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Veja o que é preciso para ter uma atitude empreendedora

Larry C. Farrell ensina em seu novo livro, Atitude Empreendedora, o que é preciso para abrir seu próprio negócio

Por Redação
Atualizado em 17 out 2024, 12h28 - Publicado em 28 jan 2020, 15h00
 (foto/Thinkstock)
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O sonho de ser dono do próprio negócio é forte entre os brasileiros. Segundo uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em 2018, pouco mais de um terço (38%) dos brasileiros possui um empreendimento ou tem planos de abrir um negócio.

O índice está acima de países como os Estados Unidos (20%) e a China (26,7%). Mas nem todos conseguem dar os primeiros passos para empreender — tampouco se manter firme após a largada. Em seu novo livro, Atitude Empreendedora, Larry C. Farrell, considerado um dos maiores gurus do empreendedorismo, ensina a vencer essas barreiras.

Formado na Harvard Business School e na Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia, Larry é presidente da The Farrell Company, líder mundial em pesquisa e ensino de empreendedorismo. Neste capítulo inédito selecionado por VOCÊ S/A­, o autor apresenta os três requisitos essenciais para tirar as ideias de negócio do papel.

Trecho do livro

Veja o que é preciso para ter uma atitude empreendedoraVeja o que é preciso para ter uma atitude empreendedoraCapítulo 5 – O QUE É REALMENTE NECESSÁRIO

Os três requisitos

“Gerenciar é a parte fácil. O difícil é inventar o próximo grande produto do mundo.” Steve Jobs, fundador da Apple Computer, da NeXT Inc. e da Pixar.

Estudantes do ensino médio sonhando em ter a própria empresa, profissionais de mentalidade inovadora que acabaram de concluir o MBA buscando seu primeiro bilhão, pessoas com um desejo ardente de melhorar o mundo — sejam todos bem-vindos ao novo e melhorado mundo da oportunidade empreendedora.

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Se o caminho a seguir é adquirir a atitude empreendedora, o que falta para começar? A citação de Steve Jobs no início da seção é uma boa advertência de que a sabedoria convencional, como quase sempre, está equivocada. Como este livro enfatiza repetidamente, o mais importante é saber como fazer ou como disponibilizar alguma coisa de que o mundo necessita. Depois disso, tudo é bem simples, questão de bom senso. (…)

Há apenas mais três coisas que é preciso garantir. E elas são:

Um pouco de dinheiro

O dinheiro pode provocar as piores angústias nas pessoas. Muitos candidatos a empreendedores são particularmente afetados por isso. Alguns nunca vão além do primeiro passo porque não conseguem se imaginar levantando o montante necessário para começar o próprio negócio. Para tornar isso ainda mais intimidador, o exagero das histórias envolvendo lançamento de ações e jovens bilionários do Vale do Silício inflou desproporcionalmente a percepção pública dos requisitos financeiros para abrir uma startup. Mas uma dose de realidade pode reverter esse quadro.

Nossa pesquisa demonstra que o custo médio de iniciar um negócio nos Estados Unidos é hoje de cerca de 15 000 dólares. É provável que seja um pouco mais em algumas economias de alto custo e significativamente menos em todas as economias de baixo custo. No geral, é um negócio bastante bom quando se considera o relativo custo econômico ou social de algumas outras formas em que as pessoas podem usar seu tempo — ou dinheiro.

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• Custo médio para abrir um ne­gócio: 15 000 dólares.

• Um ano de benefícios sociais: ­
30 000 dólares.

• Um ano na Universidade Harvard: 50 000 dólares.

• Um ano na prisão: 75 000 dólares.

O que salta aos olhos nessa lista é que o financiamento de novos negócios empreendedores é uma pechincha. Sem dúvida políticos e governos em toda parte aprenderam que apoiar novos empreendedores é praticamente o melhor investimento econômico que podem fazer.

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Por exemplo, o governo pode financiar dois pequenos negócios pelo custo de dar assistência social a uma família durante um ano; pode financiar três empresas pelo custo de uma bolsa de um ano numa universidade de elite; e pode, por incrível que pareça, financiar cinco startups pelo custo de manter um criminoso na prisão durante um ano.

Loucas comparações à parte, não se pode ignorar a questão. Na média, o custo de iniciar um negócio próprio é modesto. E, é claro, a maneira esperta de fazer isso é não largar seu “emprego fixo” enquanto não estiver pronto.

Mesmo concordando que na média não se trata de uma quantia grande, você provavelmente terá de entrar com algum dinheiro para abrir sua startup. Onde vai arranjar 15 000 dólares? Segundo uma pesquisa feita pela revista Inc., as fontes de financiamento de startups usadas por empreendedores americanos se distribuem assim:

 economias pessoais: 73%;

 cartões de crédito: 27%;

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 empréstimos de amigos e de ­parentes: 14%;

• todas as outras fontes: 14%. (…)

A questão fundamental é que o capital inicial empreendedor não constitui um obstáculo para startups no mundo atual. Na verdade, há milhares de companhias famosas que começaram sem ajuda externa, com menos de 2 500 dólares, inclusive muitas cujo perfil é apresentado neste livro, como Sony, DHL, Virgin, Microsoft, Apple, Chiron e DryWash. 

Embora essas ótimas empresas não tenham precisado de muito dinheiro para começar, todas tiveram o ativo que é absolutamente essencial: o conhecimento necessário para criar um produto ou serviço do qual os clientes necessitavam e pelo qual estavam dispostos a pagar. Isso nos traz ao segundo requisito.

Um pouco de conhecimento

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O principal motivo para o fracasso de novos negócios não é falta de dinheiro. É mais básico do que isso. É, simplesmente, não ter introduzido um produto ou um serviço que alguém quisesse adquirir. Assim, você precisa aprender como fazer um produto ou prover um serviço de que o mundo precise e pelo qual vai pagar. E onde é que você vai aprender isso?

Um lugar onde não vai aprender isso é nas principais escolas de negócios do mundo. Ian MacMillan, o iconoclasta e inovador sul-africano, que chefia o prestigiado Centro de Pesquisa de Empreendedorismo de Wharton, desenvolveu o primeiro programa de estudos de empreendedorismo numa escola de negócios de primeira linha. (…)

Seu bem documentado argumento foi claro: os pós-graduados de departamentos não “relacionados a negócios” da universidade — ciências, engenharia, serviços médicos e mesmo artes e ciências humanas — tinham duas vezes mais probabilidade de se tornarem empreendedores e começarem um negócio do que os que faziam mestrado na escola de negócios. (…)

Então, se aprender teorias de gestão não ajuda, que tipo de educação seria útil? O fundamento essencial do empreendedorismo (e de toda empresa, aliás) é ser capaz de conceber um grande produto ou serviço. Na linha de pensamento de Jobs, gerenciar é coisa de criança comparado com ser capaz de criar uma ratoeira melhor.

A verdade pura e simples é que você tem de ficar muito versado numa coisa — muito bom em projetar e produzir algum produto ou serviço que satisfaça uma real necessidade do mercado. Pode ser simples ou complicado, de alta ou baixa tecnologia, mas você precisa se tornar um especialista naquilo. E onde pode aprender isso?

Apesar de não serem essenciais para toda possibilidade empreendedora, as faculdades de engenharia, ciência da computação, biotecnologia e mesmo artes podem ser lugares ótimos para começar. Certamente institutos técnicos e escolas profissionalizantes também são bons lugares para aprender como fazer algo — e de fato são viveiros para a criação de novos empreendedores.

E, é claro, não importa qual seja sua educação formal, sempre haverá o treinamento nas empresas, que é exatamente a fonte primordial de conhecimento do produto/serviço para a que é hoje a maior categoria de novos empreendedores: os milhões de refugiados das corporações que perderam seus meios de subsistência e voltaram-se para o empreendedorismo para prover suas famílias. (…)

Uma cultura voltada para o empreendedor

Além de adquirir os necessários um pouco de dinheiro e um pouco de conhecimento, os empreendedores ainda precisam lidar com a realidade em termos do ambiente no qual operam. É claro que você não pode mudar a macroeconomia vigente ou controlar o tecido político/social de seu país. Por exemplo, a Coreia do Norte e a Somália podem não ser atualmente o melhor lugar para abrir seu negócio. Mas você pode fazer muita coisa em relação ao ambiente no qual opta por trabalhar e à cultura que projeta para sua própria empresa.

Para começar, sua família e seus amigos podem ser fortes aliados em seu empreendimento. Obtenha o apoio deles de todas as formas que puder. Há outras e óbvias parcerias a cultivar e atividades nas quais se engajar: redes de empreendedores, seminários sobre como abrir um negócio, fontes de financiamento, consultores jurídicos e empreendedores que atuem como mentores. 

Além de todas essas possibilidades, o recurso isolado mais importante de todos pode ser o de indivíduos e organizações capazes de ajudá-lo a tornar-se um especialista em cliente/produto no campo que escolheu — o próximo Steve Jobs, ou Richard Branson, ou Jack Ma em seu setor. Participe de todo seminário, vá a toda conferência e feira de negócios e junte-se a toda associação profissional que encontrar — desde que relacionados ao campo cliente/produto de sua escolha.

Na verdade, o desafio mais difícil pode ser manter uma cultura voltada para o empreendedorismo em sua empresa depois de ela ter sido lançada e de começar a crescer. Lembra-se do temido ciclo de vida de todas as organizações? Sua startup não estará imune a isso. Aprender como evitar os perigos do ciclo de vida pode representar toda a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento. (…)

Afinal, o que você efetivamente precisa fazer para perseguir seu sonho de empreendedor? Sem dúvida deve aprender a aplicar as práticas dos grandes empreendedores do mundo, como já foi mencionado: senso de missão, visão cliente/produto, inovação em alta velocidade e comportamento automotivado. E depois, como ilustra este capítulo, vai precisar obter um pouco de dinheiro e um pouco de conhecimento e criar a cultura mais voltada para o em­preendedorismo que puder.

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