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Fique de bem com o dinheiro com as dicas deste livro

Na obra, Jesse Mecham compartilha a técnica YNAB (Você Precisa de um Orçamento) depois de anos de aplicação e aperfeiçoamento do método para empresas.

Por Monique Lima
16 nov 2020, 08h14

No início de 2003, Jesse Mecham era recém-casado, universitário e passava por apertos financeiros. Com recursos escassos e contas que não paravam de chegar, ele e a mulher, Julie, criaram uma metodologia de controle com quatro premissas básicas: destinar os gastos, honrar despesas fixas, aprender a lidar com surpresas e só usar dinheiro economizado.

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Durante o mestrado em contabilidade e negócios na Universidade de Brigham Young, Jesse foi além e desenvolveu um software baseado no sistema. A tecnologia, batizada de YNAB (You Need a Budge ou Você Precisa de um Orçamento, em tradução do inglês), é vendida hoje a companhias americanas que desejam eliminar o estresse financeiro dos profissionais em casa para melhorar a produtividade deles no trabalho. No livro Nunca Mais Fique Sem Dinheiro, o autor compartilha o aprendizado que acumulou em 16 anos de aplicação do método.

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No trecho a seguir, selecionado com exclusividade por VOCÊ S/A, ele mostra como evitar a autossabotagem no orçamento.

TRECHO DO LIVRO 

Capítulo 9: Quando estiver com vontade de desistir

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Há algo importante que você precisa saber sobre mim: eu amo rosquinhas.

Amo tanto que quase desisti de fazer orçamento por causa delas.

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O quê? Foi um momento de fraqueza.

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Mencionei antes que, quando Julie e eu começamos a fazer orçamentos, as coisas estavam bem apertadas. Estudante em tempo integral. Serviço de assistência social frequente. Passagens de ônibus. Viver em um porão. Especialista em cupons de desconto. Era desafiador, mas estávamos tão determinados a não contrair dívidas e poupar para os nossos futuros filhos que não demos a nós nenhuma outra escolha a não ser fazer aquilo funcionar. Cada decisão de gasto era planejada obsessivamente. Não havia lugar para nada além das nossas necessidades básicas e obrigações.

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Isso funcionou bem por alguns meses. Então, um dia, durante a minha caminhada para a sala de aula, passei por uma padaria que faz rosquinhas excelentes. Lembro-me de ficar encarando uma belezinha com cobertura de chocolate no display, sentindo uma vontade louca de comê-la. Mas eu não podia pagar por ela. Nosso orçamento para qualquer tipo de comida fora de casa era zero. Essa rosquinha custava 50 centavos e eu não tinha o dinheiro. Era tão triste.

Eu havia me sentido da mesma maneira algumas semanas antes, quando perdi a hora do jantar por ter ficado até tarde estudando na biblioteca. Lembro-me de passar pelas máquinas de venda em que um cookie custava $1. Eu não tinha o dinheiro e lembro-me de pensar: “Bem, hoje à noite não vou comer nada. ” Sei que isso era ridículo até naquela época. Um orçamento não deve fazer com que você pense que comer não é uma opção.

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Consegui superar a questão do jantar, mas a rosquinha acabou comigo.

Eu me esforcei muito para não mencionar nada a Julie por um tempo. Fazer o orçamento tinha sido ideia minha e, ainda assim, ela era bem melhor em ser econômica do que eu. Mas eu sentia que não conseguiria seguir em frente. Não havia um espaço para tomar fôlego. Parecia que uma compra não planejada faria com que todo o orçamento implodisse.

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Acabei contando a Julie e ela estava na mesma situação que eu. Aparentemente, minha esposa quase chorou quando não pôde comprar um croissant uma semana antes. (Nosso amor por pães e doces de padaria é o que nos une.)

Foi então que decidimos orçar aqueles $5 de dinheiro de diversão sobre o qual já falei. Era muito pouco, mas também era tudo de que precisávamos para afrouxar o sentimento de que o nosso orçamento iria colapsar com um único movimento. Além disso, olhando por outro lado, $5 eram dez rosquinhas por mês. Nunca cheguei a tanto, mas só de saber que eu podia… ah, a liberdade.

Você vai querer parar de fazer orçamentos. Seja se desesperando por algo tão pequeno quanto uma rosquinha ou tão grandioso quanto uma despesa inesperada, vai acontecer em algum momento. O dinheiro vai parecer impossivelmente curto. As contas vão parecer além do seu controle. Acompanhar cada transação vai parecer um exercício de futilidade.

Seja gentil consigo mesmo (e com o seu parceiro). Estabeleça objetivos realistas e avance na direção deles devagar.

Estou finalizando este livro com um capítulo sobre desistir porque essa é uma parte bem normal no processo de fazer orçamentos. A tentação de deixar tudo para trás vai surgir, mas, se você leu até aqui e está se preparando para ler este capítulo, aposto que não quer parar de fazer orçamentos. Talvez só esteja achando muito difícil. A rosquinha de chocolate o está encarando de volta e você está morrendo de vontade de encontrar uma maneira de ontor-la. (Desculpe, mas isso foi só comigo?)

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Descobri que quando a maioria de nós quer desistir é porque acabamos caindo em comportamentos de autossabotagem que, na verdade, são bastante simples de corrigir. Tudo que você precisa fazer é uma pequena investigação para entender por que o seu orçamento não está funcionando para você.

A falha perfeita do orçamento

A maior parte das nossas razões para querer abandonar o orçamento vem de um problema central: a perfeição. Quando sentimos que estamos falhando, muitas vezes é porque estamos nos esforçando demais para ter um orçamento perfeito.

A perfeição gosta de usar disfarces, mas está na raiz de quase toda armadilha no orçamento. É um golpe que você dá em si mesmo — o que, na verdade, é uma coisa boa (embora não pareça). Ao estar consciente dos comportamentos que acabam com as suas chances de ser bem-sucedido, você pode fazer algo para ontorna-los.

Para começar, tome cuidado com a noção comum de que o orçamento é binário. Tendemos a cair na cilada de ver o nosso orçamento como preto ou branco: falha ou sucesso. Isso não é a realidade. Contanto que você esteja orçando, está sendo bem-sucedido. Faça o que for preciso para se lembrar disso (acrescente essa frase ao seu outro mantra: “Dever não é uma opção”). Prometo que será libertador.

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Então observe os comportamentos orçamentários que ficam espreitando. Eles são maneiras com as quais tentamos forçar aquela perfeição elusiva, em geral sem nem mesmo notar. Se ver a si mesmo se comportando de alguma dessas formas, saiba que pode facilmente se livrar disso. De fato, a solução é a mesma: repense no que pode ser feito para tornar as coisas mais fáceis para você. Sério.

Tendemos a cair na cilada de ver nosso orçamento como preto ou branco: falha ou sucesso. Isso não é a realidade. Contanto que você esteja orçando, está sendo bem-sucedido.

Não dar a si mesmo espaço para tomar fôlego. Também conhecido como o incidente da rosquinha. Esse é um dos comportamentos mais comuns que faz as pessoas terem vontade de desistir. Faz sentido limitar os gastos quando o dinheiro está apertado, mas só até certo ponto. Se você não tiver ao menos um pouco de flexibilidade, uma hora tudo vai acabar entrando em colapso (sua sanidade, seu orçamento, sua determinação…).

(…)

Não importa o quanto as coisas pareçam apertadas, deixe espaço para a sua rosquinha metafórica. Tenha um ajudante ao seu lado no caso de precisar de um pequeno auxílio. Apenas algum dinheiro por mês pode salvá-lo do sentimento de que tudo vai desabar.

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Estabelecer objetivos de gastos irreais. Isso é bem comum quando você começa a fazer orçamentos, sobretudo porque não tem os dados que precisa para estabelecer objetivos de gastos reais. Se você nunca acompanhou o quanto gasta nas compras do supermercado, como pode saber se aqueles 300 dólares que separou para isso estão perto da realidade? Pode parecer um valor razoável, mas se você gasta 800 dólares em um mês normal, vai levar tempo e disciplina para chegar lá. Talvez o seu objetivo real não seja de 300 dólares, e vai ficar frustrado ao tentar alcançar isso todo mês, quando 450 dólares seria um valor apropriado para a sua família.

Querer assumir mudanças rápidas. Talvez você tenha percebido que gasta 800 dólares por mês nas compras do supermercado. Que bom! Agora está trabalhando com números reais. Mas o problema aumenta quando você jura que vai passar a gastar 300 dólares a partir de hoje. É um ótimo objetivo, mas você não pode esperar que o seu comportamento mude do dia para a noite — especialmente com uma diferença tão grande. A mesma coisa vale para o seu parceiro se você não estiver orçando sozinho. Mesmo que alcance o seu objetivo uma vez ou duas, mudanças significativas levam tempo. Seja gentil consigo mesmo (e com o seu parceiro). Estabeleça objetivos realistas e avance na direção deles devagar.

Esse conselho vale mesmo que você não tenha todo o dinheiro para cobrir as suas despesas. Se este for o caso, sim, aperte os gastos da forma mais razoável que conseguir, mas perceba também que mudar apenas o seu comportamento financeiro — por mais que isso aconteça rápido — não vai resolver o problema. Se há uma diferença entre os seus ganhos e as suas despesas, você precisa encontrar maneiras de ganhar mais dinheiro. Há muitas histórias por todo este livro sobre como outras pessoas conseguiram fazer isso. Você com certeza se sentirá sobrecarregado se colocar todo o foco em atingir objetivos de gastos irreais da noite para o dia. É melhor usar uma combinação de gastos inteligentes e ganhos.

(Harper Collins/Você S/A)

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