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Uma das maiores fritadoras de frango do mundo é capixaba

Nem Estados Unidos, nem Coreia do Sul. A rede de deliverys que entrega mais frango frito no planeta é do Espírito Santo. Conheça a história da ATW Delivery Brands, dona de marcas de “dark kitchens” como a Number One Chicken e a Brasileirinho.

Por Luana Franzão
Atualizado em 29 out 2024, 11h43 - Publicado em 29 out 2024, 08h00
A imagem mostra cinco pessoas em uma cozinha industrial, todas vestindo camisetas amarelas e toucas de proteção nos cabelos. Elas estão sorrindo e seguram embalagens de comida prontas para entrega, exibindo-as para a câmera. Atrás delas, é possível ver alguns equipamentos de cozinha, como fornos e prateleiras.
 (ATW Delivery/Divulgação)
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V

ocê sabe o que é uma “dark kitchen”? Não, não é a sua cozinha depois de a lâmpada ter queimado. É um modelo de restaurante focado apenas em entregar refeições direto na sua casa. Ao invés de mesas e garçons, as dark kitchens costumam ter filas de entregadores do lado de fora.

Esse formato vem ganhando força nos últimos anos, sobretudo depois da pandemia. Nessa época, muitos que ainda não tinham o hábito de pedir delivery, adquiriram.

O triunfo da ATW Delivery Brands vem daí: segundo um dos fundadores da empresa, Victor Abreu, ele e o sócio decidiram investir em fazer comida que desse certo no delivery antes de virar moda.

“Naquela época havia poucas opções de comida para entrega, só pizza e hambúrgueres. E tudo muito amador, sem embalagens próprias, só em caixinhas de isopor”, afirmou.

Especializar-se em fazer delivery bem feito foi o acerto dos fundadores

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A número um

A grande sacada que tiveram em 2015 foi tirar o delivery do segundo plano, e torná-lo protagonista da rede. A ideia era entender quais alimentos sobreviviam bem ao transporte e criar embalagens funcionais e bonitas para complementar.

A primeira cozinha fantasma apareceu em Vitória, a Number One Chicken. A marca de frangos fritos continua sendo o carro-chefe da empresa até hoje, mesmo depois da aquisição de outras redes: a Brasileirinho Delivery, O que quer comer, Fernando?, E meu doce? e Zé Coxinha.

São 200 toneladas de frango vendidas por mês, o equivalente a 1,7 milhões de frangos por ano, para atender a 300 mil pedidos mensais e 3,6 milhões de pedidos anuais

Contra as expectativas dos outros – mas não de Abreu –, os capixabas curtiram a ideia do frango frito. O segredo, para o CEO, está no tempero brasileiro. Os fundadores fritaram frango “de tudo quanto é jeito” antes de chegar no sabor e na casquinha que acharam ideais. As redes mais famosas e internacionais focam no gosto de outros países, como EUA e Coreia do Sul. A Number One, apesar do nome gringo, quis apostar no tempero dos franguinhos fritos de bar por aqui.

Hoje são 200 toneladas de frango vendidas por mês, o equivalente a 1,7 milhões de frangos por ano, para atender a 300 mil pedidos mensais e 3,6 milhões de pedidos anuais.

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Os ovos de ouro

A sacada do milhão das dark kitchens é ter produtos a venda que atendam a demanda de todos os períodos do dia.

Abreu explica que cada marca da rede tem seu pico de vendas: a Brasileirinho, que entrega refeições estilo Prato Feito, bomba na hora do almoço. À tarde, marcas de salgados como Zé Coxinha, e de doces, como E meu doce?, atendem os chamados para o lanchinho. No jantar, a demanda fica por conta da Number One.

Dessa forma, a cozinha não para, nem o caixa.

A imagem mostra a fachada de um prédio comercial com a marca
(ATW Delivery/Divulgação)

Cozinha fantasma vs. restaurante com salão

A primeira e óbvia razão para abrir uma dark kitchen e não um restaurante é o custo menor.

Sem a necessidade de contratar serventes, ou gastar com itens de decoração, louça, vidraria, talheres e tudo mais, tudo fica mais barato.

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Victor Abreu também destaca o endereço: um restaurante, para fazer sucesso, muitas vezes têm que se instalar em áreas mais badaladas da cidade. Uma cozinha fantasma pode gozar de alugueis mais baratos, uma vez que a frequência não depende da circulação nas ruas.

A produção também é pensada para otimizar os insumos, sendo a maior parte deles não perecível.

Daqui pra frente

150 cidades não são o suficiente para Abreu. Para o CEO, ainda tem para onde crescer. Logística e estratégia estão no cerne do planejamento quando falamos em delivery.

“A gente sabe o caminho que a gente quer percorrer. A tendência é que aqueles que conseguirem manter o menor tempo de entrega, com a menor taxa, são que vão crescer. A gente acredita que com mais lojas e um menor raio de entrega, a gente consegue ter uma eficiência maior. Como temos uma cozinha que pode abrigar até 15, 20 marcas, podemos ter um raio de entrega menor e ainda lucrar”, diz Vitor.

Ficou entendido? Um exemplo. Alguém que gerencia uma pizzaria precisa atender uma região maior para ter mais ganhos, uma vez que não tem uma variedade de produtos que atraia diferentes clientes – precisa aumentar o raio de entrega para aumentar as chances de vender. Um restaurante com mais marcas e lojas pode ganhar na quantidade de opções, e por isso, precisa alcançar menos endereços para vender.

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Para quem está começando ou quer começar

Abreu deixa o recado: não subestime o custo das plataformas. Segundo ele, muitos empreendedores começando no delivery não incluem todos os possíveis gastos nas contas – vão precificando sem contabilizar as pequenas despesas que podem aparecer, como o custo de ativar um cupom de desconto no aplicativo para o seu restaurante, por exemplo. Ou qual o verdadeiro preço de uma entrega.

“Converso com muitos empreendedores que não conseguem fechar o mês com a conta positiva, mas têm um nível de entregas alto. Falta contar o custo do entregador, o custo da plataforma de vendas, seja iFood, Rappi ou qualquer outra.”

No fim da conversa com a Você S/A, Abreu disse que sua vontade é comprar mais marcas e continuar a expansão. Da próxima vez que você ver uma porta cheia de motos, mas sem clientes, saiba que pode ter muito frango sendo frito lá dentro.

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