transformar a alta em dinheiro de verdade. Fizeram isso em bloco. E aí foi aquela bola de neve. O preço passou a cair rapidamente – e quanto mais o preço caía mais gente vendia, retroalimentando o processo.

A avalanche acabou levando praticamente todo o setor financeiro. O Santander terminou em queda de 4,73%, Itaú encerrou o pregão em -2,85%, Bradesco em -2,79% e Banco do Brasil caiu 2,15%.

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Para afundar mais ainda o buraco do Ibovespa, Brasília voltou a dar sinais de que a trégua entre o Executivo e o Legislativo está para acabar. Em uma entrevista coletiva, Rodrigo Maia acusou a base governista de obstruir as sessões que discutiam as reformas. O presidente da Câmara também alertou que, desse jeito, as votações para a  PEC Emergencial e para o Orçamento do ano que vem devem sair só lá para março de 2021. Ou seja: praticamente garantiu mais cinco meses de bagunça na economia.   

Lá fora, a cantilena é a mesma de ontem. O aumento dos casos de coronavírus nos Estados Unidos e na Europa continuam a arrastar Wall Street. Piorou para o Dow Jones, após duas gigantes listadas no índice, 3M e Caterpillar, divulgarem balanços ruins. Com isso, o Dow terminou em queda de 0,80%, seguido pelo S&P 500, que caiu 0,30%. Só se safou o Índice Nasdaq, com uma subidinha de 0,64% na espreita da divulgação dos balanços das empresas de tecnologia. Mas ninguém garante que elas também não possam virar abóbora logo mais. A ver. 

Maiores altas

Cosan: +2,81%

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Localiza: + 2,67%

Gerdau: +2,38%

Gol: + 2,33%

Raia Drogasil: +1,99%

Maiores baixas

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Embraer: -6,25%

Santander: -4,73%

B3: -4,05%

Cogna: -3,75%

Via Varejo: -3,72%

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Dólar: alta de 1,43% , a R$ 5,70

Petróleo

Brent: alta de 1,96%, a US$ 41,61

WTI: alta de 2,62%, a US$ 39,57

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