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Xis Farmácia: conheça a startup que entrega medicamentos em até 30 minutos

Especializada em delivery de medicamentos, a empresa usa lojas físicas como hubs de distribuição e faz 80% de suas entregas em menos de 30 minutos. 60% das vendas acontecem pelo canal digital.

Por Paulo César Teixeira | Design: Cristielle Luise | Fotos: Carlos Pedretti
10 nov 2023, 06h04

De uns tempos para cá, um fenômeno acontece nas capitais brasileiras: piscou o olho, abriu uma farmácia nova. O campo digital, no entanto, ainda é pouco explorado pelo varejo farmacêutico. Mas uma startup que junta inovação e expertise em logística vem conseguindo preencher essa lacuna. É a Xis Farmácia.

O modelo do negócio ali está baseado no tripé tecnologia, conveniência e preço. Dentro de um ano, ela vem registrando uma taxa de crescimento médio de 25% ao mês, com mais de 6 mil entregas mensais pelo canal digital. Ponto relevante: o cliente não paga nada para receber o medicamento em casa.

Mas o diferencial competitivo talvez não seja esse, e sim o tempo necessário para que o produto esteja nas mãos do consumidor: em 80% dos casos, a operação se completa em até meia hora, sendo que o tempo médio das entregas é de 24 minutos. “Quase sempre, a hora de adquirir um medicamento representa um momento incômodo e, muitas vezes, de dor e ansiedade. É importante que a compra seja uma experiência ágil e agradável”, explica Guilherme Schmidt, CEO da Xis Farmácia.

A mágica para entregar o produto com rapidez é estar perto do cliente. Experiências anteriores na área de logística mostraram aos sócios da Xis Farmácia que a variável mais importante para equacionar os itens de custo e velocidade é a distância em que você se encontra do destino da mercadoria. Assim, eles estabeleceram um raio de 5 km em torno dos pontos físicos de venda – que operam também como centros de distribuição –, dentro do qual as entregas podem ser feitas em pouco tempo. “Em São Paulo, dependendo da região, podemos cobrir até 3 milhões de pessoas em torno de uma única farmácia. Naturalmente, a expansão do negócio estará sempre condicionada à abertura de novas lojas”, afirma.

Hoje, a Xis Farmácia conta com três postos de venda presencial – um em São Bernardo do Campo e dois em São Paulo. Schmidt acredita que, quando tiver meia dúzia de pontos físicos, será possível atender a maior parte da capital paulista com tempo médio de entrega inferior a uma hora.

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(Carlos Pedretti/VOCÊ S/A)

 

Jogos de erro e acerto

Engenheiro químico com especialização em finanças, Guilherme Schmidt sempre sonhou montar o próprio negócio. Antes de se arriscar no ramo farmacêutico, já acumulava um vasto currículo de tentativas na arte de empreender – nem sempre bem sucedidas. “Até os 35 anos, quase tudo que tentei deu errado”, admite.

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O CEO da Xis Farmácia tem 43 anos, a mesma idade do amigo e sócio Marlon Brumer, responsável pela coordenação da equipe de desenvolvedores do aplicativo. O xará Guilherme Yoshita, de 28 anos e engenheiro de produção, completa o trio no comando da empresa. Ele foi o primeiro funcionário da LogBee, empreendimento anterior de Schmidt e Brumer.

Das tentativas de Schimidt, a LogBee foi uma das mais exitosas. Criada em 2015, a plataforma tecnológica atuava no last mile, jargão logístico para a etapa final de entrega de uma mercadoria.

A cereja do bolo da LogBee era entregar o produto no dia seguinte à aquisição. “Na época, atingir essa marca era fascinante. Hoje, falamos em completar o processo em apenas meia hora.” Entre os clientes, estavam marcas como Leroy Merlin e Magalu.

Esta última se sentiu tão bem atendida que decidiu comprar a LogBee em 2018. Com isso, o time inteiro da empresa se transferiu para a varejista. “Ficamos responsáveis pela operação de last mile da companhia, o que significou passar de um patamar de milhares para um de milhões de entregas por mês”, conta Schmidt, que se tornou diretor de Transportes da Magalu.

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(Carlos Pedretti/VOCÊ S/A)

Larga escala com espírito artesanal

A experiência como executivo numa grande empresa foi rica em aprendizado. Até que a vontade de empreender despertou mais uma vez. E em 2021 Schmidt saiu da Magalu, levando Brumer e Yoshita, para fundar a Xis Farmácia. A escolha pela área de atuação obedeceu a alguns pré-requisitos. O primeiro era trabalhar com um mercado de grande escala e, ao mesmo tempo, oferecer uma experiência com “espírito artesanal” ao consumidor.

A venda de medicamentos no varejo movimenta em torno de R$ 190 bilhões por ano no Brasil, de acordo com a IQVA, consultoria especializada no setor farmacêutico. Um dado curioso é que existem mais farmácias no Brasil do que nos Estados Unidos, embora a população deles seja 60% maior do que a nossa. Tanto lá como aqui, a questão demográfica é um dos principais fatores de aceleração do segmento: o universo de clientes em potencial aumenta a cada dia com o envelhecimento da população.

Soma-se a isso o fato de a área ainda ser pouco afeita ao mundo digital. Setores como o financeiro e o imobiliário, por outro lado, contam com experiências digitais consolidadas – casos do Nubank e do Quinto Andar. Outros mercados, a exemplo de alimentação e produtos duráveis, deram um salto gigantesco das operações online durante a covid-19 e não arrefeceram no pós-pandemia.

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Quando prospectavam perspectivas de negócio, os sócios da Xis Farmácia observaram que os aplicativos usados pelas lojas de medicamentos pecavam por conta de formatos não muito amigáveis. Sem falar na demora e no custo elevado das entregas. “A gente via que [os apps] tinham a cara de cinco anos atrás, em muitos aspectos”, diz Schmidt. Não é de admirar que a penetração do e-commerce no ramo farmacêutico permaneça estagnada – em torno de 5% das vendas. A boa notícia é que existe um potencial enorme de expansão.

“O desafio era facilitar a compra de medicamentos dentro das normas de regulamentação, sem fazer com que o cliente tivesse de pagar mais pela entrega.”

Guilherme Schmidt, CEO da Xis Farmácia

Farmácia de bairro

Outra peculiaridade do varejo de medicamentos é a preservação de farmácias independentes, de pequeno e médio porte, apesar da presença expressiva de grandes redes no mercado. Não por acaso, a Xis Farmácia teve início com a aquisição da Drogaria Belamed, uma loja com ares de farmácia de bairro localizada na região central de São Bernardo do Campo. “Estava bem organizada e teve um custo adequado. Vimos como uma oportunidade de negócio, já que a melhor maneira de testar uma ideia é colocá-la em prática.”

A aquisição da Belamed ocorreu em agosto de 2021. Um ano depois, o empreendimento recebeu uma injeção de recursos da Viveo – ecossistema de distribuição de medicamentos e materiais médicos descartáveis que se tornou sócia minoritária da Xis Farmácia. O aporte financeiro (não revelado pela confidencialidade do contrato) permitiu a abertura de duas lojas físicas em São Paulo, nos bairros da Bela Vista e da Vila Madalena, possibilitando as entregas rápidas também na capital paulista.

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Inaugurada em junho de 2023, a unidade da Vila Madalena é a menina dos olhos de Schimidt. “É uma loja bem pensada, com 250 metros quadrados, onde adotamos a automatização do serviço de separação de produtos.” Sim, a farmácia tem um robô, que separa o pedido de cada cliente em menos de dez segundos – um ser humano precisa de pelo menos 40 segundos para cumprir a tarefa. A tecnologia também facilita o controle de estoque e dos prazos de validade.

Para atrair clientes, a loja da Vila Madalena tem serviços agregados. Entre eles, sala de vacinação e espaço de lazer e convívio, inclusive com um sofá para acomodar os habitués. Afora isso, são realizados eventos como palestras de profissionais da área de saúde, cursos de maquiagem e testes de produtos de beleza.

Além de servir como hubs de distribuição, as lojas físicas existem para tornar o app mais conhecido: 60% das vendas acontecem pelo canal digital – ante aqueles 5% da média do setor. No aplicativo, existe a possibilidade de tirar dúvidas com o farmacêutico responsável, via WhatsApp. E o envio da receita, no caso de remédios controlados, é online, claro.

Mais de 80% dos entregadores fazem parte do quadro de funcionários. A empresa só recorre a terceirizados apenas para a venda de artigos de beleza e higiene. “De um lado, precisamos de profissionais que façam parte do time por razões de segurança. De outro, necessitamos treiná-los adequadamente, já que grande parte do encantamento do serviço é a entrega bem-feita, diz Schmidt.

A expansão para outras regiões já está na mira. Mas antes disso a startup pretende consolidar a marca em São Paulo. “O objetivo é crescer a base de usuários sem abrir mão da qualidade.”

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