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Ibov repete 100 mil pontos, mas a Faria Lima não tem motivos para festa

Para empatar com o fechamento de 2019, a bolsa ainda precisa subir 15%. E o noticiário não tem ajudado o investidor nessa escalada.

Por Luciana Lima e Tássia Kastner
Atualizado em 21 out 2020, 09h21 - Publicado em 20 out 2020, 18h25

Qual a semelhança entre o Natal e a festa dos 100k do Ibovespa? Ambos acontecem de tempos em tempos, a gente até fica feliz, mas dá aquela deprê encontrar (de novo) aquele tio chato fazendo a piada do pavê. 

Pois é,  hoje foi mais um dia da celebração que já entrou no calendário oficial do Ibov e da Faria Lima, o coração financeiro do país. Depois de amargar semanas em baixa, pela primeira vez desde o dia 18 de setembro, a bolsa encerrou o pregão acima da marca lendária dos 100 mil pontos. Para sermos mais precisos, o índice terminou a sessão em uma alta de +1,91%, a 100.539,83 pontos. 

O Papai Noel da vez foram os bancos, que subiram em bloco na sessão de hoje. Terminaram lá no alto: Bradesco (+4,32%), Itaú (+3,98%), Santander (+3,78%) e Banco do Brasil (+4,61%).

O otimismo com os banqueiros se dá por alguns motivos.  O primeiro deles é o fato de que na semana passada bancões americanos, como Goldman Sachs e J.P. Morgan, divulgaram seus balanços do terceiro trimestre de 2020 – e o resultado superou as previsões para esse ano horroroso.  Bom, aí se lá fora os grandes tiveram um desempenho tão bom, por que mesmo aqui no Brasil seria diferente?

O segundo é que, no domingo, analistas do Credit Suisse publicaram um relatório afirmando que o pior passou para o setor financeiro e que o cenário dos próximos meses será mais otimista que o desenhado anteriormente. As receitas com crédito continuam magras, já que as instituições reforçaram as linhas mais baratas e mais seguras, como o financiamento imobiliário e o consignado. Em compensação, o calote não disparou, o que deixa todo mundo mais tranquilo.

Foi o suficiente para, desde ontem, os investidores irem às compras atrás dos papéis dos bancões, que estavam uma pechincha. Pechincha, claro, porque o mercado achava, até sexta, que o pior ainda não tinha passado. Aquela coisa de humores do investidor.

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Para além do empurrão do setor financeiro, o clima era de otimismo geral. Lá fora, ajudou a promessa de que o pacote de auxílio fiscal do governo americano deve, enfim, sair do papel. 

Isso porque hoje encerra-se o prazo dado pela democrata Nancy Pelosi (o nosso Rodrigo Maia), para que o pacote seja votado no Congresso americano antes das eleições, em 03 de novembro. Ontem, após Pelosi conversar durante quase 1 hora com Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, uma porta-voz da democrata foi ao Twitter dizer que havia “esperança” de que até o final desta terça-feira o pacote fosse aprovado.  

Esperança essa que foi reafirmada pela própria Pelosi em entrevista à Bloomberg no meio da tarde de hoje. As falas otimistas, depois de tanta treta para abrir o cofre, deram um gás nas bolsas americanas, que passaram o dia em alta. No final da sessão e sem a resposta que o mercado queria ouvir, Wall Street tirou o pé do acelerador, mas ainda terminou no positivo: Dow Jones em +0,40% a 28.308,69 pontos; S&P 500 em + 0,47% a 3.443,15 pts e Nasdaq em +0,33% a 11.516,49 pontos. 

Por aqui, os investidores também se fiaram em promessas para manter o otimismo. Essas vieram, dessa vez, do ministro Paulo Guedes. Em um debate realizado para investidores americanos, ele afirmou aquilo que o mercado adora ouvir: que o teto de gastos será respeitado e que as reformas estão de novo na agenda do governo. 

No evento, realizado de forma remota pelo Instituto de pesquisas americano, Milken Institute, Guedes chegou a falar até em IPO da Caixa Econômica Federal, além de reiterar que não será demitido nos próximos meses. 

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Se tudo parece como o início da festa, ninguém bebeu demais e tá na hora de trocar os presentes ao redor da árvore, por que mesmo que essa nova comemoração dos 100 mil pontos lembra  a piada do tio chato?

Porque 100 mil pontos a gente tinha há um mês. E em 30 de dezembro do ano passado, o Ibov estava em 115.645 pontos. Para realmente a festa ficar completa, precisa pelo menos empatar, né? O problema é que, para isso, o índice ainda tem que subir 15%.

E nada indica que isso vá acontecer rapidamente. Afinal de contas, o mercado vive de expectativa e frustração. Os bancos podem voltar a ser patinho feio, o acordo da Pelosi pode naufragar, o teto de gastos pode voltar a perder sustentação e, bem, o Ibov se distanciar dos 100 mil pontos.  Desculpa, a gente não pretendia ser o tio do pavê dessa festa. E nem foi engraçado.

Maiores altas

Ezectec: +5.89%

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BTG Pactual: +5,53%

CSN:  +5.18%

Banco do Brasil: +4,61%. 

Localiza: +4,52%

Maiores baixas

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Totvs: -1.07%

Rumo S/A: – 1,02% 

Gol: -0,95%

Azul: -0,94%

Cosan: -0,80%

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Dólar: +0,18%, a R$ 5,6133.

Petróleo:

Brent: +0.40%, a US$ 42,79

WTI: +1.54%, a US$ 41.46

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