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Horizonte com juros baixos a perder de vista traz alívio à bolsa

Relatório Trimestral de Inflação do BC vem otimista, alimenta altas de bancos, e puxam o Ibovespa aos 97 mil pontos.

Por Monique Lima, Alexandre Versignassi
Atualizado em 9 out 2020, 16h19 - Publicado em 24 set 2020, 18h25
 (AngiePhotos/Getty Images)
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“Só para os fortes”. Esse deveria ser o novo slogan da B3, se a gente levar em conta as oscilações dos últimos dias. Hoje não foi diferente, embora o Ibovespa tenha subido 1,33%, fechando em 97.012 pontos. 

O dia começou na sombra do saldo negativo de quarta-feira, mas logo melhorou com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) pelo Banco Central. Tá certo que não apresentaram nenhuma novidade bombástica, apenas reiteraram pontos que já tinham sido anunciados: que a inflação não deve sair de controle tão cedo – com projeção de 2,1% para 2020 e 2,6% para 2021 –, e que, por conta disso, os juros poderão permanecer baixos por um bom período, com a Selic em 2%. 

O mercado entendeu o relatório como algo positivo para os bancos. Com juros baixos, o número de financiamentos tende a crescer. E quanto mais financiamentos, mais dinheiro para os bancos. Bom, sempre vale lembrar daquela tradição tão brasileira quanto a feijoada e a caipirinha: os spreads bancários hipertrofiados. Só nos empréstimos imobiliários, os mais seguros que existem, pois já nascem com garantia, os bancos pagam 2% de juros pelo dinheiro que pegam emprestado do BC e cobram 7% (ou mais) na hora de emprestar. Como o spread segue camarada (para os acionistas dos bancos), Selic em baixa é bom negócio para o setor. 

E o mercado foi às compras das ações bancárias: Santander (2,73%), Itaú (2,45%), Bradesco (1,90%) e BTG Pactual (1,29%) decolaram. Instituições menores também seguiram a onda, caso do Banco Pan (2,50%), do Banrisul (2,59%) e do Inter (2,22%). 

E as movimentações dos juros baixos não acabaram por aí, não. Um relatório do Bradesco BBI relacionou a manutenção dos juros baixos ao aumento do número de investidores pessoa física na bolsa. Isso é tão brilhante quanto relacionar a rotação da Terra ao fato de haver dias e noites (tanto que é assunto da nossa reportagem de capa mais recente). Mesmo assim, relatório de banco grande é relatório de banco grande, e ele deu um impulso nas ações da empresa que mais ganha com a chegada de novos investidores no mercado: a própria bolsa. Os papéis da B3 fecharam em 5,51%. 

O Ibovespa também contou com uma mãozinha da IRB Brasil. A resseguradora, que já tinha subido bem ontem graças ao bom faturamento de julho, viu o preço de  suas ações crescer mais 12,38% hoje. 

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No meio do dia, o índice já tinha recuperado os 96 mil pontos com alta acima de 1%. Mas o fôlego veio mesmo quando o povo de Wall Street resolveu reverter em parte o mau humor dos últimos dias. 

Hoje rolou uma bateria de depoimentos dos representantes do Fed de vários Estados (o BC americano tem várias sedes espalhadas pelo país). A maior parte deles manteve o discurso de que a economia dos EUA está se recuperando, porém, para alcançar os níveis anteriores à pandemia, o consenso é o que vai levar tempo. Passou longe do que o mercado gostaria de ouvir, mas, mesmo assim, as bolsas voltaram ligeiramente para o positivo. 

A explicação é simples. Os investidores miraram nas ações de tecnologia, um porto-seguro em meio à crise que derrubou grande parte dos outros setores, e cujas ações já tinham caído bem nas últimas semanas – abrindo oportunidades de compra a preços não muito exorbitantes. Resultado: a Nasdaq liderou os ganhos e fechou em 0,37%, trazendo consigo o S&P 500 que avançou 0,3%. 

Foi só um leve consolo, de qualquer forma. Os números de pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA, divulgados hoje, subiu para 870 mil, enquanto a mediana de chutes dos especialistas apontava para 840 mil. As negociações no Congresso norte-americano para saber sobre os novos estímulos fiscais que serão concedidos também estão na mira da galera da bolsa, mas, com a proximidade das eleições, um acordo entre democratas e republicanos não parece nada viável.

E ainda tem o medo da segunda onda do coronavírus, que faz os investidores reviverem aqueles dias de terror de março em suas memórias, e freia os mercados – seja lá fora, seja aqui. Tudo certo, hoje. E nada resolvido.   

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MAIORES ALTAS 

IRB Brasil: 12,38%

B3: 5,51%

Qualicorp: 4,96%

Petrorio: 4,73%

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CVC: 4,65%

 

MAIORES BAIXAS 

Companhia Siderúrgica Nacional: −1,80%

Localiza: −1,66%

Minerva: −1,54%

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Suzano: −1,35%

Usiminas: −1,05%

 

Dólar: -1,37%, a R$ 5,51 

 

Petróleo

Brent: 0,41%, a US$ 41,94 o barril

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WTI: 0,95%, a US$ 40,31 o barril

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